(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas ENTREVISTA

Usiminas prepara nova fase com foco no desenvolvimento profissional e mais produtividade

Siderúrgica sai do foco financeiro para investir em pessoal: "Usiminas tem time para se transformar"


postado em 06/04/2014 06:00 / atualizado em 06/04/2014 08:00

(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)
(foto: Cristina Horta/EM/D.A Press)

Depois de voltar ao lucro, embora ainda de modestos R$ 17 milhões apurados no ano passado, a Usiminas, maior produtora de aços planos da América Latina, prepara nova fase, que deixa o foco financeiro. O alvo, agora, consiste num ambicioso programa de treinamento de pessoal, desenvolvimento profissional das equipes e busca de produtividade. Defensor da estratégia, o presidente da companhia, Julián Eguren, admite ter chegado aos dois anos de mandato pronto para ser  mantido no cargo e para assumir a tarefa sensível de lidar com mudanças envolvendo gente, das áreas diretivas ao chão de fábrica. A definição sobre o próximo comando da empresa será tomada em assembleia dos acionistas no dia 25. “Precisamos de talentos em todos os níveis da pirâmide dos Recursos Humanos. O mundo e o negócio do aço serão cada vez mais complexos e competitivos”, afirma o administrador argentino, que prepara a mudança de São Paulo para Belo Horizonte. O endereço do executivo passará a ser a capital mineira no segundo semestre, para encurtar a distância da área operacional. Nesta entrevista, Eguren destaca a visão otimista dos controladores da siderúrgica quanto ao crescimento do Brasil e à capacidade da Usiminas de desbancar concorrentes. Sobre as medidas que tomou desde janeiro de 2012, reconhece que pode ter havido algum erro no tempo de implementação, mas diz que a empresa ganhou musculatura para voltar a ocupar posição de liderança no setor.

Quais são os planos, agora, com a conclusão de um ciclo de cinco anos de investimentos, o retorno da Usiminas ao lucro e o melhor desempenho das vendas obtido no mercado interno desde 2009?


Foi um lucro pequeno, mas o importante é que estamos terminando uma etapade arrumar a casa, controlar custos, gastos, capital de giro e estoques, além de melhorar os serviços aos clientes. Cumprimos um grande trabalho e o principal foi observar que todo o pessoal da Usiminas abraçou esse projeto, colocando a companhia num patamar diferente. O foco financeiro passou. Temos de crescer um pouco, sem perder essa disciplina de vista, mas incorporando numa segunda etapa objetivos de médio prazo. Falamos, agora, em como preparar a nossa mão de obra para o futuro, com treinamento e desenvolvimento de talentos, para continuarmos buscando o aumento da produtividade da companhia. Precisamos de talentos em todos os níveis da pirâmide dos Recursos Humanos. O mundo e o negócio do aço serão cada vez mais complexos e competitivos. Há sobra de capacidade da produção de aço, estimada em 550 milhões de toneladas no mundo. É como se estivessem fora do mapa as fábricas de oito américas latinas ou 16 Brasis.

Como será esse programa? No Brasil, boa parte das iniciativas de produtividade tem significado enxugamento de pessoal...

O plano para 2014 é aumentar em 50% o número de horas de treinamento por empregado ao ano na Usiminas (em 2013 foram 30 a 35 a horas), para alcançarmos a média das melhores empresas no mercado internacional. Falamos em quase 800 mil horas por homem dedicadas somente a treinamento, algo ambicioso, com certeza, mas podemos chegar lá e já começamos a trabalhar nisso em janeiro. São cursos técnicos, de segurança e específicos para gestores em várias áreas. Vamos investir R$ 17 milhões este ano nesses programas. O aumento de produtividade não traz necessariamente enxugamento de pessoal e sim trocas de experiências. Nosso desafio é mudar o perfil da mão de obra. A Usiminas tem time e equipe para se transformar numa companhia excelente, que se relaciona com clientes, fornecedores, os próprios empregados e as comunidades. Estamos lançando também o programa de formação de jovens profissionais. Está havendo uma integração forte de equipes de Ipatinga e de Cubatão. Desde o segundo semestre do ano passado, 15 profissionais ipatinguenses estão morando em Santos (SP) e trabalhando todo dia em Cubatão. A ideia é adotarmos as melhores práticas de cada fábrica e compartilhar essas técnicas. O objetivo é recuperar a liderança industrial da Usiminas. Temos equipamentos e pessoal para isso.

O sr. completou dois anos de mandato, conduzindo um plano de investimentos que já estava em andamento. Espera ganhar novo mandato e, então, assumir essa nova etapa?    

Sim, e não é só porque começamos a melhorar os resultados e colher os frutos do trabalho de toda a equipe da Usiminas. Começamos a ver a companhia mais à frente. O plano de investimentos estava bem desenhado. Foram investidos R$ 11 bilhões nos últimos cinco anos em valor agregado, com uma nova linha de aços galvanizados e laminador para produtos que ninguém daqui mais pode oferecer, como os aços de alta resistência para exploração de petróleo da camada do pré-sal, que desenvolvemos junto da Petrobras e da Confab (fabricante de tubos do grupo Techint, dono de 27,7% do capital votante da Usiminas). Foi um desafio tecnológico enorme desenvolver aqui aços que só eram produzidos no Japão. Estamos trabalhando na homologação desses produtos para começar a ocupar essas linhas e levar a empresa a um lugar de destaque no mercado. Isso protege a Usiminas das importações da China, Rússia e Ucrânia.

Quais teriam sido os erros da sua gestão, que o sr. pretende, inclusive, corrigir, se for mantido na presidência?

Pode ter havido algum erro no tempo de implementação das medidas que tomamos, afinal todo ser humano tem uma motivação para resultados. A gente veio com muita ansiedade e eu só conhecia a Usiminas de fora. Quando você entra na companhia, vê os equipamentos, pessoas capacitadas e as perspectivas de aproveitar um monte de oportunidades. Temos ineficiências principalmente de logística e se tivéssemos um prognóstico melhor de mercado final poderíamos atender clientes com localizações geográficas distintas. No futuro, o que queremos é programar as usinas em função da demanda dos clientes, com toda integração interna, reduzindo o máximo possível das ineficiências e incorporando ferramentas que dão previsibilidade e transparência aos nossos clientes.

Há um pessimismo entre analistas de bancos e corretoras, que preveem crescimento baixo do Brasil este ano, também influenciado pelo risco de racionamento de energia e pelas eleições presidenciais. O sr. compartilha dessa visão?
Felizmente, a visão de longo prazo é compartilhada pelos acionistas. Somos otimistas independentemente da taxa de crescimento que o país alcançar, se de 2% ou 1,7% neste ano. Crescimento tem sempre um consumo de aço associado a ele. Este ano não é um período de pessimismo, mas de continuarmos buscando oportunidades e tomar mercado dos aços importados. Achamos que as importações vão cair um pouco mais se a gente continuar avançando no relacionamento com os clientes. Sobre a perspectiva de racionamento de energia, o que há é um potencial problema. E quanto às eleições, existe uma incerteza, mas o Brasil precisa crescer, seja quem for o novo presidente. Essa incerteza exigirá mais de nós na administração das entregas e dos estoques de produtos.

 

 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)