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Estado de Minas

Presidente confirma Usiminas "nipo-argentina"

Presidente da empresa confirma que grupo Ternium/Tenaris é o novo dono da fatia de 27,66% do bloco de controle que pertencia à Camargo Corrêa e Votorantim. Negócio envolveu R$ 5,3 bi


postado em 29/11/2011 06:00

Nada de Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) nem de Gerdau Açominas. Por R$ 5,33 bilhões, as brasileiras Camargo Corrêa e Votorantim venderam suas participações no bloco de controle da Usiminas, maior complexo de aços planos da América Latina, ao grupo Ternium/Tenaris, controlado pelo conglomerado argentino Techint. Colocando fim nos rumores do mercado, Wilson Brumer, presidente da empresa com sede em Belo Horizonte, disse ontem que “a solução está dada com um parceiro de primeira linha, que tem relação próxima da Usiminas e com o seu principal parceiro, a Nippon Steel”.

O grupo Ternium/Tenaris passa a deter 27,66% do total de ações ordinárias (ONs) da empresa. Para se consolidar como majoritária na siderúrgica mineira, a japonesa Nippon aumentou a sua participação de 27,76% para 29,45% com a compra de 1,69% das ONs da caixa dos Empregados da Usiminas (CEU). “A Caixa vendeu um terço de sua participação, sendo 50% para a Nippon e 50% para a Ternium/Tenaris”, explicou Brumer. Com a negociação, a participação da CEU no bloco de controle caiu de 10,13% para 6,75%.

A concretização dessas transações e a entrada em vigor do novo acordo de acionistas são esperadas para janeiro. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) precisa bater o martelo na operação. “Não há conflito algum, e por isso acredito que não teremos problemas”, avaliou Brumer.

O executivo destacou que a relação antiga – e positiva – entre as empresas contribuirá para que a Usiminas ganhe competitividade no mercado global. Quando a Siderar (subsidiária da Techint) foi privatizada, nos anos 1990, a Usiminas participou do processo, assim como a mineradora Vale. E até este ano, a Usiminas tinha fatia de em torno de 16% na Ternium (outra controlada pela Techint). A venda dessa participação rendeu US$ 1 bilhão, que reforçou o caixa da empresa. “É prematuro falar de sinergias. Somos parceiros de longa data e haverá discussões para descobrirmos o que poderemos fazer juntos”, afirmou Brumer.

Por outro lado, o negócio vinha perdendo sentido para a Camargo Corrêa e a Votorantim, focadas no nicho cimenteiro. O presidente da Usiminas disse que os contratos da siderúrgica com as duas empresas para o fornecimento de escória de alto-forno (matéria-prima de baixo custo usada na produção de cimento) continuarão valendo, mesmo com a saída das duas do bloco de controle. “Temos contratos de longo prazo e isso não foi objeto de negociação. Os contratos continuarão sendo praticados. Nada muda. A Camargo e a Votorantim sempre foram clientes e vão continuar”, ressaltou.

Marco

O presidente da Organização Techint, Paolo Rocca, divulgou nota à imprensa sobre o negócio, considerando a operação um marco fundamental na história da Ternium, Siderar e Usiminas, assim como também um importante avanço na integração industrial do Mercosul. “A aliança entre Nippon Steel, Ternium, TenarisConfab, Siderar e Usiminas configura um sistema industrial capaz de atender as exigências mais complexas de toda a cadeia de valor de setores produtivos estratégicos da América Latina: automotivo, construção, agroindústria, linha branca, energia entre outros.”

A Nippon Steel, em carta enviada à Usiminas, informou que “sob o novo acordo de acionistas, a Nippon entrará em uma aliança com a Ternium, um grupo siderúrgico de classe mundial, e pretende, em conjunto com os empregados da Usiminas representados pela CEU, aumentar ainda mais a competitividade e o valor de mercado da Usiminas”.

