(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas

Mulheres que trabalhavam em casas de família relembram a importância do emprego


postado em 06/04/2013 06:00 / atualizado em 06/04/2013 08:42

A nutricionista Elizabeth Silva fez do trabalho doméstico trampolim para a escola:
A nutricionista Elizabeth Silva fez do trabalho doméstico trampolim para a escola: "Não me prejudicou, pelo contrário, me ajudou e muito" (foto: Tulio Santos/EM/D.A Press)
Aos 15 anos, a nutricionista Elizabeth Silva, de 39 anos, decidiu fazer as malas e se mudar de Cipotânea, na Zona da Mata mineira, para Belo Horizonte. Ela tinha uma meta bem definida: queria estudar. Mas como seguir em frente em uma cidade grande, sem contar com recursos financeiros, parentes ou amigos? O trabalho doméstico foi o trampolim para a escola. Na casa de uma família, no Bairro Cidade Nova, Elizabeth conseguiu o primeiro emprego, onde recebia um salário mínimo, mais moradia. Durante o dia, lavava, passava, cozinhava, deixava a casa limpa e olhava uma criança. À noite, seguia para a escola. “O trabalho não me prejudicou em nada, pelo contrário, me ajudou e muito”, garante.

A mineira de Cipotânea, hoje nutricionista e esteticista, assim como a ministra do Tribunal Superior do Trabalho (TST) Delaíde Miranda Arantes, faz parte de um grupo de empregadores que não criará qualquer tipo de resistência para fazer valer a Lei das Domésticas, em vigor desde quarta-feira. São as mulheres que começaram a vida trabalhando em casas de família, ascenderam profissionalmente e hoje estão do outro lado da mesa de negociação. Se não todas, a maior parte das ex-domésticas concordam integralmente com os direitos adquiridos pela categoria à qual já pertenceram.

Na semana da promulgação da nova lei essas ex-trabalhadoras do setor avaliam a norma e esperam que ela leve mais profissionalização ao trabalho no lar. “É uma profissão como todas as outras, com direitos a receber e deveres a cumprir”, diz Elizabeth, que em Belo Horizonte cumpriu sua meta com folga. Há quase 15 anos ela trabalha como esteticista. Há sete, festejou o diploma de nutricionista, atividade que exerce com agenda disputada de clientes no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul da cidade. Para ajudá-la com os cuidados de sua casa, a nutricionista contrata trabalhadores domésticos e há cinco anos tem uma diarista. “Quando tiver filhos, terei que contratar com carteira assinada, com todos os direitos”, planeja.

Delaíde Arantes, ministra do TST, foi doméstica no interior de Goiás:
Delaíde Arantes, ministra do TST, foi doméstica no interior de Goiás: "Aquele tempo me ajudou a valorizar esses trabalhadores" (foto: Viola Junior/Esp. CB/D.A press)
A ministra Delaíde Miranda Arantes tem duas empregadas: uma na residência de Brasília e outra na de Goiânia. Ambas estão avisadas de que os benefícios listados na nova legislação serão automaticamente incluídos nos contratos, embora pontos principais como a jornada semanal de 44 horas e o recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) já viessem sendo adotados pela ministra, que é ex-doméstica. "Elas são tão importantes para mim quanto os meus assessores no tribunal. É por causa delas que posso trabalhar tranquila", compara.

Quando deixou a zona rural para viver em Pontalina, no interior de Goiás, Delaíde encarou a labuta na casa de uma família, onde era responsável por cuidar de tudo. "Aquele tempo (quase um ano) me ajudou a compreender e a valorizar esses trabalhadores", diz. A foto dos ex-patrões, com quem mantém contato até hoje, ocupa lugar de destaque em uma das prateleiras do gabinete. Eles, inclusive, prestigiaram a posse da ministra em 2011. "Não trabalhei em regime de exploração, diferentemente de muitas por aí", afirma.

Profissionalização


Marcos Avelino, presidente da ONG Doméstica Legal diz que a PEC das Domésticas pode a médio prazo melhorar a profissionalização do setor, desde que os empregadores invistam com recursos próprios em qualificação. No mais, ele não considera que o segmento se tornará mais atrativo para novas gerações. “A importação de mão de obra para a atividade deve crescer, como ocorreu em países como os Estados Unidos”, considera.

O emprego doméstico também faz parte do currículo da ex-modelo brasileira Luiza Brunet, que brilhou nas passarelas nos anos 80. Em entrevista à imprensa, Luiza Brunet já revelou que aos 12 anos trabalhava para ajudar a família no Rio de Janeiro. A modelo declarou também que essa foi uma fase importante de sua vida e que o trabalho a ajudou a aprender e se tornar uma mulher organizada.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)