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Estado de Minas

Com reservatórios de usinas em baixa, país corre o risco de ter forte alta na conta de luz

O verão seco aponta para um ano de uso intenso das termelétricas, recurso que afasta o risco de racionamento mas encarece o custo de vida


postado em 23/01/2014 06:00 / atualizado em 23/01/2014 07:20

As chuvas que provocaram estragos em diversos pontos do país ainda não foram suficientes para elevar o nível dos reservatórios das usinas geradoras de energia. Os subsistemas estão com níveis de armazenamento abaixo do esperado para o mês de janeiro, e a escassez pode comprometer o bolso do brasileiro em 2014. O verão seco aponta para um ano de uso intenso das termelétricas, recurso que afasta o risco de racionamento mas encarece o custo de vida. Se a geração de energia nas térmicas ocorrer na mesma proporção do ano passado a conta de luz do brasileiro pode ficar de 10% a 20% mais cara. A torcida é para que de agora a março o verão seja chuvoso nas regiões estratégicas para a geração de energia.

A situação das usinas hidrelétricas brasileiras está preocupante, principamente, no Centro-Oeste e no Nordeste, onde os reservatórios estão operando abaixo de 50% da capacidade, conforme dados do Operador Nacional do Sistema (ONS). O

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nível está um pouco acima do registrado no mesmo período de 2013, mas ainda abaixo dos patamares de 2012. Nos subsistemas Sudeste/Centro-Oeste o nível dos reservatórios está em 41,3% e, no subsistema Nordeste, o percentual chega a 41,7%. Juntos os dois somam perto de 90% do armazenamento das hidrelétricas. Apesar de o patamar ser superior ao do ano passado (veja o quadro) é bem abaixo de 2012, quando o Sudeste/Centro-Oeste fechou janeiro com nível superior a 76% e o Nordeste superior a 71%.

Em Três Marias, na bacia do Rio São Francisco, o reservatório representa 31% da Região Nordeste e a estiagem deixa à vista os grandes bancos de terra que não foram encobertos depois das chuvas de dezembro terem ficado abaixo do patamar esperado. A reportagem visitou a Usina Hidrelétrica (UHE) de Queimado, em Unaí (MG), que está com 57% da capacidade, de acordo com dados da ONS e da Agência Nacional de Águas (ANA). Como as chuvas começaram no domingo, o nível da represa começou a subir. Na sexta-feira, a capacidade útil do reservatório de 36 km2 estava em 55%. Na UHE Corumbá IV, que é 4,8 vezes maior e ocupa uma área de 173 km2, a situação é mais crítica. De acordo com os dados da ANA e da ONS, a capacidade útil de Corumbá está em apenas 12,8%.

Para o presidente da consultoria Thymos Energia, João Carlos Mello os riscos de racionamento de energia estão afastados, mas a conta para o país deve ser cara. “Esse deve ser mais um ano de térmicas rodando direto e preço alto da energia.” No ano passado o custo do acionamento das térmicas foi de aproximadamente R$ 10 bilhões e caso o panorama se repita esse ano o ex-presidente da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e especialista no setor elétrico João Camilo Penna estima que a repercussão para o consumidor seja entre 10% e 20%.

Na avaliação do diretor do Centro Brasileiro e Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, o governo terá de manter ligadas por todo o ano as usinas termelétricas para atender uma demanda crescente de energia em 2014, quando ocorrerão a Copa do Mundo e as eleições. Ele explicou que com reservatórios em níveis baixos a geração das hidrelétricas fica comprometida e o custo adicional terá de ser pago pelo Tesouro Nacional, que em 2013 desembolsou cerca de R$ 9 bilhões com auxílio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).


No ano passado a política do governo federal de isenção na tarifa de energia elétrica fez as contas de luz ficarem 14,16% mais baratas em Belo Horizonte, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apurado pela Fundação Ipead/UFMG. Como o peso da energia elétrica no orçamento doméstico é muito importante a conta de luz contribuiu para o controle da inflação. “Em uma cesta de 242 itens(produtos e serviços) que compõem o IPCA, a energia elétrica está em nono lugar”, informa Thaize Moreira, coordenadora de pesquisa e desenvolvimento da Fundação Ipead. A especialista calcula que uma alta de 10% nas despesas com energia elétrica elevaria o custo de vida em 0,27 pontos percentuais. Já uma variação de 20% significaria uma alta do IPCA em 0,54 pontos percentuais.

Flávio Neiva , presidente da Associação Brasileira das Empresas Geradoras de Energia (Abrage) diz que o nível dos reservatórios é preocupante e acredita que o ano vai requerer forte uso das térmicas. No entanto ele diz que o verão está em andamento e ainda há chances de contar com chuvas de grandes proporções. “Minas é considerada a caixa-d’água do país, mas não basta chover no estado, tem que chover nas regiões certas”, ressalta João Carlos Mello.


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