(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas EM BUSCA DE TRABALHO

Os excluídos do pleno emprego

Experiências profissionais, formação escolar sólida e inglês fluente estão longe de garantir uma vaga na Grande BH das taxas de desemprego mais baixas desde 2006


postado em 08/04/2012 07:58 / atualizado em 08/04/2012 08:05

Para os 124 mil desempregados na Região Metropolitana de Belo Horizonte que buscam uma oportunidade, o anunciado pleno emprego parece distante. A taxa de desocupação, de 5,1%, na Grande BH está no menor nível já registrado na série histórica da pesquisa realizada desde janeiro de 2006 pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fundação João Pinheiro e Secretaria de Estado do Trabalho e Emprego. O cálculo é de fevereiro, último dado disponível, que repetiu o comportamento de janeiro, medido sobre a população economicamente ativa (a PEA é o conjunto de empregados e de gente em busca de uma atividade). Ainda à espera de uma recolocação, esses trabalhadores tentam nova chance há seis meses e meio, em média, ou seja,


28 semanas. Mas se engana quem acredita que o que falta a eles é qualificação, aliada à experiência. Profissionais com vivência no exterior, conhecimento fluente em língua estrangeira e especialização também enfrentam a batalha nas agências de seleção de mão de obra e nos departamentos de recursos humanos. Em comum, está a procura incansável a partir da entrega de currículos, pessoalmente e usando os sites especializados e as redes de relacionamento. O uso mais ou menos intenso dessas ferramentas e a eficácia delas variam de acordo com o perfil de cada um. O Estado de Minas acompanhou a rotina de cinco desempregados de distintas áreas de formação para mostrar as dificuldades na caçada por uma vaga em BH e no entorno da capital mineira.

Exigências extrapolam currículo

Segundo especialistas em mercado de trabalho, há um contrasenso evidente entre aqueles profissionais que estariam superpreparados para atender a demanda das empresas e o argumento de parte delas de que falta mão de obra qualificada. É o que pode estar por trás do espanto da administradora Mariana Lopes Ribas ao ouvir que seu currículo, recheado com experiências internacionais e conhecimento em língua estrangeira, está excessivamente qualificado. Para Sócrates Melo, executivo da Robert Half, especializada no recrutamento de trabalhadores de média e alta gerência, o primeiro passo para profissionais na situação de Mariana é avaliar o cenário da economia para contratações. “É importante saber o que se procura, o momento vivido pelo país e também pelas empresas”, avalia.

A sócia-diretora da Veli Soluções em RH, Lizete Araújo, acrescenta: “É preciso averiguar se a função, o cargo e a remuneração procurados estão compatíveis tanto com as necessidades do mercado quanto com a experiência e perfil que o candidato tem a oferecer”, explica. Apesar de cada vez menos frequentes, casos como o da administradora Mariana ocorrem e são reforçados pelo ex-gerente de marketing digital, Henrique de Carvalho Madureira. “Os profissionais mais qualificados têm de aprender a direcionar a procura de forma acertiva para empresas que valorizem o seu perfil”, diz a especialista.
E há mais providências a tomar. “É necessário que o profissional tenha consciência sobre possíveis objeções no mercado, para que seja traçado um plano de superação desses obstáculos. Isso inclui pôr na balança a disposição de abrir mão do cargo pretendido ou da remuneração e até aceitar a mudança de cidade e estado”, avalia Lizete Araújo. Recorrer a rede de relacionamentos também está entre as estratégias mais utilizadas. “Em geral, esses profissionais têm bons contatos que já conhecem o seu trabalho, garantindo melhor acesso às oportunidades”, avalia Sócrates Melo, da Robert Half.

Ainda é preciso ter em mente que quanto mais elevado o cargo, menores são as chances de manobra no mercado. “Para média gerência, ainda há um volume de cargos maior, mas para alta gerência a função é única, não há tanta segmentação e é preciso trabalhar ainda melhor essa rede de contatos”, observa Sócrates Melo. O executivo estima que para profissionais com esse nível de formação a média de tempo necessário para a conquista de uma nova posição chega a três meses.

(foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
(foto: Beto Magalhães/EM/D.A Press)
Mariana Lopes Ribas, 29 anos


>> Formação: administradora de empresas, com MBA em gestão em marketing.
>> Tempo de procura por emprego: cinco meses.
>> Último cargo: coordenadora de marketing.
>> Como busca se recolocar
O primeiro passo foi inscrever o currículo em sites de empresas especializadas em recrutamento. Depois, Mariana selecionou grandes organizações nas quais gostaria de trabalhar, a maioria multinacionais, e cadastrou seu currículo pela internet. “Mais tarde, descobri algumas empresas que são especializadas no recrutamento de média e alta gerência, com as quais entrei em contato”, conta. Ela se vale, ainda, da rede de contatos. Na última quarta-feira, participou de uma entrevista em Belo Horizonte para vaga à qual foi indicada por um amigo. “Praticamente todas as oportunidades que surgiram até agora vieram dos meus contatos”, conta.
>> Dificuldades: com fluência em inglês e italiano e conhecimentos avançados em norueguês e espanhol, Mariana percebe muito conservadorismo no mercado mineiro. “O que ouvi em algumas entrevistas é que meu currículo está 'overqualified' (ela é excessivamente preparada para o cargo) e que eu sou muito ousada por conta do conhecimento que tenho em diferentes idiomas e experiências internacionais”, diz a administradora. Ela acredita que o mercado mineiro se assusta com profissionais que têm perfil inovador. Para Mariana, o fato de ter ficado dois anos no exterior também complica a busca de emprego. “Ir para fora me tirou do mercado daqui”, conclui. 


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)