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Estado de Minas

Agências de classificação de risco estão de olho na incerteza do setor elétrico


postado em 18/03/2014 06:00 / atualizado em 18/03/2014 06:52

Brasília – O receio do governo de que as turbulências no setor elétrico fossem percebidas pelas agências de classificação de risco está se confirmando, mesmo após o anúncio do pacote de R$ 12 bilhões para socorrer as distribuidoras de energia, apresentado semana passada. Nessa segunda-feira, a Fitch Ratings informou que as medidas anunciadas representaram um “sinal” de aumento do risco regulatório, além de serem vistas como uma reação artificial para contornar um quadro de dificuldades.

A solução encontrada envolve um aporte de R$ 4 bilhões do Tesouro na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), a serem cobertos por impostos, e a captação de R$ 8 bilhões em empréstimos bancários via Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), além de um leilão especial de energia nova, previsto para 25 de abril.

“Apesar de serem positivas para as necessidades de caixa das concessionárias, essas novas medidas sinalizam aumento do intervencionismo no setor, que vai levar ao aumento das dívidas para o governo e a uma pressão tarifária nos próximos anos”, ressaltou nota da Fitch. Os novos recursos se somam aos R$ 9 bilhões já previstos no Orçamento e servirão para aliviar as distribuidoras, forçadas a comprar energia cara no curto prazo e pressionadas pelo uso generalizado de termelétricas, de geração bem mais cara.

Para Cláudio Salles, presidente do Instituto Acende Brasil, as reações do governo deixaram claro o quadro de emergência do setor, no qual as concessionárias de distribuição precisam de recursos para honrar os contratos mensais. “A resposta dada parece também ter definido o modelo a ser adotado no futuro, caso os recursos definidos até agora continuem sendo insuficientes”, alertou.

Em paralelo, o mercado continua elevando suas apostas de um racionamento de energia este ano, em razão do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas. Os analistas do BTG Pactual Carlos Sequeira e Antonio Junqueira afirmaram, em relatório divulgado ontem, que o nível de armazenamento das represas pode cair a 14% de armazenamento em novembro, com base em estimativas do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) para chuvas em março e do instituo Somar para o resto do ano.

O ONS estima que o nível médio dos reservatórios das hidrelétricas das regiões Sudeste e Centro-Oeste terminarão o mês a 38,2%, uma melhora em relação aos 35,86% atuais. O nível esperado ainda é baixo para o período e, caso se confirme, estaria só a 3,67 pontos percentuais acima do fechado em março de 2001, ano do racionamento de energia. O ONS também informou que com a manutenção do cenário de cheia histórica do Rio Madeira, a Hidrelétrica Santo Antônio permanece desligada.

“Operar o sistema com reservatórios abaixo de 20% pode ser desafiador. Nesse cenário, algum tipo de racionamento pode ser considerado prudente de maio a outubro”, sublinharam os técnicos do BTG Pactual, do banqueiro André Esteves. Mas os especialistas acreditam que o governo vai tentar evitar decretar a medida radical, pelo menos até as eleições de outubro, a menos que não tenha alternativa.

Enquanto isso...
…pressão nos combustíveis
As importações de combustíveis vão continuar provocando rombos na balança comercial e no caixa da Petrobras em 2014. Projeções oficiais da Agência Nacional do Petróleo (ANP) e estimativas de bastidores da estatal confirmam essa tendência. Segundo uma fonte do setor, apenas as compras externas de gasolina deverão quase dobrar este ano para responder ao crescimento do mercado doméstico. Os volumes importados deverão atingir a média de 60 mil barris diários, ante os 32 mil de 2013. As importações de diesel, por sua vez, deverão recuar a 160 mil barris médios, contra 174 mil do ano passado, graças ao início da produção da Refinaria do Nordeste (Rnest), em novembro. A diretora-geral da ANP, Magda Chambriard, confirmou que o déficit da balança comercial de combustíveis vai aumentar até dezembro. A diferença entre exportações e importações deverá, segundo seus cálculos, chegar a US$ 9 bilhões no caso do diesel e a US$ 2,5 bilhões no da gasolina.


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