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Estado de Minas

Recalls batem recorde no Brasil em 2013

Total de procedimentos superou o de 2012 em 62%, com carros no topo da lista. Resultado é o pior desde 2003


postado em 16/01/2014 06:00 / atualizado em 16/01/2014 06:59

Os brasileiros foram submetidos a um número recorde de produtos com defeitos de fábrica no ano passado. Dados do Ministério da Justiça apontam que as empresas foram obrigadas a anunciar 109 recalls, quantidade 62% maior que a registrada em 2012, quando houve 67 casos. Trata-se do pior resultado desde 2003, quando o governo passou a fazer esse tipo de levantamento, e o retrato do descaso em relação aos compradores, que pagam caro por mercadorias de péssima qualidade. O novo número é considerado um recorde pelo Ministério da Justiça, que faz o levantamento desde 2003. Do total de recalls em 2013, o setor automotivo respondeu por 56% dos casos, seguido pelo de motociclos (motos e bicicletas), com 13,8%, pela área da saúde (6,4%) e pelo ramo de móveis (5,5%).

Na opinião da secretária nacional do Consumidor (Senacon), Juliana Pereira da Silva, qualquer que seja o parâmetro de avaliação, os resultados são péssimos, pois revelam total descompromisso das empresas com a qualidade que deveriam entregar à clientela. O pior, segundo ela, é o atendimento. Mesmo as companhias anunciando os defeitos e a necessidade de correção dos produtos, muitas não dão o retorno esperado. "Sem dúvida, a melhora do atendimento no caso de recalls é um desafio", afirmou. "A cada 10 comunicados, nove vão para o Judiciário e se arrastam por mais de 10 anos até que o pedido seja atendido", observou.

No acumulado de 10 anos, também o setor automotivo lidera em número de produtos com defeito, conforme o "Boletim de Saúde e Segurança do Consumidor" divulgado ontem pela Senacon. Das 627 campanhas de recalls realizadas no período, 61,6% envolviam carros que podiam causar danos aos clientes. Por isso, no entender de Juliana, as convocações para as montadoras sempre ganham mais destaque. "Quando o valor agregado é baixo e o descarte da mercadoria é simples, o problema nos produtos não chamará tanta a atenção como a do setor automotivo", explicou.

No entender da secretária, é importante se preocupar com os produtos que não estão tendo recall. "A legislação brasileira é bem parecida com as de outros países, mas precisamos intensificar a punição. Assim, as empresas terão de prestar contas com maior frequência aos consumidores", afirmou. Em 2013, segundo a Senacon, foram realizados 309 recalls nos Estados Unidos, sem contar o setor automotivo. "Quando fica provado a morte por causa de defeito de um produto, a vida, para o Judiciário brasileiro, custa R$ 50 mil. Por que nos EUA esse valor pode chegar a 10 milhões?", questionou.

Questionado se o aumento do número de recalls apontado pelo Ministério da Justiça significaria uma falta de rigorosidade por parte do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), o chefe de Regulamentação e Fiscalização do Inmetro, Alfredo Lobo, alegou que o problema não está nas certificações e regulamentações por parte do órgão. "O Brasil é tido como um país de primeiro mundo nessas questões. Uma vez que o produto é certificado, a empresa está autorizada a utilizar o selo do instituto. Mas há empresas que trocam componentes depois da certificação e o Inmetro identifica a manobra. Por isso houve um aumento no número de recalls", esclareceu.


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