Brumer é contra a expressão desnacionalização para a venda das participação das empresas nacionais para estrangeiras. “A Usiminas continua brasileira, com planta em Ipatinga (Vale do Aço), Cubatão (São Paulo) e com ações negociadas na Bovespa. É mais um acionista para agregar valor. Os parceiros internacionais dão força à globalização da empresa e, por isso, não falaria em desnacionalização”, afirmou. Ele é otimista com o negócio e também com o cenário macroeconômico, a despeito da crise, ao contrário de outros conglomerados, a exemplo da ArcelorMittal, que já anunciou adiamento de projetos em Minas Gerais. “Estamos em fase de conclusão de projetos que nos colocam em condições mais competitivas. Também estamos investindo forte em mineração e o cronograma não será alterado”, destacou.

Investimento em minério

 

Mineração está no foco da Usiminas. A siderúrgica anunciou ontem que, com pagamento adicional de US$ 100 milhões, concluiu as negociações relacionadas à aquisição da Mineração J. Mendes, Somica e Global Mineração, as três localizadas na região de Serra Azul (Quadrilátero Ferrífero), conforme previsto em contrato de 2008. A companhia havia pago, inicialmente, US$ 925 milhões pelas empresas. Além disso, confirmou a compra da Mineração Ouro Negro, na mesma localidade, mediante investimento de US$ 367 milhões. “Os anúncios não mudam o planejamento de produção”, afirmou o presidente da empresa, Wilson Brumer.

Com o adicional de 550 milhões de toneladas, a reserva em Serra Azul chega a 2,8 bilhões de toneladas a serem exploradas até 2045, informou o executivo. O objetivo, segundo ele, é dar sustentação de longo prazo à capacidade produtiva de 29 milhões de toneladas ao ano de minério de ferro da Mineração Usiminas (Musa), a ser alcançada em 2015. A atual capacidade de produção é de 8 milhões de toneladas. “Nossa necessidade para ser autossuficiente é de 14 milhões a 15 milhões de toneladas por ano. Vamos alcançar a autossuficiência em 2013 com o crescimento paulatino da produção”, disse Brumer.

Com a política de não comprar novas minas, a Musa já arrendou os direitos minerários da MBL Materiais Básicos em julho. Em 2010, uma parceria com a MMX estabeleceu a lavra em conjunto da mina Pau de Vinho, também em Serra Azul, e a utilização do Porto Sudeste, em Itaguaí (RJ), por cinco anos, com opção de prorrogar por mais cinco. A companhia também firmou acordo com a Ferrous Resources do Brasil, para otimizar o aproveitamento das reservas de minério localizadas nas áreas de limite entre as duas mineradoras, ainda na Serra Azul. O ciclo de investimentos, que se estende até 2015, soma R$ 4 bilhões. (PC)


Plano da Vale é de US$ 21,4 bi

 

A Vale investirá US$ 21,4 bilhões em 2012, conforme plano de investimentos divulgado ontem pela mineradora. Do total, US$ 12,9 bilhões serão destinados à execução de projetos; US$ 2,4 bilhões em pesquisa e desenvolvimento (P&D); e US$ 6,1 bilhões para sustentação das operações existentes. O Brasil receberá 64% dos recursos, seguido pelo Canadá e África. A aplicação se dará principalmente em minerais ferrosos (47%), metais básicos (22%) e fertilizantes (10%). A companhia possui 20 principais projetos aprovados pelo conselho de administração. Em Minas Gerais estão três deles.

No Conceição Itabiritos (US$ 184 milhões em 2012, de um total de US$ 1,174 bilhão) está planejada a construção de usina de concentração, com capacidade para 12 milhões de toneladas por ano no segundo semestre de 2013. No Conceição Itabiritos 2 (US$ 297 milhões, de US$ 1,189 bilhão), a usina será adaptada para processamento de rocha com baixo teor de ferro. Na unidade, devem ser produzidas 19 milhões de toneladas no segundo semestre de 2014. E no Vargem Grande Itabiritos (US$ 429 milhões, de US$ 1,645 bilhão) está prevista a nova usina de beneficiamento de minério de ferro, com capacidade estimada em 10 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2014.

Em comunicado, a Vale informou que “enfrenta alguns obstáculos para implantar o seu portfólio de ativos de classe mundial: licenciamento ambiental, maior escassez relativa de capital humano, pressões de custo e prazos de entrega mais longos”. Disse ainda que apesar dos esforços “a eliminação completa de riscos não é possivel. Como consequência, os orçamentos dos projetos e datas de star-up (início de operação) estimadas podem ser revisadas. (PC)


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