Não bastasse um dia de greve geral que afetou seriamente o setor de transporte, incluindo os voos comerciais, e os serviços públicos de Portugal, o país amargou rebaixamento de um nível na nota de sua dívida soberana pela agência de medição de risco Fitch. A paralisação foi convocada em protesto contra as medidas de austeridade do governo. Todas as classificações do tipo BB emitidas pela Fitch, e agora atribuídas à economia portuguesa, são consideradas de grau especulativo, o que no jargão do mercado financeiro significa lixo. A Grécia também viveu tumulto nas ruas, com o confronto entre a polícia e manifestantes que protestaram diante da maior companhia fornecedora de energia do país, a PPC, contra um novo imposto sobre propriedade como parte das medidas para evitar a insolvência do país. Os principais sindicatos já convocaram paralisação semelhante a à dos portugueses para a próxima semana.
Em Lisboa, duas repartições do Ministério das Finanças sofreram ataque de vândalos com o lançamento de coquetéis molotov e uma terceira, na zona oriental da capital, foi atingida por latas de tinta, segundo a agência Lusa. Mais de 470 voos internacionais foram cancelados – entre eles 20 da TAP que tinham o Brasil como destino ou ponto de partida – e quase um milhão de pessoas tiveram que buscar os serviços de ônibus e trens. Escritórios do governo, escolas, correios, a coleta de lixo e outros serviços públicos também interromperam suas atividades.
O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, disse que a prioridade é controlar a crise da dívida. Cabe a mim tentar mobilizar os portugueses para a ação todos os dias, para contribuir com a transformação de Portugal. Em comunicado, a agência de medição de risco Fitch previu panorama macroeconômico adverso no país, com sérios problemas de déficit fiscal, estimativa de queda do Produto Interno Bruto (PIB) de 3% para o próximo ano e forte endividamento.
Proposta para salvar euro
O Banco Central Europeu é independente, conforme sustentaram, nessa quinta-feira, o presidente da França, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã Angela Merkel, depois de se reunirem com o primeiro-ministro italiano, Mario Monti. Os líderes anunciaram que Paris e Berlim devem apresentar nos próximos dias uma proposta comum de modificação dos tratados da União Europeia. As medidas deverão ser apresentadas antes de 9 de dezembro. Somos conscientes da gravidade da situação e buscamos os mesmos remédios, declarou o líder francês.
Como resultado das declarações sobre a independência do BCE, cobrado para assumir papel mais agressivo na contenção da crise europeia, o principal índice das ações europeias fechou em queda pelo sexto pregão consecutivo. Houve baixa no mercado acionário de até 0,85% em Lisboa, e de 0,54% em Frankfurt. Temos que coordenar nossas políticas se queremos ver uma moeda estável, insistiu Merkel.