Cádiz (Espanha) – No mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff chegou à Espanha, foi confirmada a segunda recessão na Zona do Euro desde 2009. Os números revelam o desastre econômico europeu a partir de uma redução do Produto Interno Bruto (PIB) em 0,1% no terceiro trimestre deste ano. Apenas Alemanha e França apresentaram crescimento irrisório, de 0,2%, o que está longe de servir de salvação para países como Grécia, Itália e Espanha, onde Dilma desembarcou na noite de ontem para participar da XXII Cúpula Ibero-Americana de Chefes de Estado e Governo, que começa hoje em Cádiz, a 650km de Madri.
Com o anúncio da recessão — estabelecida por economistas quando ocorre uma período de seis meses de retração — nos países europeus, as bolsas caíram em Frankfurt (-0,82%), Londres (-0,77%), Paris (-0,52%). Curiosamente, a bolsa de Madri foi a única da região que apresentou uma ligeira alta, de 0,29%.
CONTRATOS Enquanto a situação macroeconômica se agrava, a presença de Dilma Rousseff deve estimular acordos pontuais para os trabalhadores europeus, mais precisamente os espanhóis. Durante encontros com o presidente do governo da Espanha, Mariano Rajoy, e o rei Juan Carlos, que ocorrerão em Madri, na segunda-feira, um dos temas tratados será a flexibilização nos acessos a vistos de trabalho espanhóis no Brasil. As negociações são mais uma prova de que a correlação de força entre os dois países se inverteu. Há menos de 10 anos, era impossível imaginar a busca frenética de europeus pela emigração rumo ao Brasil.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que o total de estrangeiros vivendo em terras brasileiras em 2010 aumentou 53% em relação a 2000. Hoje, 268 mil estrangeiros vivem no Brasil.
Em relação aos espanhóis, números apontam a disposição do governo do país europeu de reduzir os entraves de entrada de brasileiros em busca de reciprocidade. Em 2010, o número de barrados nos aeroportos de Madri e Barcelona chegou a 1.695, reduzindo-se a 1.419, em 2011, e apenas 90 nos três primeiros meses deste ano. Entre maio, junho e julho, menos de 70 pessoas foram rejeitadas.