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Estado de Minas

Desemprego fecha 2013 em 7,1%

Pesquisa feita com a nova metodologia do IBGE avalia ocupação também fora das principais regiões metropolitanas do país, o que aproxima o resultado da realidade média brasileira


postado em 11/04/2014 00:12 / atualizado em 11/04/2014 07:13

Amanda Cardoso conseguiu uma vaga no Restaurante Casa Cheia, no Mercado Central de Belo Horizonte (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press )
Amanda Cardoso conseguiu uma vaga no Restaurante Casa Cheia, no Mercado Central de Belo Horizonte (foto: Túlio Santos/EM/D.A Press )

No Brasil, que pulsa não só no dinamismo econômico das principais regiões metropolitanas, mas também nas empresas espalhadas pelo interior do país, a taxa de desemprego alcançou 7,1% no ano passado, segundo a nova pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apura indicadores vitais do mercado de trabalho. Em 2012, o levantamento ajustado para aquele ano mostrou a proporção de 7,4% de desempregados. O ano passado foi, portanto, um período de ligeira queda da desocupação. Os dados são da Pesquisa Nacional de Amostra por Domícílios Contínua (Pnad), a primeira contendo informações nacionais, com apuração trimestral em 3.500 municípios, e que entra em definitivo no calendário do instituto. Até então, a taxa de desemprego conhecida era a de 5,4% em 2013, calculada apenas em seis capitais e seu entorno, por meio da Pesquisa Mensal de Emprego (PME).

A capacidade da amostra da Pnad Contínua de medir o que ocorre na maior parte do Brasil, em lugar da apuração limitada às regiões metropolitanas, é a principal explicação para as diferenças das taxas, além de algumas mudanças de conceito que passam a ser adotadas. A nova metodologia se refere, por exemplo às pessoas com mais de 14 anos que estão no mercado de trabalho, enquanto na PME o universo era da população a partir de 10 anos. Até o fim de 2014, os pesquisadores farão ajustes no levantamento para iniciar a divulgação de uma série de outros dados envolvendo os rendimentos do trabalho, inclusive o recorte de números para cada estado, que deverá ser divulgado a partir de 2015.

“Vamos captar algo mais próximo da realidade do país”, diz o analista do IBGE em Minas Gerais Antonio Braz de Oliveira e Silva, em referência à maior vantagem da nova pesquisa, adaptada à metodologias recomendadas recentemente pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Apesar das diferenças, o primeiro resultado da Pnad Contínua mostrou movimento do emprego e do desemprego semelhantes ao da PME. De acordo com a nova metodologia, no ano passado, a taxa de desemprego teve progressiva queda de 7,4% no segundo trimestre para 6,9% no terceiro e 6,2% no quatro trimestre. Nas três bases de comparação, houve redução frente a 2012 (veja o quadro).

Com base na Pnad Contínua, o país convive com 6,052 milhões de desempregados e 91,881 milhões de pessoas estavam trabalhando no fim de 2013. A situação mais grave no último trimestre do ano passado era a do Nordeste, com 7,9% de desempregados, e a mais confortável estava no Sul, com 3,8% de desemprego. No Sudeste, a taxa ficou em 6,2%. A boa notícia de um mercado de trabalho com maior grau de contratos formais foi a de que 77,1% dos empregados do setor privado tinham registro em carteira no quarto trimestre de 2013, um ponto percentual acima do resultado em idêntico período de 2012.

INSERÇÃO O Brasil ganha uma ferramenta sofisticada de pesquisa para conhecer uma realidade que mudou nos últimos 10 anos, inserindo as áreas de fora das regiões metropolitanas no mapa do desenvolvimento econômico, na opinião do economista Márcio Pochmann, presidente da Fundação Perseu Abramo e especialista em mercado do trabalho. “Há sinais aparentes dados por outras pesquisas no sentido da interiorização dos investimentos, que se deslocaram das áreas metropolitanas. Houve também efeitos da política de transferência de renda para a população e do aumento do emprego formal no país”, afirma.

Apesar da economia desaquecida em 2013, a expansão do mercado formal garantiu a recolocação de trabalhadores como a operadora de caixa Amanda Cardoso, de 29 anos. Ela conseguiu a vaga no restaurante Casa Cheia, do Mercado Central de Belo Horizonte, depois de três meses à procura de um trabalho. “Minha expectativa é investir no meu trabalho e crescer junto com a empresa. Vejo que há muitas chances para isso.”

Levantamento mais abrangente

A taxa de desemprego medida na nova metodologia do IBGE é mais próxima da realidade do país e tende a fechar o ano em patamares mais altos devido ao baixo crescimento da economia, na avaliação do coordenador do MBA da Fundação Armando Álvares Penteado, Tharcísio Souza. Segundo ele, o mercado de trabalho aquecido tem relação com duas realidades preocupantes: “A primeira está na própria natureza da pesquisa (a da PME). Basta olhar para o país que se vê, ainda, muita pobreza e que a taxa anterior era um percentual bom demais ”, critica.

O segundo aspecto, segundo Tharcísio Souza, é a baixa produtividade da mão de obra no país , resultado de uma educação ruim. “Mesmo com a economia parada, os números do emprego são altos, o que tem relação com o desempenho do trabalhador. Com rendimento baixo, é preciso mais gente para desempenhar uma mesma função”, observa. O analista Antonio Braz e Silva, do IBGE, destaca que a nova pesquisa reúne dois anos de resultados, série nova e curta que não permite qualquer avaliação sobre a tendência do mercado de trabalho.

“As taxas não são comparáveis (as da PME e da Pnad Contínua). Já esperávamos diferenças porque, além da amostra, sabemos que, no interior, em algumas regiões, nem sempre a procura por emprego é atendida e que outros fatores levam as pessoas a continuar buscando trabalho num cenário mais desfavorável da economia”, afirma Braz e Silva. As duas pesquisas continuarão sendo feitas até que a nova metodologia incorpore outras variáveis, como o comportamento do emprego e do desemprego por setores da economia e os rendimentos.

Em BH, à frente da administração da unidade Vila da Serra do Salão Marcus Martinelli, o ex-professor de educação física Hélcio Júnior, 32 anos, também conseguiu o novo emprego no ano passado. Ele, que já esteve à procura de trabalho e hoje está do outro lado do balcão, de quem contrata, diz que não é fácil conseguir um bom emprego, mas contratar também exige empenho e busca apurada.

“Falta no mercado mão de obra qualificada. Não só na área técnica, mas qualificação para o atendimento, que é um grande diferencial”, diz. Para Hélcio Júnior, que, desde a fase de obras está gerenciando a nova unidade, o desafio será crescer junto com o negócio. Ele conta que, antes de migrar de área profissional, buscou experiência nos Estados Unidos, onde chegou a trabalhar em eventos de grande estrelas, como Paul McCartney e Elton John. (MC e MV)


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