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Estado de Minas

Apesar do baixo nivel de leitura, mercado de livros deve crescer 10,4% em 2014

Mercado editorial brasileiro deve movimentar R$ 14,4 bi este ano, com expansão de 10,4% na comparação com as vendas de 2013. Alta no número de alunos na rede particular é alavanca


postado em 09/06/2014 06:00 / atualizado em 09/06/2014 13:35

Cláudia Monção com João Pedro, 5: hábito da leitura passa da mãe para o filho (foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
Cláudia Monção com João Pedro, 5: hábito da leitura passa da mãe para o filho (foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press)

Se comparado aos leitores asiáticos e também latinos, o brasileiro dedica pouco do seu tempo aos livros. Apesar do baixo índice geral de leitura, o avanço da renda da população abre possibilidade para maior investimento em educação e é uma promessa de crescimento para o setor editorial, ampliada pelas plataformas digitais que chegam ao mercado. As vendas dos livros didáticos dominam e têm garantido crescimento em faturamento de 8% ao ano ao segmento especializado no ramo. De acordo com o Instituto Data Popular, este ano o brasileiro deve gastar cerca de R$ 14,4 bilhões com livros e material didático, o que significa avanço de 10,4%, frente a 2013. O censo da educação do governo federal também aponta que a rede particular ganhou 1 milhão de novos alunos entre 2009 e 2012, sinal de que as famílias devem se preocupar com as despesas desse item do orçamento.

Os livros didáticos são responsáveis por mais de 45% das vendas do setor, que incluem a leitura geral, tanto de livros científicos e técnicos quanto de títulos religiosos. Somente as vendas para a rede pública e particular de ensino movimentam este ano perto de R$ 3 bilhões. No Brasil, 80% desse mercado é dominado por cinco grandes grupos e já atraiu também o capital internacional.

Fugindo da crise econômica que ainda assombra países europeus e de olho em mercados promissores, a espanhola Edições SM aportou por aqui em 2004. Em 2009 apresentava participação de 1,7% nas compras governamentais dos livros didáticos. No ano passado, a fatia de mercado ocupado pela editora já atingia 10,6%, o que a colocou na lista dos cinco maiores grupos. “Com experiência no mercado editorial europeu a SM viu no Brasil potencial de crescimento e diversificação. O país conta com 38 mil escolas desde a educação infantil até o ensino médio”, aponta o diretor-geral da Edições SM, José Henrique Melo.

Segundo o executivo, o investimento das famílias em educação é um dado promissor, pois pode provocar crescimento dos gastos no setor. “Ao mesmo tempo que cresce o número de alunos na escola particular, o Brasil tem um dos melhores programas de compra pública de livros didáticos”, completa.

Antonio Rios, diretor superintendente da FTD, diz que o mercado editorial de livros didáticos tem conseguido manter o crescimento apesar do envelhecimento da população, que reduz o número de crianças na escola. “Podemos dizer que a crise econômica não chegou ao setor porque livro didático é um produto quase igual à alimentação. Educação é fundamental, e o livro não está na lista de produtos que entram no corte de orçamento das famílias.”

Fora da curva

Foi ainda na infância que a engenheira Cláudia Monção adquiriu o hábito de ler. Ela conta que é capaz de devorar um livro por fim de semana e, assim, conquista uma posição que “foge da curva” do brasileiro, que em média não dedica mais de cinco horas semanais à leitura, segundo dados do índice inglês Cultura Mundial. Cláudia já experimentou a plataforma digital, mas ainda prefere o papel. Junto com a sogra, ela compra três livros por mês para ler e trocar. Também investe nos infantis para o filho João Pedro, de 5 anos, para quem ela lê diferentes histórias todas as noites. “Ler é meu hobby. Gasto cerca de R$ 100 por mês comprando novos títulos.” Os investimentos de Claúdia crescem, se considerados os R$ 500 ao ano desembolsados com livros técnicos.

Cláudia avalia que hoje a escola contribui significativamente para formar o hábito de leitura, mas o incentivo familiar ainda é o mais importante. “Toda semana a escola envia para casa um livro diferente, o que é importante. No entanto, meu filho vai gostar de ler tanto quanto eu, pelo incentivo que tem em casa.”

No primeiro trimestre, a receita líquida da unidade de Negócios Editoriais do Grupo Saraiva totalizou R$ 180 milhões, registrando um aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior. O desempenho de vendas da editora refletiu o aumento da comercialização de livros didáticos para escolas privadas de nível fundamental e médio. No entanto, Ronyse Pacheco, diretora comercial e de marketing de negócios editorias do Grupo Saraiva reforça que vê o mercado brasileiro como promissor e em expansão, principalmente em decorrência da ampliação das opções de mídias onde é possível publicar os conteúdos produzidos pelas editoras. “Antes, a principal mídia era o livro impresso. Hoje, podemos combinar conteúdo com serviços e soluções que podem ser adaptadas às necessidades das escolas. Essa possibilidade amplia as oportunidades para o consumidor.”

Livros impressos são os preferidos de Anelise e os filhos Samuel e Isadora (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Livros impressos são os preferidos de Anelise e os filhos Samuel e Isadora (foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
A advogada Anelise Falconi tem dois filhos: Isadora, de 11 anos, que já é leitora, e Samuel, de 5, que gosta de ouvir histórias. Ela acredita que, sem contabilizar os gastos com títulos didáticos, desembolsa cerca de R$ 45 por mês na compra de literatura para a família. Ela prefere o livro de papel, mas diz que a filha já teve acesso ao conteúdo digital. “Acho que é uma tendência o crescimento desse formato no material didático. Já na literatura, acredito que o papel não chegará a ser substituído.”

Papel deve sobreviver


O livro de papel não deve desaparecer do material didático, mas, especialmente no ensino médio, deve perder espaço. Estima-se que cerca de 30% das escolas brasileiras já utilizam modelos digitais de ensino e material interativo com o papel.

O diretor-geral da Edições SM, José Henrique Melo, calcula que hoje o conteúdo digital, que ocupa um terço das vendas contra dois terços do papel, deve, em três anos, dividir o mercado. “Meio a meio. Esse movimento de redução do volume de livros de papel deve ocorrer primeiro no ensino médio. Na educação fundamental, o livro tradicional vai continuar com grande relevância porque esta é uma fase de formação.” Segundo o executivo, no portfólio da editora a participação dos livros didáticos é de 80%, ante 20% da literatura infanto-juvenil.
 
Neste mês, o grupo Edições SM vai lançar uma plataforma digital onde é possível para o aluno avaliar dificuldades e aprimorar habilidades. A FTD lança aplicativo para leitura de livros digitais sobre esportes. O Grupo Saraiva desenvolve, em sua unidade de Negócios Editoriais, soluções de conteúdo digital voltadas para o mercado de educação, como o ensino a distância ou a biblioteca, por meio de serviço de assinatura. (MC)


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