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Estado de Minas

Mulheres comandam quase um terço das micro e pequenas empresas mineiras

Elas são donas de metade das franquias. Capacidade empreendedora e persistência se destacam


postado em 08/03/2014 06:00 / atualizado em 08/03/2014 06:09

A engenheira mecânica Juliana Moraes optou por abrir o próprio negócio e atuar na ramo de lingeries
A engenheira mecânica Juliana Moraes optou por abrir o próprio negócio e atuar na ramo de lingeries

De engenheira mecânica, Juliana Moraes optou por abrir o próprio negócio e atuar em um universo mais delicado: o de lingeries. Há 18 anos, deixava o emprego em uma multinacional e um salário atrativo para abrir as portas da sua primeira loja, a Água Fresca. No início, atendia clientes, administrava e até limpava o espaço com a ajuda de sua mãe e de apenas uma funcionária. Hoje, são quatro lojas, 50 marcas comercializadas, além da marca própria, 42 funcionários diretos e mais de 1,2 mil indiretos e um faturamento anual de R$ 4 milhões. “Tudo foi muito paulatino e a nossa expansão veio depois de 5 anos com uma única loja”, conta.

Entre as primeiras dificuldades do negócio, que surgiu como alternativa para ganhar mais tempo com a família, ela destaca o difícil acesso ao capital de giro. Entre as motivações, o interesse em viver grandes emoções. “Assim como na engenharia, que era um ambiente masculino, quis vencer no ambiente empresarial, onde antes era inusitado ver mulheres na liderança”, comenta.

Com duas coleções anuais, a produção atual é de 10 mil peças a cada quatro meses e a expectativa é de que o negócio cresça com o lançamento de uma loja virtual ainda este ano. A entrada da filha de Juliana, Júlia Moraes, de 22 anos, no negócio também promete dar vida longa à Água Fresca. “Muitas empresas morrem porque falta a continuidade. Minha filha tem trazido a vitalidade dos jovens, enquanto eu contribuo com minha experiência prática. ”

Embora seja cada vez mais comum ver mulheres à frente dos negócios, elas ainda não são maioria entre os empresários brasileiros. De acordo com dados da Global Entrepreneurship Monitor – GEM 2013, divulgados pelo Sebrae, por meio da pesquisa Empreendedorismo Feminino, que ouviu 1.600 empresários mineiros, 31% das micro e pequenas empresas eram administradas por mulheres no ano passado. O índice, no entanto, aponta uma queda de dois pontos percentuais (p.p.) em relação a 2012, quando era de 33%, mas a diferença observada pode ser justificada pela margem de erro da pesquisa. Entre os homens, o percentual chega a 69%, com crescimento de 2 p.p de um ano para o outro.

Já no caso das franquias, metade delas hoje, segundo dados da consultoria Rizzo Franchise, é comandada por mulheres. Em termos de concessão de crédito, pesquisa do Santander aponta que as mulheres empreendedoras representam 70% da carteira de clientes de microcrédito do banco, que desembolsou R$ 485 milhões em 2013 para fomentar a prática, uma alta de 9,5% em relação a 2012. Verificada a estabilidade no índice de empreendedorismo feminino no estado, a série histórica da pesquisa GEM aponta que a principal expansão da participação feminina ocorreu entre os anos 2001 e 2002, quando a parcela de mulheres empreendedoras passou de 29% para 42%. Em 2003, 46% dos empreendedores eram do gênero feminino.

Carreira e família

De acordo com a analista da unidade de inteligência empresarial do Sebrae, Carolina Xavier, o salto ocorreu num momento em que as mulheres estavam ascendendo no mercado e observavam o empreendedorismo como possibilidade de gerenciar melhor o seu tempo. Agora, no entanto, ela pondera que, com a base maior, o acréscimo em termos percentuais tende a ser menor, mas que a tendência é de equilíbrio. “Com resultados mais constantes esperamos maior estabilidade na divisão feminina e masculina, próximo do que ocorre em termos de distribuição populacional”, diz. Atualmente, as mulheres representam 51% da população nacional.

