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Estado de Minas

Governo faz cortes que atingem trabalhador para acertar as contas

Ministro da Fazenda admite reduzir despesas com seguro-desemprego, abono, auxílio-doença e pensão por morte. Papel dos bancos oficiais na oferta de financiamentos também deve ser menor


postado em 08/11/2014 06:00 / atualizado em 08/11/2014 07:33

Garantido o segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, os esqueletos começam a sair do armário. Em entrevista nessa sexta-feira, em São Paulo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, que não estará no futuro estafe no ano que vem, admitiu que a União terá que reduzir despesas que estão crescendo como o seguro-desemprego, abono, auxílio-doença e pensão por morte para ajustar as contas do governo. Segundo ele, o gasto com essas rubricas representa algo em torno de R$ 160 bilhões por ano. “Nos próximo anos, precisamos que essas despesas estejam em declínio e temos também que recuperar as receitas”, afirmou.

Outra questão, também negada durante o período de campanha eleitoral, a redução do papel dos bancos públicos na política econômica, foi assumida por Mantega. Ele disse que os cortes de despesas em estudo pelo governo deve envolver a redução de subsídios financeiros. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi citado como um exemplo de onde poderia ocorrer cortes. O BNDES tem uma série de programas de financiamento com juros abaixo da Selic, incluindo a Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) e recebido injeções de recursos do Tesouro Nacional.

Para justificar a reviravolta, o ministro explicou que o papel dos bancos públicos no crédito é “fundamentalmente” anticíclico e lembrou que na fase mais aguda da crise financeira internacional, o crédito privado secou e foi preciso que os bancos públicos assumissem um protagonismo. Mantega ressaltou, no entanto, que espera que a partir de um novo ciclo de crescimento os bancos privados liberem mais crédito e os públicos não precisem ser tão ativos nessa área. Ele insistiu que não é uma estratégia do governo uma maior participação dos bancos públicos no crédito e sim uma questão de política anticíclica.

Os comentários do ministro ocorrem em um quadro de profunda deterioração das contas públicas, com déficit primário recorde em setembro. O governo precisa revisar sua meta de superávit primário para este ano e deve fazer o mesmo para 2015. Mesmo assim, serão necessários cortes de despesas para equilibrar as contas. Em sua apresentação, o ministro disse que o desafio agora é “fazer a transição para a economia pós-políticas anticíclicas”, em preparação para um novo ciclo de expansão da economia mundial e brasileira. “A estratégia macroeconômica para iniciarmos esse novo ciclo é um ajuste tanto da política fiscal quanto da política monetária”, disse.

REAÇÃO Em nota, o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, disse que causou perplexidade e estranheza as declarações do ministro sobre a redução de despesas como seguro-desemprego, abono e auxílio-doença. Para Torres, Mantega age como Robin Hood às avessas: “para fazer superávit primário, devido aos juros altos, quer retirar direitos dos trabalhadores e oferece benefício aos especuladores”.

De acordo com a nota, a Força Sindical considera inadmissível que o ministro da Fazenda, em fase de despedida do governo, queira fazer os trabalhadores pagarem a conta de políticas econômicas equivocadas, que sempre visam privilegiar os especuladores em detrimento da produção e do emprego. “Vale ressaltar que temos a triste marca de sermos campeões mundiais de juros, que passamos por um processo de desindustrialização, registramos uma expressiva queda no nível de atividade econômica, estamos presenciando a inflação voltar com força e teremos um PIB anêmico em 2014.”


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