O brasileiro começa a buscar novas oportunidades de intercâmbio. Além de aprender outro idioma, passear e conhecer novas culturas, a viagem tem somado pontos para os interessados em trabalhar com estrangeiros durante a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016, que acontecem no Brasil. As agências de turismo comemoram o fato de as vendas de intercâmbio estarem em ritmo de crescimento de até 20% em relação ao mesmo período de 2011.
“Os dois eventos geram muitas oportunidades de emprego, tanto na rede hoteleira como nas agências de turismo, trabalho em estádios e na mídia”, afirma José Carlos Vieira, diretor do Number One Intercâmbio. As vendas na empresa aumentaram em torno de 15% neste ano, na comparação com o mesmo período de 2010. “Hoje, o inglês é pré-requisito. E a vivência internacional é muito importante. A pessoa passa a ter mais capacidade de mudança e de relacionamento. E não são só os jovens. Temos sido procurados até por clientes da terceira idade”, ressalta Vieira.
Os países mais demandados têm sido Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, Nova Zelândia e Austrália. Na Central do Estudante, o gerente Fernando Passos espera aumento de vendas dos cursos de intercâmbio de 20% em relação ao ano passado. “Temos visto muita gente usando o período de férias para ir ao exterior. O objetivo tem sido a busca pela fluência no idioma e a aceitação no mercado de trabalho”, afirma Passos. A Copa do Mundo e as Olimpíadas, diz, acabam sendo grandes incentivadores. “O Brasil fica mais em evidência”, ressalta. E engana-se quem acha que são só os jovens que vão estudar fora. “O público é de todas as idades. Temos desde adolescentes com 12 e 13 anos até pessoas com idade entre 70 e 80 anos. Outro dia mandei uma senhora de 88 anos para estudar alemão”, diz.
A economia brasileira está em bom momento para a contratação de profissionais, mas muita gente não está preparada para os cargos abertos, avalia Santuza Bicalho, presidente do Student Travel Bureau (STB). Ela também sente aumento de demanda por cursos no exterior não só entre jovens, como também por executivos. “A pessoa quer se qualificar para o mercado de trabalho. E além do inglês, muita gente tem buscado outros cursos de extensão universitária”, afirma.
A estudante de relações internacionais Izabella Carvalho já fez três intercâmbios: dois no Canadá e um na Espanha. Ela fala inglês e espanhol e agora se prepara para estudar francês. Em julho ela embarca para Nice (França) e em setembro vai para Bilbao (Espanha). Ao todo, vai ficar seis meses fora do país. Durante a Copa e a Olimpíada, Izabella pretende trabalhar como voluntária. “Pouca gente fala inglês aqui no Brasil.” Ela pôde comprovar isso quando passeou durante 22 dias com uma amiga alemã pelo país. “Tivemos muita dificuldade. Ninguém falava inglês. Nem mesmo em lugares como o Cristo Redentor, aeroportos e rodoviárias”, diz. Os intercâmbios ajudam ainda Izabella a se preparar para a vida profissional. “No meu curso, saber outro idioma é um diferencial”, ressalta.
Idiomas
A fluência em um segundo idioma muitas vezes é fundamental na decisão da contratação, afirma Hegel Botinha, diretor comercial do grupo Selpe, focado em recrutamento e seleção. A empresa trabalha desde níveis de trainees a executivos. “O contato com outras culturas, em entender novos mundos, lidar com situações desafiantes, promove o desenvolvimento do profissional. Dentro das organizações ele passa a ser mais importante”, explica Botinha. Para os interessados em determinadas funções no período da Copa do Mundo, o segundo idioma vai ser muito importante, avalia.