(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Vendedores tentam não repassar inflação aos preços para manter clientela

A inflação chegou às barracas dos vendedores formais e informais. Cachorro-quente e água mineral e até balas têm reajustes significativos. Mas as vendas despencaram


postado em 08/09/2014 06:00 / atualizado em 08/09/2014 07:52

"Na Copa do Mundo, pensamos em fazer um pequeno aumento no preço, porém, muitos estrangeiros, como os argentinos e colombianos, já reclamavam de pagar R$ 5". Manoel Messias Pinto, ambulante (foto: Beto Novaes/EM/D.A Press)
Enquanto alguns ambulantes conseguem aumentar, ainda que pouco, os valores de seus produtos, outros estão entre a cruz e a espada nesse tempo de inflação. Pagando caro aos distribuidores e tendo prejuízos no faturamento, esses vendedores, tradicionais na cidade, registrados ou não na prefeitura, não querem subir o preço das suas mercadorias com medo de perder para a concorrência. Eles esperam que, depois das eleições, as vendas melhorem e os consumidores abram mais a carteira.

Um grande exemplo dessa esperança está no coco vendido na Praça do Papa, ponto turístico de Belo Horizonte na Região Centro-Sul. Há sete anos ali, com uma barraca que, além da fruta, tem água mineral, refrigerante e pipoca, Manoel Messias Pinto já contabiliza o prejuízo, mas não tem coragem de aumentar seus valores. Faturando até R$ 8 mil por mês, Manoel diz que, há dois anos, mantém o preço de R$ 5 por coco e, este ano, teve que apertar o cinto para não reajustar. “Em 2012, a unidade custava R$ 4”, recorda-se. O grande problema, segundo ele, é que os distribuidores, atualmente, aumentaram
R$ 0,50 no preço da unidade. “Para o fim de semana, compro cerca de 700 cocos e, durante a semana, 300. Na Copa do Mundo, pensamos em fazer um pequeno aumento no preço, porém, muitos estrangeiros, como os argentinos e colombianos, já reclamavam de pagar R$ 5 e, por isso, mantivemos. Agora está difícil e vai chegar a hora que não vamos ter como segurar”, prevê.

Jean Gonçalves, um dos distribuidores de coco em Belo Horizonte, diz que esse aperto do qual reclama Manoel tem explicações não só para a alta dos alimentos. Ele conta que, há um ano, vendia a unidade da fruta aos comerciantes a R$ 1,10 e hoje passou para R$ 1,60. “O que está pesando para nós é o combustível. Antes, o frete de um caminhão com a carga da fruta custava R$ 1,2 mil, hoje estamos pagando pelo mesmo frete cerca de R$ 1,8 mil. Em época de calor, então, aumenta ainda mais”, afirma. O reajuste ao qual se refere Jean está relacionado ao último aumento do preço do combustível, no fim do ano passado. A gasolina subiu 4% e o diesel, 8% nas refinarias, sendo repassados para o consumidor cerca de 3% de alta. Para este ano, o governo já prevê uma nova correção, conforme anunciou na semana passada, o ministro Guido Mantega.

NA ESPERA
Por essas e outras que os ambulantes querem esperar as eleições para saber qual rumo darão aos seus produtos. Edison Rodrigues, vendedor de pano de prato nos semáforos de Belo Horizonte, conta que, por enquanto, vende cinco panos a R$ 10 e não aumentou ainda porque sabe que o consumidor vai deixar de comprar na sua mão. “De uns nove meses para cá, o meu lucro caiu cerca de 20%. Esse meu trabalho é um complemento de renda, à noite atuo como porteiro. Com o que vendo nas ruas, conseguia cerca de R$ 600 por semana, o que dava para pagar as contas de água e luz. Porém, muitos consumidores não estão comprando nada”, reclama. A mesma queixa tem Jaílson Ancelmo, que há seis meses vende carregador e mata-mosquito pelas ruas da cidade. “Antes, faturava R$ 300 a R$ 400 por semana, hoje não chega a R$ 120. Onde compro para revender, as mercadorias já subiram R$ 1, mas não tem como eu repassar. Vamos esperar o fim do ano para saber o que será do nosso Brasil”, comenta.

Supérfluos


De acordo com o economista e professor de finanças da Universidade Fumec Alexandre Pires de Andrade esses itens vendidos por Edison e Jaílson são supérfluos e, em tempos de inflação estourando o teto do governo, chegando a 6,51%, os consumidores os tiram da lista. “O pano de prato ou o carregador são produtos que não são necessários, por isso os clientes acabam economizando nisso”, diz.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)