Conhecido pelo apelido de Madoff mineiro, o investidor Thales Maioline, que causou prejuízo aproximado de R$ 100 milhões a mais de 2 mil investidores ao aplicar o golpe de pirâmide financeira, foi condenado a sete anos de prisão. O sócio da Firv Consultoria e Administração de Recursos Financeiros Ltda responderá pelos crimes de estelionato e de falsificação. A Justiça, no entanto, o livrou da acusação de formação de quadrilha.
A decisão, do juiz da 4ªVara Criminal de Belo Horizonte, Milton Lívio Lemos Salles, será publicada na segunda-feira. Além da reclusão, o réu terá que pagar 113 dias-multa (cada dia-multa representa meio salário mínimo à época do crime). A setença, por ser de primeira instância, cabe recurso.
Na avaliação do magistrado, Thales arquitetou e executou o esquema no período de 2006 a julho de 2010. O objetivo era de captar recursos "de considerável número de pessoas, atraídas pela falaciosas promessas de vultosos e seguros rendimentos", diz trecho da decisão. O juiz Milton Salles afirma que os investimentos feitos pelas vítimas mais recentes eram usados para quitar os rendimentos de clientes antigos.
Durante todo o processo, a defesa do réu tentou desqualificar a acusação de que o investidor pretendia lesar os investidores. O juiz, porém, entendeu que essa intenção ficou clara e considera como tentativa de ocultar o crime a remessa de dólares para pelo menos uma conta em paraíso fiscal. "Não se pode perder de vista a informação da existência de US$ 212 mil em conta criada por ele no Principado de Liechtenstein", observa.
Todos os bens de Thales, antes bloqueados, foram apreendidos e ficarão à disposição da Justiça do Trabalho para cobrir os pedidos de penhora.
O golpe
A pirâmide começou a funcionar em 2006. Thales prometia lucro mensal mínimo de 5% a 12% de bonificação a cada seis meses aos investidores. Em 2011, após ter uma série de problemas financeiros, o estelionatário fugiu, dando um calote de R$ 100 milhões em cerca de 2 mil pessoas. O réu ficou escondido por alguns meses na selva amazônica, na fronteira com a Bolívia. Em dezembro de 2011 ele se entregou à Justiça.
A organização do esquema rendeu ao investidor o apelido de Madoff mineiro, em alusão ao investidor de Wall Street Bernard Madoff, acusado de comandar golpe semelhante em investidores norte-americanos.
Com informações de Pedro Rocha Franco