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Estado de Minas MERCADO COM NOVO COLORIDO

Agricultores trocam o cultivo de arroz pela criação de peixes ornamentais

Região já é polo da atividade e conta com o trabalho de 400 produtores


postado em 02/04/2012 07:36 / atualizado em 02/04/2012 07:42


(foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)
(foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press)

A cada R$ 1 investido, R$ 1,50 de retorno. A equação desperta a atenção de pequenos criadores de peixes ornamentais que deixaram o arroz de lado e têm consolidado a Região da Zona da Mata como polo de referência no segmento. Essa mudança de foco tem refletido em alterações significantes nesse mercado. Bettas, acarás, guppys, kinguios, barboos, tricogaster, colisa, carpas coloridas, espadas, molinésias, platis e paulistinhas são hoje foco do trabalho de mais de 400 produtores na região. “Muitos agricultores interromperam suas atividades para começar a criar peixes e agora estão correndo atrás das adequações ambientais para continuar com a atividade”, conta Jardel Rezende do Nascimento, presidente da Associação dos Piscicultores de Patrocíncio do Muriaé e Barão do Monte Alto.

Na mesma toada em que cresceu a procura pelos bichinhos que enfeitam aquários nas cidades, os produtores foram papando o mercado. O resultado é a estabilidade nos preços. Um peixinho beta que sai dos tanques a R$ 1, há 10 anos, continua valendo essa quantia no mercado. “A produção daquela região impactou demais o mercado. Há oito anos eu importava peixes beta e conseguia repassá-los por R$ 4, R$ 5. Hoje, a produção de Muriaé e região é tanta que o preço baixou e consigo vender nas lojas por R$ 1,20”, conta o revendedor Natanael Rodrigues, que distribui peixes ornamentais para lojas do Mercado Central de Belo Horizonte.

“Mesmo assim continua tendo um rendimento extraordinário. Não tem tomate, pepino, chuchu ou poupança que renda tanto em tão pouco tempo”, destaca Cristiano Alberto Silva, extensionista agropecuário da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater) de Barão do Monte Alto. Segundo ele, muitos criadores usam suas pequenas chácaras como terreno para a criação dos tanques de lona, as chamadas estufas. “Uma estufa de 150 metros quadrados demanda investimentos de R$ 7 mil e os tanques dependem da mão de obra para execução. Mas na comparação com peixe de corte, vendido no quilo, os peixinhos ornamentais de 20 gramas cada um, com preços baseados nas unidades, são muito mais lucrativos”, avalia.

A maior parte dos criadores consegue viabilizar a produção com poucos investimentos, em estruturas modestas de agricultura familiar. É o caso de Jardel do Nascimento: “Por semana consigo produzir de 400 a 500 peixes bettas”. A simplicidade, entretanto, não impede que os pequenos produtores desenvolvam técnicas de melhoramento genético, ponto tido como fundamental na criação de peixes bettas – os originais japoneses eram escuros e feios. A variação de cores, tamanhos e a vivacidade das caudas são elementos tão essenciais para um peixe ornamental quanto as estufas para o criadouro.

IMPROVISO E LUCRO Segundo o engenheiro-agrônomo José Natal de Almeida, da Emater de Muriaé, a média de rendimento desses pequenos produtores é de R$ 3 mil mensais. “Muitos improvisam elementos como a tela, usando folhas para evitar que predadores acabem com a criação”, diz.

Os investimentos em critérios que regularizem a situação dos tanques junto a órgãos ambientais têm sido desafio para esses pequenos piscicultores. Mas José Natal destaca que muitos dos pequenos produtores conseguem viabilizar filtros de tratamento da água com areia e carvão. Almeida integra comissão de avaliação para outorga de licenças, junto a profissionais do Instituto Estadual de Florestas (IEF), professores de botânica, policiais ambientais e representantes de entidades locais.

Exigências saudáveis


Atender às exigências ambientais é relativamente mais simples para piscicultores que conseguem escala maior de produção – e a multiplicação de peixes aqui não é nenhum milagre bíblico. No ramo desde 1988, o criador Francisco Eustáquio Andrade Cavalhier, conhecido como Taquim do Peixe, tem hoje mais de 100 tanques, e teve de trabalhar muito para conseguir fazer do empreendimento algo bem-sucedido. A atenção às exigências ambientais, tidas como entrave para muitos dos pequenos criadores, dá mais saúde para o negócio, segundo ele.

A organização da reserva legal, que determina que ao menos 20% da área total da propriedade seja destinada a matas, e o registro no Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) são algumas dessas exigências que, se descumpridas, podem custar multas aos produtores e inviabilizar o negócio.

Controlar a qualidade da água, por outro lado, pode ser essencial para melhorar a produtividade da piscicultura. “Temos que ter atenção especialmente na fase dos alevinos, que é como são chamados os filhotes. De 50% a 60% dos alevinos sobrevivem e isso depende diretamente do cuidado empregado nessa fase”, explica Taquim, da Piscicultura da Prata, em Eugenópolis, na Zona da Mata.

A comercialização de alevinos também é bom negócio, segundo ele, embora a consolidação do trabalho de Taquim tenha vindo a partir do planejamento que não torna o trabalho refém da fase reprodutiva dos peixes. “É preciso estocar para vender no período de entressafra. A reprodução dura três, quatro meses, mas temos peixes para vender o ano todo, com diferentes tamanho.” Vale lembrar que a criação é delicada e que os peixes podem morrer facilmente. 


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