Esquecido, abandonado, deixado sistematicamente de fora das comparações diárias dos preços de combustíveis nos jornais, a vida do gás natural veicular (GNV) andava mesmo precisando de uma injeção de ânimo. Depois da crise de credibilidade do combustível (medo de acabar o fornecimento, de o preço subir, riscos de acidentes a partir de instalações impróprias), o governo do estado e a Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig) prometem tirar o GNV do limbo. Aproveitam a turbulência nos preços do álcool e da gasolina para “revitalizar o mercado”. Preparam, para isso, arsenal de peso, com bônus para motoristas que instalarem kits de conversão nos automóveis.
Para mostrar que confia na ideia, o governo anunciou a conversão imediata de 1 mil veículos da frota oficial – os outros 20 mil carros do governo devem aguardar que esse mercado cresça, segundo a secretária de Planejamento e Gestão, Renata Vilhena: “Os comparativos mostrando que o gás custa metade do que custam os outros combustíveis são um colírio para os nossos olhos, mas entendemos que é inteligente começar devagar. Só 30% da frota do estado está na região metropolitana, que concentra a maior parte dos postos e oficinas de conversão do GNV. Não podemos converter a frota inteira de uma só vez”. Os gastos do governo com abastecimento de automóveis são de R$ 56 milhões por ano, segundo a secretária.
“Vamos pegar o preço do gás nos últimos dois anos para ver como ele se comportou em relação aos demais combustíveis. E temos hoje no Brasil reservas extremamente fartas de gás, com o Pré-Sal, gás recém-descoberto em Minas Gerais, e temos ainda o gás da Bolívia. Não falta gás”, disse Fuad Noman. Ainda segundo ele, a estatal tem o compromisso de evitar ao máximo repasses de preços. “É claro que haverá repasse de preço, pois a tarifa está atrelada ao petróleo. Mas nosso compromisso é o preço ficar sempre na faixa de 50% do preço do álcool e da gasolina”, disse.
Abrir postos, especialmente no interior do estado, é o desafio. Daniel Nogueira, gerente de desenvolvimento da Gasmig, explica que o objetivo é criar corredores de abastecimento: “Queremos que os motoristas que viajam para Brasília, São Paulo e Espírito Santo tenham a mesma facilidade para abastecer com GNV hoje encontrada por quem vai para o Rio”. Para Paulo Henrique Lara Rocha, proprietário de uma oficina convertedora em Venda Nova, as medidas da Gasmig são a luz no fim do túnel: “Vi meu movimento cair 80% nos últimos dois anos, com o descrédito do GNV”.