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Estado de Minas

Alívio do IPI foi insuficiente para reversão do quadro negativo da indústria

Faturamento do setor deve cair 3,08% em MG


postado em 08/08/2012 06:00 / atualizado em 08/08/2012 07:34

Costura difícil para confecções: segmento têxtil está com a produção embaixa há 15 meses(foto: EULER JÚNIOR/EM/D.A PRESS - 13/4/11)
Costura difícil para confecções: segmento têxtil está com a produção embaixa há 15 meses (foto: EULER JÚNIOR/EM/D.A PRESS - 13/4/11)
Apesar dos esforços do Palácio do Planalto para reduzir o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de alguns setores, como forma de impulsionar o consumo no país, a indústria mineira não vai fechar o ano com resultados positivos, sobretudo no faturamento, que deve cair 3,08%, e na produção física, com recuo previsto de 0,27%. Os indicadores foram estimados ontem pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), depois de uma pesquisa da entidade constatar que no primeiro semestre houve retração de 3,51% no faturamento. Em nível nacional, porém, houve aumento de 3,1% nos primeiros seis meses do ano, segundo levantamento da Confederação Nacional das Indústrias (CNI).

O resultado nacional também não é motivo de muito orgulho: “Reflete muito mais a presença de importados nas vendas da indústria brasileira do que uma melhoria no quadro do setor”, explica o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco. Para piorar, pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), também divulgada ontem, constatou que a atual produção da indústria mineira está 4% inferior ao apurado no segundo semestre de 2008, início da crise internacional, a mesma que levou o governo a baixar a alíquota de impostos para fomentar o consumo. No Brasil, tal percentual está negativo em 5,3%.

No entender de Guilherme Veloso Leão, da Gerência de Estudos Econômicos da Fiemg, não há sinais de que nem no próximo ano o setor no estado volte a registrar o desempenho de quatro anos atrás. “Ainda não há clareza de que em 2013 a indústria consiga recuperar o patamar de antes da crise. Mesmo que tenhamos um cenário melhor para a economia mundial no ano que vem, será uma retomada lenta. No cenário interno, vai havendo um esgotamento, por mais que o governo dê incentivos tributários, de modelo baseado no consumo, porque isso tem limites. Há o outro lado da renda, do endividamento das famílias. Não podemos esperar que o mercado interno tenha curva de crescimento tão forte que supra o mercado externo”, avalia Leão.

Confiança


Diante disso, o chamado Índice de Confiança do Empresário Industrial de Minas Gerais (Icei-MG), também divulgado ontem pela Fiemg, caiu de 55,4 pontos em junho para 52,1 pontos em julho. “Embora ainda positivo, pois está acima de 50 pontos, o índice de confiança vem recuando, o que mostra queda na atividade industrial nos próximos meses”, pondera Leão. Para o presidente do Conselho de Política Econômica e Industrial da entidade, Lincoln Gonçalves Fernandes, o recuo do faturamento se deve, em grande parte, à concorrência no mercado doméstico.

“O aquecimento do segundo semestre, porém, não deverá ser suficiente para compensar as perdas acumuladas até agora”, lamenta Fernandes, que também tomou conhecimento da pesquisa do IBGE. Nela, a produção da indústria mineira cresceu 1,3% em junho, superando a média nacional (0,2%). Mas o resultado positivo não foi capaz de reverter o mesmo indicador no acumulado do ano (-1,4%) e no confronto com os últimos 12 meses (-1,6%).

Seis dos 13 ramos pesquisados em Minas acumularam perdas na comparação entre o primeiro semestre e o mesmo intervalo do ano anterior. Os impactos maiores ocorreram na metalurgia básica (-6,4%) e veículos automotores (- 6,5%). Alguns segmentos, porém, estão com a produção em baixa há mais de um ano. É o caso do de alimentos (13 meses), do refino de petróleo e álcool (14 meses) e do têxtil (15 meses).

Não é difícil entender qual é a causa do resultado negativo do último ramo. O maior problema se deve à concorrência desleal com os produtos importados da China, que chegam aqui com preço bem mais baixo e com qualidade bem superior a de outros tempos. Os resultados da produção industrial apurados pelo IBGE também são negativos em nível nacional. Houve queda de 3,8% na produção no primeiro semestre de e 2,3% nos últimos 12 meses. A entidade pesquisou 14 estados. A produção foi positiva em apenas cinco, com destaque para Goiás (9,5%), que apresentou a maior alta em 12 meses.

Ritmo reduzido

Apesar de a indústria nacional ter registrado queda na quantidade de horas trabalhadas (recuo de 1,4%) e na utilização da capacidade instalada (queda de 1,2 ponto percentual) no primeiro semestre, o crescimento médio dos salários não seguiu a trajetória baixa e saltou 6,8% no período. Esse aumento, de acordo com Flávio Castelo Branco, da CNI, é justificado pelo reajuste do salário mínimo, pelo baixo índice de desemprego no país e pelo alto custo de contratação e dispensa de empregados, o que “obriga” muitas empresas a manter o quadro de funcionários.

Dos 19 segmentos estudados, 15 registraram recuo nas horas trabalhadas (veja quadro) e 11 tiveram redução no uso da capacidade instalada. Destaque para o de couros e calçados (- 6,6%), o de produtos de metal (- 6,2%), o de têxteis (- 5,8%), o de vestuário (- 5,6%), o de material eletrônico e de comunicação (- 5,5%), o de veículos automotores (-5,4%) e o de madeira (- 5,2%).

Por outro lado, o faturamento subiu 3,1% e o emprego ficou estável no mesmo período. Parte do aumento do faturamento se deve ao salto de 2,9% em junho. Contudo, segundo o economista da CNI, “o crescimento (desse indicador) reflete muito mais a presença de importados nas vendas da indústria brasileira do que uma melhoria no quadro do setor”.

Ele lamenta ainda que a indústria brasileira opere em um cenário desfavorável, no qual a retração da demanda mundial e antigos problemas estruturais do Brasil, como a elevada carga tributária e a infraestrutura deficiente, tiram a competitividade do produto nacional nos mercados interno e externo. A pesquisa concluiu ainda que, em média, a indústria brasileira operou com 80,8% da capacidade instalada em junho. Foi o menor patamar desde setembro de 2009. (PHL)


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