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Estado de Minas

Juros baixos mudam perfil das aplicações

Rentabilidade menor exige que investidor escolha a opção que garanta um objetivo


postado em 24/02/2013 07:00 / atualizado em 24/02/2013 07:16

Zulmira Furbino


(foto: Arte/EM/DA Press)
(foto: Arte/EM/DA Press)
A mudança na taxa de juros básica da economia do Brasil (Selic), que caiu de 12,5% ao ano em julho de 2012 para os atuais 7,25% (desde o fim de novembro do ano passado), deixou os investidores brasileiros à deriva. Desascostumados a ver o rendimento das suas economias andando para trás, como ocorreu recentemente com aplicações financeiras tradicionais (poupança e CDB), os brasileiros ainda se mostram resistentes em mudar suas aplicações financeiras para destinos mais arriscados. Dados da Associação Brasileira das Entidades de Mercado Financeiro e de Capitais (Anbima) retratam a relutância dos investidores.

Segundo a Anbima, o patrimônio líquido da indústria de fundos no Brasil era de R$ 2,3 bilhões na terça-feira. Desse total, 32% dos recursos continuam aplicados em renda fixa e 10% em fundo DI referenciado, que são aplicações conservadoras. Apenas 8,78% do total estão alocados na renda variável. Já os fundos multimercado representam 20,3% do bolo. Além disso, mesmo com os rendimentos perdendo para a inflação, a captação líquida da caderneta de poupança (diferença entre depósitos e saques) bateu o recorde histórico em 2012, saindo de 14,186 bilhões em 2011 para R$ 49,719 bilhões no ano passado. O recorde anterior foi em 2010, com R$ 38,681 bilhões.

Segundo a Anbima, no novo cenário há duas saídas para os investidores: poupar mais ou dirigir os seus recursos para investimentos com retornos maiores, porém mais arriscados. Será preciso que os investidores façam uma análise mais criteriosa dos seus investimentos, avaliando se as alternativas escolhidas atendem ao seu perfil e os objetivos desses investimentos. Alexsandra Braga, presidente do Comitê de Educação de Investidores da Anbima, afirma que em 2013 os investidores sentirão plenamente o impacto das quedas de juros promovidas ao longo de 2012.

“Os brasileiros terão que refletir sobre seus objetivos de vida e adotar estratégias financeiras adequadas para atingi-los”, sustenta Braga. Para ela, os investidores não devem procurar o investimento perfeito, porque ele não existe. O que há são opções adequadas para o perfil de cada um. “Quando vamos viajar, primeiro escolhemos o destino, depois começamos a pensar no meio de transporte. Não faz sentido viajar de avião se não sabemos onde queremos chegar”, observa. De acordo com a especialista, o mesmo acontece no universo dos investimentos. “Primeiro precisamos refletir sobre os nossos objetivos para depois escolher as opções de aplicação financeiras mais adequadas”.

Isso significa que o investidor precisa entender por quanto tempo pode deixar o dinheiro aplicado, levando em conta seus objetivos de vida, ao invés de olhar para o produto e pensar apenas na maior rentabilidade. As opções vão desde a clássica caderneta de poupança, que teve a rentabilidade reduzida no ano passado para taxas Selic abaixo de 8,5%, à renda variável, fundos multimercado, fundos imobiliários, de renda variável, aquisição de imóveis e até investimentos em seu próprio negócio. Cada um com suas vantagens e seus riscos.

“A elevação da captação da poupança não tem lógica financeira. As pessoas continuam aplicando na caderneta porque trata-se de um investimento seguro (o governo garante depósitos de até R$ 70 mil) e porque já conhecem essa aplicação”, avalia Paulo Vieira, consultor e professor de finanças e investimentos. No ano passado, a poupança nova passou a remunerar os depósitos com a TR mais 70% da Selic, sempre que a taxa estiver abaixo de 8,5% ao ano. Com isso, os rendimentos em 12 meses (para Selic a 7,25% ao ano) estacionam em 5%. Só para comparar, no ano passado a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou em 5,84%.

