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Estado de Minas

Brasil ainda precisa de reformas estruturais para continuar crescendo


postado em 08/07/2012 09:15

Más condições nas estradas é um dos gargalos na área dos transportes(foto: Renato Weil/EM/D.A Press)
Más condições nas estradas é um dos gargalos na área dos transportes (foto: Renato Weil/EM/D.A Press)
Mais do que comemorar os avanços trazidos pelo Plano Real, que atinge a sua maioridade, o Brasil deve se dedicar à árdua tarefa de desobstruir os caminhos que impendem o crescimento sustentado da economia. É Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central e um dos pais do mais longevo pacote de estabilização do país, quem diz: “Fizemos muito ao longo dos últimos 18 anos, mas há uma etapa enorme a ser cumprida”. A começar pela retomada das reformas estruturais – tributária, trabalhista e da Previdência Social —, vitais para estimular os investimentos produtivos que tenderão a alçar o Brasil mais rapidamente ao mundo desenvolvido. “São tarefas para o atual governo e para os seguintes”, completa ele, na última reportagem da série Maioridade do real, que o Estado de Minas publica desde domingo passado.

Apesar do diagnóstico preciso e da urgência do Brasil de se livrar do atraso, a paralisia é gritante. Não à toa, a economia se debate para sair do atoleiro provocado pela crise mundial, apesar de a taxa básica de juros (Selic) estar no menor nível da história, 8,5% ao ano, e de todos os estímulos dados pelo governo ao consumo. Um claro sinal de que o modelo de crescimento defendido pelo governo se esgotou. “Os problemas do país — a excessiva carga tributária, a intervenção governamental na economia, a infraestrutura deficiente e as dificuldades burocráticas de fazer negócios – decorrem de políticas econômicas que, talvez, tenham feito sentido no passado, mas hoje são disfuncionais", completa Arida.

O resultado disso é uma fatura que está se tornando cada vez maior para a sociedade. “E o grande risco é de buscar atalhos”, alerta Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central. Não sem motivo. Mesmo com a garantia da presidente Dilma Rousseff de que seu governo não será marcado por aventuras, seja no controle da inflação, seja no cumprimento das metas fiscais, de 3,1% do Produto Interno Bruto (PIB), a tentação pelo populismo é enorme. “Tem se optado por medidas com grande apelo entre os consumidores, quando o ideal seria comprar briga com o corporativismo e com interesses eleitoreiros”, complementa Luís Otávio de Souza Leal, economista-chefe do Banco ABC Brasil. “Infelizmente, mesmo com o futuro escancarado à nossa frente, vivemos no curto prazismo, uma herança dos tempos de hiperinflação”, assinala a economista Zeina Latif.

CONTRA O TEMPO Com o relógio correndo contra e as adversidades mundiais se agigantando, a hora é de partir para o ataque. Em vez de medidas paliativas, como desonerações tributárias a setores com forte lobby em Brasília, chegou a hora de o país discutir um corte geral de impostos para todos os setores da economia. É verdade que o tamanho excessivo do Estado, dominado pela burocracia e pela corrupção, impede ações mais vigorosas no alívio da carga tributária que chega a 37% do Produto Interno Bruto (PIB). “Mas o corte de impostos poderia ser acompanhando de um amplo processo de privatização, de concessões ao setor privado de portos, rodovias, aeroportos. Está provado que o setor público não tem mais capacidade para fazer os investimentos que a economia precisa para se modernizar”, afirma Leal, do ABC Brasil.

A incapacidade do governo pode ser medida pela execução de obras de infraestrutura. Os desembolsos neste ano aumentaram apenas 2% em relação a 2011. “O setor privado está sendo obrigado a arcar com um Estado que não cabe mais na economia”, resume José Velloso, vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). “Chegamos ao limite. O país precisa urgentemente de um choque de produtividade. Vencemos a hiperinflação, mas há um custo Brasil que está matando o setor produtivo, que encolhe há nove meses seguidos”, acrescenta Reginaldo Gonçalves, professor de economia da Faculdade Santa Marcelina (SP).

ENTRAVES ESTRUTURAIS
Que o diga Augusto Espeschit de Almeida, presidente da Arcelor-Mittal Aços Longos América do Sul, subsidiária do maior grupo siderúrgico do mundo. “O Brasil, cujo Plano Real nos alçou a um novo patamar, precisa enfrentar a necessidade de reformas estruturais para continuar a avançar nas conquistas econômicas e sociais obtidas até aqui e a ter papel destacado entre as principais economias do globo”, diz. Vítor Wilher, consultor do Instituto Millenium. Também pessimista, o maior acionista do grupo Gerdau, Jorge Gerdau Johannpeter, que preside o Grupo de Competitividade do governo, diz que o país precisa continuar vigilante para que a ineficiência não permita o retorno do dragão inflacionário, alimentado por desequilíbrios das contas públicas, controladas hoje, apesar das fortes pressões para afrouxá-las.


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