Safra brasileira bate recorde

A produção nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas bateu recorde na safra iniciada em 1º de julho de 2010 e encerrada em 30 de junho deste ano. Estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou colheita de 159,7 milhões de toneladas no período, volume 6,8% superior à já inédita safra de 2010, quando foram produzidas 149,6 milhões de toneladas. A área de cultivo no país também cresceu, chegando a 48,6 milhões de hectares, alta de 4,6% frente a 2010. Minas Gerais foi responsável por 6,7% do cultivo nacional com 10,7 mil toneladas produzidas.

Para a safra em andamento, as estimativas são menos animadoras. Segundo o primeiro prognóstico realizado pelo IBGE, a produção de cereais, leguminosas e oleaginosas deverá ser de 157,5 milhões de toneladas, volume 1,4% inferior à safra 2010/2011.

Levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) divulgado pela segunda pesquisa de intenção de plantio para a safra 2011/2012 também revelam retração. Os dados mostram que a produção nacional deve ficar entre 157,2 e 160,5 milhões de toneladas, o que representaria uma queda entre 1,5% e 3,5% na comparação com a última safra, quando foram colhidos 163 milhões de toneladas.

O cenário traçado, porém, está longe de ser definitivo. Segundo avaliação dos especialistas, condições climáticas favoráveis podem reverter esse comportamento e levar o país a um novo recorde na produção. “Se o clima contribuir, é uma safra que pode superar o primeiro prognóstico para 2012”, afirma o gerente do Levantamento Sistemático da Produção Agrícola (LSPA) do IBGE, Mauro Andreazzi.

Para o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Caio Rocha, o início da safra em andamento já dá sinais de condições mais favoráveis ao cultivo. “Neste ano, as chuvas começaram na época certa e estão permitindo a realização do plantio no período correto, diferentemente do que ocorreu no ano passado, quando as chuvas atrasaram em importantes regiões produtoras do Centro-Sul,” avaliou.

Ao contrário do Brasil, em Minas Gerais a ampliação da produção prevista para o próximo ano representará safra recorde de grãos, chegando a cerca de 11 milhões de toneladas. O bom desempenho pode ser conferido ao milho, que deve ter uma expansão da área plantada entre 4,8% e 6,7%. “Essa é uma cultura que produz 5,3 mil quilos por hectare, enquanto a soja tem produtividade de quase metade. Se aumentou a área de plantação do milho e se produz mais por hectare, justifica a expectativa de termos uma produção recorde na próxima safra”, pondera o superintendente de Política e Economia Agrícola da Secretaria de Estado de Agricultura de Minas Gerais, João Ricardo Albanez.

Custos mais altos

O aumento dos custos de plantio é a principal mudança entre a última safra e a atual, segundo Albanez. “A preocupação com a crise europeia e o aumento do preço do petróleo estimularam a alta dos preços de fertilizantes”, afirma. Na safra 2010/2011, o cenário era mais favorável ao produtor. “Os insumos estavam com preços menores e a rentabilidade muito boa. Os valores das commodities no mercado continuam estáveis e positivos, mas com custos em elevação”, observa Albanez.