As iniciativas nas linhas de produção partem de diagnósticos individuais completos desenvolvidos na platarforma WEB que avaliam a eficiência dos processos produtivos, apoiados por um simulador que orienta sobre os índices de desempenho mais adequados, analisa os impactos e mensura os custos das medidas para melhorar a eficiência das unidades fabris. Segundo o coordenador do programa, Flávio Mayrink, este mês o Minas Sustentável chega ao Pontal do Triângulo, para, em seguida, ser lançado nas regionais da Fiemg do Alto Paranaíba, Vale do Rio Grande e Vale do Paranaíba.
“Há uma série de mudanças simples que podem melhorar a eficiência das empresas, mas com grande impacto nas contas e no meio ambiente. Outro pilar é o que incentiva, orienta e acompanha o licenciamento ambiental da indústria”, afirma Mayrink. Há 25 anos no ramo da produção de móveis, a Mod Line, de Contagem, investiu R$ 3 mil para reduzir a geração de resíduos de madeira na fabricação de painéis e portas e reaproveitar retalhos da área de marcenaria. De acordo com a gestora ambiental da empresa Fernanda Signorini, a economia com as alterações adotadas ultrapassou R$ 76 mil por ano e a compra de madeira diminuiu em 300 mil quilos anuais. Com 3 mil empregados, a Mod Line produz 45 mil peças por mês.
Fornecedores ou clientes de grandes empresas também se beneficiam de projetos para destinação sustentável de resíduos e acabam transformando essas medidas em negócio. É o caso da Sucataria do Leste, nome fantasia da fabricante de artefatos de borracha de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce, que firmou acordo com a mineradora Vale para reciclar as correias transportadoras de minério de ferro, suas tiras e mantas, usadas pela companhia nas jazidas de todo o país. O material que gerava despesa com incineração e aterro virou receita nas mãos da recicladora mineira. A empresa separa borracha, limpa e prepara as peças para produção de forros de caminhões e caminhonetes e cochos para animais. Os cabos de aço são aproveitados em currais e teleférico, entre outras aplicações.
Demanda A procura pelos produtos reciclados cresceu tanto que obrigou o dono da Sucataria do Leste, Ronildo Almeida de Lima, a investir R$ 1 milhão na compra de área para expansão e na infraestrutura do novo galpão. “Não conseguimos atender toda a demanda. É um mercado de muito boas perspectivas”, afirma o industrial. Os empregos gerados pela recicladora cresceram de cinco postos de trabalho para os atuais 22 e outras 15 oportunidades serão abertas, este ano, em Valadares.
A Vale prevê uma economia de R$ 10,5 milhões por ano com o projeto criado em parceria com a Sucataria do Leste. A companhia vinha enfrentando dificuldades para destinação sustentável da sucata, sobretudo em áreas remotas devido ao alto custo do frete até os polos de reciclagem do Sudeste. As primeiras unidades a saírem beneficiadas com o projeto foram as de Carajás (PA) e Vitória (ES). Neste ano, a pretensão da companhia é reduzir o estoque das correias transportadoras em 70%. Das 7 toneladas de material já destinadas à reciclagem, 26% saíram das reservas mineiras. Antes da parceria, a Vale chegava a acumular 9,3 mil toneladas, o corresponde a 10 meses de geração de estoques.