(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas TELEFONIA

Marketing encarece tarifas para concorrentes

Ligações mais caras para concorrentes é estratégia das empresas para atrair novos clientes, que acabam administrando mais de um telefone ou chip para falar com amigos e parentes


postado em 05/11/2011 06:00 / atualizado em 05/11/2011 07:11

Se a tarifa não tem graça, cada um tenta rir como pode em um mercado que ativa um celular por segundo, como o brasileiro. Com os preços das nossas ligações feitas a partir de telefone celular tradicionalmente entre os mais altos do mundo, a distorção no mercado, que já tem mais de 227 milhões de números ativados, é evidente. O foco na competição leva as empresas a praticar preços altíssimos nos minutos das ligações para números de outras operadoras. “Existem componentes como impostos e valor de uso móvel (VU-M), mas, na prática, essa discrepância se dá como estratégia de marketing mesmo, para aumentar a base de clientes de cada operadora”, diz Eduardo Tude, presidente da consultoria Teleco. De janeiro a setembro, o número de novos clientes foi 36% superior ao do mesmo período no ano passado.

Para aproveitar as melhores ofertas, os clientes acabam contratando serviços de mais de uma companhia. Em mercados como o latino-americano, com ampla maioria de clientes de base pré-paga, a prática é usual, mas essa fase pode, em breve, dar lugar à maior racionalidade nos preços praticados. Resolução da Anatel publicada ontem promete reduzir as tarifas de ligações feitas de aparelho móvel para fixo em até 45% em 2014. O órgão regulador promete cortar a tarifa das chamadas fixo-móvel, cobrada das operadoras, dos atuais R$ 0,54 para R$ 0,48 em 2012, R$ 0,44 em 2013 e R$ 0,42 em 2014. A Anatel publicará o ato de homologação das novas tarifas em até 80 dias. A partir daí, as empresas terão 20 dias para apresentar instrumento de pactuação.

Na prática, enquanto isso, o que se percebe é a base de clientes rebolando para aproveitar as promoções que, em muitos casos, oferecem ligações gratuitas para números da mesma empresa, enquanto chegam a cobrar R$ 1,56 por minuto em chamadas feitas para números de outras operadoras. Esse é o preço máximo praticado pela Vivo. A Claro cobra até R$ 0,75, a Oi, R$ 87 e a TIM, R$ 1,39, de acordo com as próprias operadoras.

Diante disso, a saída encontrada pelo tatuador Giovani Alvarenga, que tem estúdio no bairro Nova Suiça, Região Oeste de Belo Horizonte, foi ceder aos apelos dos clientes. “Era uma demanda deles que eu oferecesse contatos de diferentes operadoras. Com isso, comprei um celular que aceita três chips, em um mercado popular, por R$ 90. E já tenho um outro aparelho. O jeito é ficar cliente das quatro operadoras”, explica Alvarenga, indicando que, no flyer de divulgação do estúdio, pretendi indicar a qual empresa pertence cada número.

De acordo com o Eduardo Levy, presidente do TeleBrasil, o sindicato nacional das empresas telefônicas fixas e móveis, os levantamentos internacionais que já comprovaram o tarifário brasileiro dentre os mais caros do planeta levam em conta o valor do minuto declarado pelas operadoras à Anatel, a partir de metodologia da União Internacional das Telecomunicações. “Habitualmente, as empresas declaram o valor máximo que cobram”. Levantamento feito pelo Estado de Minas, a partir das tarifas de cada operadora no Brasil, constatou que as tarifas mais altas são justamente essas, cobradas em ligações para clientes de outras bases. “Se a legislação permite que as operadoras cobrem preços menores de clientes de mesma base, também não impede que façam o inverso. É a competição”, diz Levy.

Tendência

A estratégia, na prática, pode levar as operadoras a amargar alto preço em breve. De acordo com o coordenador do Procon-Assembleia, Marcelo Barbosa, os clientes podem aproveitar a alta competição para descobrir quais são as operadoras que mais se adequem aos seus perfis de consumo. “Em pouco tempo, a tendência é que os clientes acabem optando por um ou outro prestador de serviço”, acredita.

Especialmente quando se leva em conta a aparente falta de esmero na prestação do serviço. A dor de cabeça é ainda maior com cobranças indevidas e descumprimentos nos contratos – as duas principais reclamações referentes ao serviço nos Procons e na Anatel. Dentre os serviços de telecomunicações, a telefonia móvel é campeã de queixas no Procon-Assembleia, em Belo Horizonte, respondendo por mais de 70% das reclamações. A entidade de defesa do consumidor fez parceria com a Anatel para reportar diretamente as reclamações de cunho coletivo – ao chegarem ao órgão regulador, mensalmente, terão mais peso que as reclamações individuais.

Sobre os altos preços das tarifas praticados no país, a Oi respondeu que “como na composição do valor da ligação na telefonia móvel a carga tributária é o item mais significativo, a redução dessa carga traria o benefício de maior impacto para o consumidor”. A TIM alegou o mesmo, mas acredita que a adoção de “modelo de tarifação por chamada, e não mais por minuto” derruba o custo da chamada. A Claro e a Vivo não se posicionaram sobre o assunto.

 

Aplicativos deixam conta mais baixa

O susto na conta telefônica com os preços das chamadas, especialmente em ligações fora da franquia e para números de outra base, não é driblado apenas com o uso de diversos chips. Essa cara do mercado brasileiro, em que 85% da base de clientes é composta por assinantes de planos pré-pagos, não impede que alternativas apareçam. Quem tem smartphone pode lançar mão de programas desenvolvidos especialmente para dar um olé no tráfego de voz e até mesmo nos pacotes de SMS vendidos pelas operadoras. Aplicativos assim são populares nas principais lojas virtuais dos aparelhos.

Baixar várias dessas aplicações foi o que fez o médico Diogo Lago. Ele, que tem um iPhone, é adepto dos programas que prometem troca de mensagens de texto e ligações telefônicas usando a internet – pode ser o tráfego de dados contratados no plano ou mesmo uma rede wi-fi. “Desde que descobri esses programas, mudei completamente meus hábitos com o telefone.”

Diogo conta que nunca chegou a fazer as contas, mas que “a sensação que tinha antes, de gastar com cada mensagem, inibia o uso”. Hoje, falar por mensagem virou bate-papo diário com a irmã, que mora em Ouro Preto e com amigos que estão até mesmo no exterior. O médico indica que usa os programinhas também para saber se a irmã está disponível, no momento, para falar ao telefone. “Não substitui ainda a ligação convencional completamente, mas uso para coisas rotineiras e menos urgentes. Pagar caro por isso, nem pensar.”

Os aplicativos não são gratuitos, custam em média US$ 0,99, nas lojas de apps da Apple e do Android. Para fazer a entrevista, testamos um desses programas, alternativa à troca usual de mensagens de texto: o Whatsup. A conversa segue, via rede de dados 3G. “Achei mais vantajoso pelo fato de ser ‘de graça’ e pela junção de funções num só programa, como compartilhar fotos, contatos telefônicos e áudio”, diz o médico. O programa ainda permite mensagens em grupos ilimitados.

Além do Whatsup, os aplicativos mais populares são o Viber – que permite fazer chamadas de voz via rede de dados ou wi-fi, o Tango, que realiza videochamadas também por meio do tráfego de rede da operadora. As ligações são computadas nos planos de internet oferecidos pelas operadoras e, ao menos no caso das mensagens de texto, são bem mais econômicas.


receba nossa newsletter

Comece o dia com as notícias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, faça seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)