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Estado de Minas

MG deve colher 7 mi de toneladas de milho, alcançando o topo do ranking

Com a saca 20% mais barata este ano, preço da carne de porco também fica estável


postado em 22/05/2012 06:00 / atualizado em 22/05/2012 07:28

A boa safra de milho no estado e a quebra da produção no Sul do país garantem a Minas o título de maior produtor nacional do grão. Com a colheita de 7 milhões de toneladas prevista pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o estado ultrapassa o Paraná, que até então liderava o ranking dos estados. A produção em alta já fez o preço do produto cair cerca de 20% estse ano e vai esquentar os festejos de São João com boa oferta de milho verde na palha, pamonha, bolos, canjicas e até da pipoca. Além disso, os suínos que dão sabor à canjiquinha típica do inverno também saem da fazenda com preços mais baixos que em 2011.

A temporada de festas vai ser aberta em pouco mais de uma semana, com expectativas de boa colheita não só em Minas, mas também mundo afora, o que tem freado os preços do alimento preferido nas quadrilhas e animado o comércio e o setor de serviços típicos. Há 20 anos trabalhando no segmento de bufês – e há seis com atendimento especializado para festas juninas –, a empresária Nancy Rosa já tem programadas 20 festas juninas. Ela diz que o milho é de longe o carro-chefe da temporada. Segundo a empresária, entre um ano e outro os serviços são ajustados de acordo com a inflação do período, mas, quando existe alta da matéria-prima, os preços do bufê junino costumam subir de 3% a 5% além do previsto pela inflação, o que não deve ocorrer esse ano.

No Mercado Central, praticamente não houve variação de preço, em 12 meses, para o item mais utilizado nas receitas típicas de inverno (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
No Mercado Central, praticamente não houve variação de preço, em 12 meses, para o item mais utilizado nas receitas típicas de inverno (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)

Em Minas, a cotação do grão vem registrando quedas. Em janeiro, na abertura do ano, a saca do milho custava em média R$ 25,71. Neste mês, a cotação se aproxima dos R$ 20. No período, o preço do produto caiu cerca de 22%, segundo levantamento da Scot Consultoria. Também no país o grão segue com pressão de baixa. A boa notícia para o consumidor é que, além de servir para fazer pipoca e pamonha, o milho é responsável por 80% dos custos da ração animal, ou seja, quando o preço do milho cai ele segura o da carne.

Na ponta da cadeia, Dásio Pinheiro, diretor da Associação de Suinocultores de Minas Gerais (Asemg), diz que para os produtores as contas não são favoráveis. Segundo ele, a redução do valor do milho não neutralizou a alta do farelo de soja, componente que representa 20% dos custos da ração. Em dois meses, a tonelada saltou de R$ 590 para R$ 900. Segundo Dásio Pinheiro, o custo de produção em Minas é de R$ 2,62, mas o quilo do suíno está sendo vendido aos frigoríficos por R$ 2,50. “No ano passado, em maio, o quilo estava em R$ 2,85. Nossa expectativa é de que, com a chegada do frio, o consumo cresça e o preço melhore um pouco. Está muito apertado para o produtor.”

Anderson de Paula é sócio-proprietário de um bufê na capital. No ano passado, sua empresa inaugurou serviços juninos. “Não há razão para os custos subirem. O preço de algumas carnes até caiu”, confirma.

Para Antônio Sérgio Tavares, que está à frente do Império dos Cocos, no Mercado Central, os preços do milho de pipoca e da canjica estão iguais aos do ano passado, variando entre R$ 1,5 e R$ 2 por quilo, em média. “O consumidor vai poder levar para casa produtos típicos com preços bem em conta, não houve alta”, diz o comerciante. Segundo ele, os reajustes ficaram por conta do coco e do leite condesado.

A empresária Marise Rabelo está no ramo há quase 30 anos e diz que a demanda é garantida. “Mesmo com crise, as pessoas não deixam de fazer festa junina. A alta de uma ou outra matéria-prima também não compromete o cardápio porque nós fazemos substituições.”

 

Crescimento de 13% em MG

 

Analista de agronegócio da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso aponta que a expectativa da Conab para a safra de milho colhida em Minas de março a abril é de crescimento de 13%, enquanto a colheita nacional para a mesma safra, estimada em 35,7 milhões de toneladas, deve recuar 0,6%. Mas a safrinha, ou segunda safra, deve garantir o abastecimento. Com bom clima, a produção nacional de milho vai ultrapassar os 30 milhões de toneladas nessa safrinha. No total, são previstas 65,9 milhões de toneladas, ou 14,8% mais milho na comparação com a safra anterior.

 Segundo analistas, o aumento da produção de milho na safrinha esperado no Paraná quase neutraliza a quebra verificada no verão na Região Sul (que é a mais sensível em termos de abastecimento do grão).

Boas notícias de safra do outro extremo do continente também trazem repercussões de baixa nos preços nacionais. “As expectativas nos Estados Unidos também são de boa colheita”, aponta Aline Veloso. Segundo relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês), os estoques mundiais estão estimados em 127,56 milhões de toneladas, volume 2,5% maior que o registrado no fim da temporada passada. Já a produção americana deve crescer 20% em relação ao ano passado, atingindo 375 milhões de toneladas (MC).

 

Recorde no café na estocagem

 

O Brasil se prepara para uma safra recorde também de café. A estimativa da colheita de 50,4 milhões de sacas, um crescimento de 16% frente ao ano passado, já estimula a queda de preços da bebida preferida dos brasileiros. Nos últimos quatro meses, a saca (60 quilos) sofreu desvalorização próxima aos 20%. E para evitar que os preços da commodity despenquem forçando a entrega do grão abaixo do custo da produção, o que compromete as safras futuras, o governo anunciou recursos de R$ 4,5 bilhões para estocagem. O valor é mais que o dobro da verba disponibilizada no ano passado, que não alcançou R$ 2 bilhões.

A partir de junho, serão liberados R$ 2,5 bilhões do Fundo de Defesa da Economia Cafeeira (Funcafé) e R$ 2 bilhões de bancos privados. A intenção é que a safra colhida em três meses seja negociada ao longo de 12 meses. Os estoques fazem parte da estratégia para evitar que uma grande quantidade do grão inunde o mercado, derrubando os preços. Breno Mesquita, presidente da Comissão de Café da Federação da Agricultura de Minas Gerais (Faemg), aponta que os recursos vão garantir preços firmes em patamares iguais ou superiores aos atuais R$ 390. “O custo da produção varia de R$ 250 a R$ 400 por saca.”

Segundo Breno, a reserva mundial está baixa, são 20 milhões de sacas para um consumo de 139 milhões de sacas/ano. Já o estoque nacional é equivalente a dois meses de consumo. A linha de crédito vai ter taxas anuais de juros variando de 6,5% a 6,75%, com carência de seis meses. 


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