O pânico que tomou conta dos mercados nos últimos dias pode deixar marcas no Brasil. A maioria dos analistas concorda que o país está mais preparado para crises externas, mas duvida que passará ileso a um novo terremoto nas bolsas. Na avaliação de
Simão Silber, professor de Economia da Universidade de São Paulo (USP), uma desaceleração dos países desenvolvidos pode desvalorizar o real, como pôde ser percebido na sexta-feira, quando o dólar voltou a aproximar de R$ 1,60."Por um lado, é bom para a economia do país sobretudo para os exportadores porque perderam competitividade com a moeda forte. Mas também haverá pressões inflacionárias. Os juros deverão continuar subindo para conter a inflação, uma vez que a demanda interna permanecerá aquecida. E é aí que mora o perigo", comenta. "Para o Brasil, não há saída. Por mais que o país esteja preparado para uma guerra, ele vai tomar uns tiros", acrescenta Silber.
O diretor para a América Latina do Deutsche Bank, Frederick Searby, concorda com o Silber e destaca ainda que a crise de crédito na Europa pode afetar o sistema bancário. O Brasil, entretanto, deverá sentir menos do que os vizinhos da região. "As instituições financeiras espanholas, por exemplo, representam 10% dos ativos no Brasil. Mas no México e Chile somam de 25% a 30%" comenta.