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Estado de Minas

Boom do setor de construção civil aquece mercado de transporte vertical de passageiros

Pedidos precisam ser feitos com 12 a 24 meses de antecedência, sob risco de atrasar a obra


postado em 23/10/2011 07:19 / atualizado em 23/10/2011 07:34

(foto: Jorge Gontijo/EM/D.A Press)
(foto: Jorge Gontijo/EM/D.A Press)
O gargalo vivido hoje pela construção civil não se restringe à escassez de pedreiros, carpinteiros e pintores nos canteiros de obra. Áreas que demandam mais tecnologia, como a fabricação e manutenção de elevadores, também vivem apagão de mão de obra e atraso na entrega de produtos. O quadro, apesar de pressionar as indústrias, abre brechas para o crescimento de pequenas empresas do setor, que ganharam fôlego para alavancar as atividades. Em Minas Gerais, muitas fabricantes e empresas de manutenção de elevadores dobraram as encomendas e o número de funcionários neste ano, na comparação com 2010.

A produção anual de elevadores para passageiros no país passou de 9 mil para 15 mil unidades nos últimos três anos, segundo o Sindicato das Empresas de Elevadores do Estado de São Paulo (Seciesp). Com a demanda maior, os fabricantes estenderam o prazo de entrega das unidades: para não faltar elevador nos edifícios, as construtoras precisam fazer hoje a encomenda com pelo menos um ano de antecedência. Antes, esse prazo era de seis meses. “Houve um boom na construção em todos os segmentos e ele pegou todo mundo despreparado. Se a construtora não encomendar com pelo menos um ano de antecedência, vai ter problemas”, alerta Jomar Cardoso, presidente do Seciesp e vice-presidente do Sindicato das Empresas de Conservação, Manutenção, Fabricação e Instalação de Elevadores de Minas Gerais (Seciemg). No caso de prédios comerciais de luxo, com mais de 30 andares, o prazo de entrega pode chegar a dois anos.

Cerca de 85% a 90% do mercado nacional de elevadores ficou durante alguns anos concentrado nas mãos de três gigantes do setor: a alemã Thyssenkrupp, a suíça Atlas Schindler e a americana Otis. A crescente demanda pelos equipamentos abre oportunidades para indústrias menores expandirem os negócios e outros grupos entrarem no mercado nacional. A coreana Hyundai, por exemplo, se prepara para instalar uma fábrica de elevadores no Rio Grande do Sul, a partir de 2012. “Nos últimos dias recebi cerca de 40 fornecedores querendo vender produtos por aqui”, diz Cardoso, que também é proprietário da Elevadores Villarta, com fábrica em Taubaté (SP). A indústria, que produz elevadores residenciais, de cargas e para acessibilidade, tem filiais em Minas, Paraná e Rio de Janeiro. A Villarta deve crescer cerca de 15% este ano. “A demanda em Minas está nos surpreendendo e acompanha o resto do país”, observa Cardoso.

A mineira Thopp Elevadores está há 15 anos no mercado e vive hoje cenário de demanda 30% maior do que a capacidade de atendimento. “Tenho que selecionar os clientes. Se atender todo mundo, perco em qualidade”, afirma Edilson Tomáz de Oliveira, sócio da empresa, que trabalha com manutenção preventiva e corretiva e vende serviços para elevadores. Este ano, a empresa espera aumentar os negócios em 50%, depois de ter crescido 30% em 2010. “E se continuar no mesmo ritmo devemos bater nossa meta anual já no mês de novembro”, comemora Oliveira.

Na avaliação do empresário, o crescimento da economia e a fiscalização maior sobre empreendimentos com acessibilidade a deficientes adequada ajudaram a alavancar as vendas do setor. “Além disso, temos visto muitas construtoras demolirem edifícios de três a quatro andares para fazer arranha-céus. A área de construção ficou muito cara”, observa. A Thopp tem hoje cerca de 300 clientes na carteira e quase dobrou o número de funcionários no último ano. “Mas está difícil achar profissionais nessa área. A mão de obra é muito específica, não se faz da noite para o dia”, observa o empresário. Problema se repeta na obra

Se o mercado para elevadores de passageiros está aquecido, no canteiro de obras a situação não é diferente. Em breve o elevador de cremalheira (que usa o mesmo princípio do portão eletrônico) deve passar a ser obrigatório nos canteiros, no lugar do de guincho, sustentado por cabos de aço. A maior parte das obras ainda usa o de guincho, que custa de duas a três vezes menos.

A WI Elevadores, em Betim, opera com a montagem e manutenção de elevadores de obras. A empresa faz hoje manutenção em cerca de 60 elevadores por ano, o dobro do realizado em 2010. O número de funcionários cresceu na mesma proporção: no ano passado eram 10, este ano são 18 e a empresa espera fechar 2012 com 25 profissionais. “Quase não vemos mais casas na capital. Os espaços estão sendo usados para construir edifícios. Com isso, a procura por elevadores de obra aumenta”, observa Bruno Germano Dias, um dos sócios da WI. As encomendas nas empresas, atualmente, só podem ser feitas com agendamento por e-mail. “Só por telefone não dá mais”, conta Dias. Segundo ele, a Copa de 2014 é outro incentivo para o aquecimento da procura pelo equipamento.

Alterações na legislação também favorecem os negócios da Montele Elevadores, em Contagem, focada na fabricação de elevadores para a acessibilidade (usado para deficientes). “Hoje, nenhum projeto de obra é aprovado sem solução com acessibilidade. Isso ajuda a aumentar a demanda. No caso dos bancos, por exemplo, foi dado prazo para atender a acessibilidade”, diz Nikolas Alexander Pastor Wagner, diretor comercial da Montele. O faturamento da indústria deve crescer 30% neste ano, na comparação com 2010. A grande dificuldade enfrentada é a mesma de outras fabricantes de elevadores. “Está difícil encontrar mão de obra na montagem e na parte comercial”, diz Wagner. REFORMA A Simem Elevadores e Tecnologia é outra empresa que enfrenta o desafio de encontrar – e manter – profissionais qualificados. “A mão de obra é muito especializada, há carência no mercado. Precisamos formar e treinar a pessoa”, diz Anderson Facini Pereira, um dos sócios da empresa. Ele conta que a evolução da tecnologia abriu espaço para um novo segmento de mercado: o de reforma de elevadores. “Hoje muitos elevadores são computadorizados. Consomem, por exemplo, cerca de 35% menos energia que os demais”, afirma Pereira. Dependendo do serviço, o custo da reforma de um elevador pode variar de R$ 25 mil a mais de R$ 300 mil.

 

Planejamento é essencial

 

Enquanto as empresas de manutenção e os fabricantes de elevadores engordam seus caixas e anunciam prazos mais longos de entrega, os empresários das construtoras ficam sem saída: resta esperar e programar as obras com mais antecedência. Caso contrário, correm o risco de finalizar o serviço e obrigar moradores e comerciantes a subir e descer os andares de escada. “Vivemos um momento em que diversos equipamentos da construção devem ser encomendados com mais antecedência, pois a demanda cresceu. A cadeia produtiva da indústria leva tempo para se adequar aos novos pedidos”, afirma Luiz Fernando Pires, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon-MG). Até 2004, diz, a média de área aprovada para a construção na capital era de 800 mil metros quadrados. Em 2010, esse número passou para 5 milhões de metros quadrados. 

 


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