Mercado
Para André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, uma das boas opções para os investidores este ano é a bolsa de valores. “A bolsa está barata. Muitas empresas sofreram com o conjunto de notícias ruins do ano passado e essas notícias tendem a não se repetir”. Ele lembra, por exemplo, que a queda dos juros impactaram negativamente os bancos, mas que a Selic não vai continuar caindo. Por outro lado, Perfeito acredita que ainda que os juros subam, a alta não será tão forte a ponto de atrapalhar um dos setores que mais vêm crescendo no país, o de construção civil. “No mercado de capitais, os setores mais atrativos são os que foram mais castigados no ano passado, como petróleo, bancos e comodititres em geral”.

De acordo com Marcelo Domingos, sócio da gestora de fundos DLM Invista, os investimentos do passado já não fazem nenhum sentido na realidade de juros na casa do um dígito em que vive o Brasil. “Aos poucos, o investidor está se dando conta de que os investimentos tradicionalmente alocados na renda fixa, que antes rentabilizavam 1% ao mês, hoje entregam metade disso”. Segundo ele, se quiserem remuneração melhor, será preciso arriscar mais, partindo para fundos multimercado e de ações, que possuem excelente potencialidade, além de outros investimentos mais sofisticados. “Há fundos multimercado que rentabilizam 130% do CDI, mas esses são os mais arriscados. Essas duas classes de aplicação financeira têm crescido no país”.

AS OPÇÕES DISPONÍVEIS

Principais aplicações financeiras e a rentabilidade de cada uma


CDB

Os tradicionais fundos de renda fixa perderam atratividade com a redução dos juros na economia e as taxas de administração cobradas pelos bancos ficaram altas. Em geral, a rentabilidade é de no máximo 100% do CDI. Quanto menor é o valor a ser aplicado, maior é a taxa. Os pequenos investidores devem pesquisar. Para render mais do que a inflação, ela deve ser de no máximo 1% ao ano.


Poupança
Com a redução das taxas de juros, a poupança ficou mais atrativa do que os fundos de investimento, por isso a rentabilidade da caderneta foi reduzida. Com a Selic a 7,25% ao ano, em 12 meses a rentabilidade do dinheiro aplicado na poupança é de 5%. Em 2012, o IPCA ficou em 5,84%. Isso quer dizer que se os juros não subirem, os rendimentos da poupança possivelmente continuarão perdendo para a carestia.

Fundos multimercado
A rentabilidade dos mais arriscados pode chegar a 130% do CDI. Para as pessoas físicas, isso faz toda a diferença, porque nos bancos os CDBs pagam no máximo 100% do CDI. Esse tem sido um dos principais destinos de migração dos tradicionais investimentos em renda fixa no país. Os fundos são mais atrativos porque oferecem rentabilidade maior. Eles são opções mais sofisticadas e os primeiros a migrar em sua direção foram os grandes investidores.

Bolsa
Há basicamente duas maneiras de aplicar no mercado de capitais. Diretamente, por meio de corretoras, ou aderindo aos fundos de investimento em renda variável. Trata-se de um investimento rentável a longo prazo. Os analistas dizem que é essa a melhor opção para quem está pensando em juntar dinheiro para a aposentadoria. Como a bolsa está em baixa, é um bom momento para investir em ações, desde que o investidor possa esperar para resgatar o montante investido.

Tesouro Direto
Continua a ser uma opção mais interessante para investidores conservadores. É possível investir a partir de R$ 200. E não há cobrança de taxa de administração. Como a taxa básica de juros está em queda, o ideal para quem vai entrar agora é optar por uma modalidade que garanta pelo menos a inflação. É importante pesquisar as instituições que cobram uma taxa de custódia mais baixa. O ideal é manter os títulos na carteira por cerca de dois anos.


Imóveis
O investidor ganha duas vezes quando aplica em imóvel. A primeira é com a rentabilidade do aluguel, que varia hoje de 0,4% a 0,6% ao mês, dependendo da região e tipo de imóvel. A outra é a valorização bruta do imóvel, que está na média de 1,2% a 1,5% ao mês na capital, ou 14% a 18% ao ano. Há o incoveniente de ter pouca liquidez, o que prejudica no caso de o investidor precisar fechar a venda com urgência.

Fundo imobiliário
O rendimento tem sido de 0,8% a 0,9% ao mês. A aplicação funciona da seguinte forma: o investidor compra uma cota do fundo, que tem várias aplicações em imóveis. Pode ser investimento interessante no momento, mas analistas financeiros avaliam que é mais conservador do que a compra do imóvel. Outra vantagem é que o investidor não paga Imposto de Renda sobre o rendimento.


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