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Estado de Minas

Micro e pequenas empresas mineiras de mãos dadas rumo ao sucesso

Fortalecimento de micro e pequenos negócios passa pela união em cooperativas. Em Minas, polos são bons exemplos


postado em 06/03/2012 07:21 / atualizado em 06/03/2012 07:58


Em Alfredo Vasconcelos, custo para produzir morangos teve queda(foto: Divulgação)
Em Alfredo Vasconcelos, custo para produzir morangos teve queda (foto: Divulgação)

Cooperativas, consórcios, associações, redes de negócio, centrais de compra e venda, sindicatos, condomínios de exportação e até mesmo um esforço de solidariedade. Existem muitos meios de empreender coletivamente e de fortalecer os micro e pequenos negócios no país. É o que mostram casos emblemáticos de sucesso da união dos empresários desse porte. Em Minas, são exemplos disso o polo de eletroeletrônica em Santa Rita do Sapucaí (Sul de Minas), o calçadista de Nova Serrana (Oeste de Minas), a produção de mel e própolis em Nova Lima (Região Metropolitana de Belo Horizonte), a reciclagem de material reaproveitável na capital mineira e a produção de morango em Alfredo Vasconcelos (Região Central).

Júnior César Silva é sócio da Cromic, uma fábrica de calçados esportivos instalada em Nova Serrana, um polo calçadista que começou tímido, há 35 anos, mas hoje envolve 12 municípios, fatura R$ 600 milhões ao ano e gera cerca de 1.110 empregos na região. Tudo isso graças à união entre micro e pequenas empresas. Desde que as primeiras fábricas de botinas chegaram ao município, o relacionamento entre os empresários é marcado pela solidariedade e pela cooperação. A união permitiu a criação de uma cooperativa de crédito, que facilitou o acesso dos empresários aos empréstimos e jogou para baixo as taxas de juros praticadas pelos bancos locais.

A exemplo do que ocorre em Santa Rita do Sapucaí, onde o polo de eletroeletrônica já fatura R$ 1,7 bilhão ao ano, é comum os empresários de Nova Serrana emprestarem matérias-primas uns aos outros. Em 2000, quando um incêndio destruiu metade da empresa de Anísio Oliveira, a Calçados Addan, ele levou apenas oito dias para voltar a produzir e 15 até alcançar seu patamar habitual de produção. “As pessoas se mobilizaram e me emprestaram as principais máquinas. Aqui a gente se empenha em ajudar uns aos outros.”

São poucos os que conseguem essa façanha. “As micro e pequenas empresas têm na demanda para o que produzem sua única chance de sobrevivência. Isoladas, falta força e condições de atender pedidos de grande porte. Sem voz, essas empresas acabam sendo tratadas como coitadinhas”, diz Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Foi para evitar essa armadilha que os produtores rurais de Alfredo Vasconcelos, 6,1 mil habitantes, desenvolveram a marca Frutano, de morangos selecionados. Tudo graças à criação da Cooperativa Agrícola de Alfredo Vasconcelos (Cooprav).

Em Nova Serrana, empresários se unem e emprestam matérias-primas(foto: Marta Vieira/EM/D.A/Press)
Em Nova Serrana, empresários se unem e emprestam matérias-primas (foto: Marta Vieira/EM/D.A/Press)
Leandro Rodrigues de Oliveira, presidente da entidade, lembra que, antes de se unirem, cada produtor tinha que comprar adubos e defensivos por conta própria. Como não havia treinamento, vários deles foram pegos em testes de análises laboratoriais porque os morangos que plantavam continham quantidade de agrotóxicos fora dos padrões determinados pelos órgãos competentes. “A dificuldade estimulou a união.” Foi aí que se reuniram numa associação, mas quando tentaram fazer compras em conjunto as indústrias de defensivos e adubos se recusaram a vender. Mas a força da união dos produtores venceu a resistência. “Os ganhos dos produtores acompanharam a jornada e começaram com pelo menos um ganho imediato. “Fora da cooperativa, custa R$ 2,35 produzir um pé de morango. Dentro, os gastos caem para R$ 1,75.”

Em Nova Lima, a Cooperativa Nacional de Apicultura (Conap) ajuda o pequeno produtor rural a se fixar no campo e a aumentar sua renda. O trabalho conjunto entre produtores e pesquisadores japoneses criou um coletor inteligente de própolis e os cooperados passaram a fabricar um produto mais rico em princípios ativos, que hoje abastece o mercado interno e é exportado para o Japão. Produtores que se fortaleceram lá criaram suas próprias empresas e hoje também vendem para fora do país. “Nosso objetivo agora é formar um consórcio de exportação”, revela Martins.

Dona Geralda, da Asmare de BH:
Dona Geralda, da Asmare de BH: "Associação agregou valor ao trabalho" (foto: Renato Weil/EM/D.A/Press)
Reconhecimento com prêmio


“É certo que a gente veio catar papel pela fome. Mas a associação agregou valor ao nosso trabalho. Produzimos e vendemos juntos. Deixamos de ser excluídos da sociedade para ganhar valor e reconhecimento.” O depoimento é de Maria das Graças Marçal, ou dona Geralda, presidente da Associação dos Catadores de Papelão e Material Reaproveitável (Asmare). Aos 8 anos, ela aprendeu nas ruas de Belo Horizonte que poderia sobreviver do lixo. Aos 61, e há 53 na atividade, orgulha-se de ter sido a fundadora da associação, pioneira no Brasil, que vai completar 22 anos.

A Asmare foi fundada em 1990 e está incluída entre os exemplos mais fortes do associativismo brasileiro porque conseguiu reunir, ao mesmo tempo, o desenvolvimento social, econômico, ambiental e sobretudo humano. Quando foi fundada, a associação era composta em sua grande maioria por moradores de rua. Hoje, garante renda aproximada de R$ 250 a R$ 300 por semana para cerca de 150 associados, catadores e triadores de papel.

Como catadora de papel, dona Geralda educou nove filhos. Ela se sente feliz ao contar a história da associação, que já foi ouvida com interesse também na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York. “A Asmare apresenta uma solução para o lixo da cidade, mas ao longo de duas décadas incluiu os excluídos na sociedade”, diz o administrador da associação, João Batista Barbosa. Ele lembra que a organização está de portas sempre abertas para seus empreendedores, que podem sair e voltar a qualquer hora. Também recebe os egressos do sistema prisional, que têm dificuldades de conseguir trabalho ao deixar a prisão. Mensalmente, a associação recolhe 400 toneladas de material reciclável, que chega nos carrinhos dos associados e pela coleta seletiva. O material é triado e vendido para utilização na indústria.


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