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Estado de Minas

Conta de luz vai ficar pelo menos 14% mais cara ainda este ano

Copom manteve juros básicos em 11%


postado em 25/07/2014 06:00 / atualizado em 25/07/2014 08:05

Motorista, Geraldo Marcelino paga, em média, R$ 115 por mês e vai tentar economizar (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Motorista, Geraldo Marcelino paga, em média, R$ 115 por mês e vai tentar economizar (foto: Gladyston Rodrigues/EM/D.A Press)
Brasília – O intervencionismo do governo no setor elétrico e a estiagem prolongada no início do ano – que reduziram a capacidade das usinas hidrelétricas – geraram uma fatura pesada que começará a cair agora no colo dos consumidores. No ano em que a presidente Dilma Rouseff buscará a reeleição, sua principal bandeira política, a redução na conta de luz, poderá se transformar justamente em um motivo a mais para dor de cabeça.

Nas contas do Banco Central (BC), os reajustes nas tarifas de eletricidade serão de, em média, 14% este ano. A previsão consta da última ata do Comitê de Política Monetária (Copom), que apesar de ter ocorrido na semana passada, foi divulgada apenas ontem, com manutenção dos juros básicos (Selic) em 11% pelo menos até que haja definição do cenário político. No documento anterior, de maio, a estimativa de aumento na conta de luz era menor, de 11,5%, mas foi corrigida à medida que as concessionárias de eletricidade anunciaram pesados reajustes nas tarifas cobradas.

Apenas os consumidores de São Paulo terão incremento de 18,66% este ano, conforme reajuste já aprovado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aos clientes da AES Eletropaulo. A medida atinge pouco mais de 6,7 milhões de pessoas e contribuirá para elevar, sozinha, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 0,15 ponto percentual em julho, segundo cálculos de especialistas.

Mesmo diante dos reajustes em escala, o BC manteve a projeção de alta de apenas 5% nos preços administrados em 2014. Já para o ano que vem, quando boa parte dos itens sob controle do governo, como combustíveis, tarifas públicas e passagens de transporte deverão ficar mais caros, a projeção de alta dos administrados foi elevada de 5% para 6%.

Ainda é uma estimativa conservadora, dizem os especialistas, que acreditam num tarifaço a partir de 2015. “Não há dúvidas de que, no ano que vem, a pressão dos preços administrados será bastante forte, o que exigirá do BC uma dose a mais de cautela com a inflação”, disse o economista-chefe do banco J. Safra, Carlos Kavall. O mesmo cuidado deve ocorrer em 2016, quando esses itens também ficarão, em media, 4,8% mais caros no país, de acordo com projeções da ata.

Socorro

Tudo vai depender, também, das medidas que serão adotadas para evitar novos reajustes. Um exemplo é o socorro às distribuidoras de energia elétrica, que por estarem expostas ao alto preço do insumo no mercado livre, estão pagando mais caro para fornecer luz aos clientes. A expectativa é que essa conta caia no bolso dos consumidores entre 2015 e 2017. Por conta disso, a Proteste Associação de Consumidores e a Federação Nacional dos Engenheiros enviaram, ontem, ofício ao Ministério Público Federal (MPF), questionando os termos dos contratos desses empréstimos, que podem chegar a R$ 17,7 bilhões este ano, com a garantia de pagamento com aumento da tarifa.

O consumidor levou um susto. O motorista Geraldo Marcelino já achava a previsão de 11,5% alta. “As coisas aumentam e o nosso salário não acompanha, 14% é muito e vai pesar no bolso de muita gente”, acredita. Geraldo paga por mês, em média, R$ 115 de energia para uma casa em que vive com a mulher e dois filhos de 10 e 2 anos. Para economizar, todos os aparelhos eletrônicos são desligados da tomada quando não estão sendo usados. “Somente a geladeira fica ligada 24 horas. Mesmo assim, sempre decidimos o que vamos pegar antes de abri-la”, afirma.

A bancária Renata Moraes desembolsa cerca de R$ 300 por mês para pagar a conta de energia da casa em que vive com mais quatro pessoas. Ela conta que a família já faz de tudo para economizar na conta, apagando as luzes dos cômodos que não estão sendo utilizados, passando roupa apenas uma vez por semana, mas mesmo assim o valor sempre vem alto. “Se somarmos tudo que vamos pagar com esse aumento no ano, dava para cobrir outras despesas essenciais da casa”, disse. (Colaboraram Francelle Marzano e Simone Kafruni)


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