O presidente da Telecom Italia renunciou nesta quinta-feira, vítima de uma decisão para permitir que a Telefonica da Espanha aumentasse sua participação na companhia italiana. No final de setembro, a administração da Telecom Italia revelou que a Telefonica tinha aumentado sua participação na gigante da comunicação por meio de uma holding.
Contudo, o presidente Franco Bernabe foi profundamente crítico à transação que também irritou os círculos políticos e empresariais, preocupados que uma das empresas líderes do país tivesse se tornando estrangeira.
Com suas opiniões ignoradas, Bernabe submeteu seu pedido de renúncia a uma reunião especial do conselho organizada para encontrar uma forma de recuperar a muito endividada empresa.
Analistas e sindicatos têm sérias dúvidas sobre a chegada da Telefonica. A principal preocupação é que as autoridades responsáveis pela competição forçarão a Telecom Italia a se desfazer de operações lucrativas na América do Sul.
Com a Telefonica também afundada em dívidas, os investimentos muito necessários em infraestrutura no mercado doméstico italiano provavelmente serão limitados, acreditam os críticos. Os funcionários da Telecom Italia expressaram sua oposição em frente à sede do grupo nesta quinta-feira, pedindo a intervenção do governo.
A Telefonica "é o pior parceiro do mundo", disse um líder sindical, acrescentando que a empresa "não oferece nenhuma perspectiva estratégica". As agências de classificação de risco de crédito deixaram isso claro nas últimas semanas: sem um forte e convincente programa de recuperação, a nota Telecom Italia pode ser rebaixada ao patamar especulativo (lixo).