Marta Vieira
O nível de dependência do comércio de Minas Gerais com o exterior em relação ao desempenho das commodities é ainda mais desafiador. Capitaneado pelo minério de ferro, o grupo desses itens básicos mais importantes da pauta mineira de embarques entre janeiro e outubro foi responsável por quase 70% da receita total das exportações, de acordo com levantamento feito pela Exportaminas, instituição ligada à Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico. Na cesta, estão, além do ferro, café verde e torrado, açúcar de cana ou beterraba, soja em grãos, celulose, carnes bovina, de frango e porco, semimanufaturados de ferro e aço e laminados de aço.
“Há um tom de muito pessimismo com o comportamento do minério de ferro, mas quando saímos de um boom como o que foi observado não há nada de anormal nesse declínio. É possível que os preços do produto se estabilizem, embora num patamar inferior”, afirma. A tonelada do minério de ferro chegou a ser comercializada abaixo de US$ 80 neste ano, pouco menos da metade da cotação média de US$ 150 de outubro de 2011. A expectativa da coordenadora da Exportaminas é de que itens como a carne bovina, com movimento ascendente nas exportações, e o açúcar, que tem mantido posição no comércio de Minas com o exterior, ajudem a compensar parte da perda de receita proveniente do ferro.
Nos 10 primeiros meses deste ano, as exportações mineiras somaram US$ 25,002 bilhões, dos quais US$ 17,425 bilhões faturados pelas commodities. O avanço do agronegócio brasileiro no exterior, entretanto, é visto com cautela, em razão de problemas enfrentados pelos produtores diante da seca deste ano, que castiga as lavouras e afeta a safra de grãos, a exemplo do café, lembra Aline Veloso, coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg). “As expectativas são de crescimento das exportações, mas a questão é como teremos esse desempenho. Precisamos esperar o começo de 2015 para ter mais clareza nesse cenário”, afirma.