São Paulo, 07 - O ex-diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI) Vito Tanzi afirmou nesta sexta-feira, 7, que "há claros e crescentes sinais" de que o governo, nos últimos quatro anos, adotou uma política fiscal sombra - uma tradução livre do conceito "shadow fiscal policy".
Em resumo, trata-se do uso de gestão das contas públicas de forma pouco transparente, a exemplo do que aconteceu com a estrutura "shadow banking", uma das razões da implosão dos bancos de investimento nos EUA em 2008. "Isto está ocorrendo sim, no Brasil. Veja o que acontece em algumas áreas, como no caso da Petrobras", afirmou Tanzi em palestra, ao ser questionado pelo
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, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.
"A política fiscal transparente é aquela que administra despesas e receitas de acordo com o previsto no Orçamento", comentou Tanzi. Segundo ele, a gestão das despesas e a arrecadação do governo, que inspiram muitas dúvidas nos agentes econômicos, tendem a trazer impactos negativos sobre os investimentos do setor privado.
"Não podemos ser puristas sobre a gestão fiscal", destacou, sugerindo que ações discricionárias do Poder Executivo normalmente ocorrem nesta área. "Contudo, se eu pudesse recomendar algo ao governo, seria o seguinte: evite ao máximo a política fiscal sombra", afirmou, olhando para o Secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Marcio Holland. Os dois participam de evento realizado pela FGV Projetos, em São Paulo.