A decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) de cortar em 50 pontos-base a taxa Selic não surpreendeu o mercado, que já a precificava dentro da política monetária recente adotada pelo governo para evitar o desaquecimento do mercado interno.
Também é unamidade entre os analistas a expectativa de que o governo defina mais dois cortes ainda em 2012, levando a Selic para apenas um dígito. A atenção, no entanto, fica para a ata do Copom, prevista para ser revelada no dia 26 de fevereiro, podendo sinalizar qual será a linha adotada pelo governo para as proximas reuniões.
Na opinião da equipe de análise da LCA, Santander e da MCM Consultores, a ata do Copom, que será divulgada no dia 26 de fevereiro, será peça importante para a calibragem das expectativas dos analistas de que ocorram mais dois cortes na taxa de juro ainda este ano.
O Santander avalia que, nos próximos dias, o mercado provavelmente procurará entender como o Banco Central está avaliando o cenário de demanda doméstica e internacional.
"Esses pontos serão provavelmente os mais significativos na ata, graças à recente melhoria nos indicadores internacionais e surpresas positivas apresentadas em alguns indicadores de atividade econômica doméstica, como o IBC-BR de novembro e as vendas no varejo", afirma o banco em relatório.
Mais dois cortes de juro para 2012
Na opinião do economista-chefe da Gradual Investimentos, a intenção do governo de reduzir a taxa de juro a um dígito deve acontecer ainda no primeiro trimestre de 2012. "Com nota tão insossa, o Banco Central deixa claro que irá fazer pelo menos mais dois cortes na taxa. Cortes que devem ser de mais um de 50 pontos-base e outro de 25 pontos-base, fazendo a Selic estacionar na taxa de um dígito de 9,75", estima o economista André Perfeito. Próximo a isso, o banco Santander estima uma taxa de 9,5% ao ano em 2012.
No mesmo sentido, a LCA Consultores reitera a expectativa de que a taxa atinja um dígito ao ano, mas lembra que alguns fatores têm aumentado as chances de que o ajuste adicional da Selic venha a ser menor do que o estimado pelo mercado.
Entre esses fatores, a consultoria aponta a melhora do humor dos mercado internacionais; a reversão - ainda que incipiente - da tendência de desaceleração da atividade econômica brasileira, a persistência da inflação doméstica e as incertezas quanto à execução da política fiscal neste ano.
Para a equipe de análise do Banco Santander, sem uma recessão na economia norte-americana ou um evento de rompimento da Zona do Euro, um afrouxamento monetário prolongado pode resultar em maior rigidez da inflação.
"Desta forma, não descartamos a possibilidade de que pode haver mais surpresas positivas em termos de atividade econômica doméstica, o que aumenta as chances de ciclo de afrouxamento ser menos intenso", explica o banco em relatório.
Com informações InfoMoney