Em Minas Gerais, a GEM 2012 demonstrou ainda que as mulheres respondem por 51% dos empreendimentos em estágio inicial, ou seja, aqueles que têm entre três e 42 meses de existência. Já entre os estabelecidos, com mais de 42 meses, esse percentual é de 41%. As mulheres respondem também por 52% dos empreendimentos com até três anos e meio de existência e o levantamento indica que a empreendedora brasileira está investindo em qualificação e, em sua maioria (66%), empreende por oportunidade.

Entre as características de comportamento e perfil das empreendedoras, Carolina destaca mulheres mais jovens e com melhor grau de instrução. De acordo com a pesquisa, 37% das mulheres tem até 40 anos, contra 31% dos homens, e 41% tem ensino superior e pós-graduação, contra 32% dos homens.

 

Resultado da persistência

 

O estudo reforça ainda a percepção de que empresas administradas por mulheres são de menor porte, se comparadas às geridas pelos homens. Isso porque empresas de mulheres têm, em média, seis funcionários, enquanto as administradas por homens têm, em média, oito funcionários. Já em termos de gestão dos negócios, o inquérito demonstra comportamento similar entre os gêneros.

Depois de empreender e abrir uma fábrica de pão de queijo, que acabou fechando no primeiro ano de vida, em função de um capital de giro comprometido pelas dívidas, Roberta Medeiros voltou a apostar no próprio negócio. Em 2011, assumiu a atividade de doceira e abandonou o trabalho como tesoureira em uma empresa de seguros. “Eu trabalhava à noite e fazia doces para completar a renda, mas notei que ganhava mais com os doces e me dediquei à atividade integralmente”, conta. Proprietária da Xódo de Minas, ela se especializou na fabricação de beijinho de leite em pó, mas também produz cajuzinhos e brigadeiros, que são vendidos em potes para supermercados, mercearias, bares e lanchonetes.

A empresária também continua produzindo docinhos para festas e, atualmente, cuida sozinha da produção de 20 potes de doces por dia e o marido, que antes trabalhava como vigia, se tornou o responsável pela comercialização dos produtos. “Eu aprendi que cada um deve explorar o talento que tem. Eu fico na criação das receitas, ele me ajuda a vender e assim unimos força”, conta.

Roberta trabalha como microempreendora individual (MEI), mas conta que o tamanho da empresa beira o limite e que o plano é crescer. “Estamos faturando algo em torno de R$ 5 mil por mês e já pensamos em migrar para micro empresa”, confessa. Antes disso, porém, ela pretende se aperfeiçoar por meio de cursos. “Não quero repetir o que aconteceu com a fábrica de pão de queijo e, por isso, queremos expandir o negócio de forma organizada, mas já me vejo no futuro com maquinário e uma fábrica maior”, afirma. (CM)

 

Presença maior nos franqueados

 

Além de representarem quase a metade do total de franqueados no país, com 48% dos negócios, as mais de 56 mil mulheres que operaram franquias possuem faturamento 32% maior do que o de franquias cujos proprietários são do sexo masculino. Os dados da consultoria Rizzo Franchise mostram ainda que a rentabilidade média feminina também foi maior: 28% acima da dos franqueados homens.

Para Beth Penteado, consultora de negócios e Facilitadora do seminário ONU/Sebrae Empretec, o aumento no número de mulheres empreendedoras, assim como o sucesso dos negócios, se deve ao fato de que elas são, cada vez mais, responsáveis pelo sustento da família. “Além disso, o perfil de empreendedora permite à mulher conciliar carreira e família de uma forma mais flexível do que quando se é funcionária.", afirma a consultora.

A diretora-executiva da Depyl Action, Danyelle Van Straten, começou seu negócio em 1983 com a fabricação de ceras depilatórias e abriu sua primeira casa especializada em depilação em 1997, na capital mineira . De lá para cá, abriu unidades em 85 cidades do país, além de duas na Venezuela. 


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