Lolly é uma cadela da raça shitzu que não tem restrições de orçamento. Come da melhor ração, vai à clínica veterinária tomar banho todas as semanas, vira e mexe ganha um brinquedinho novo, roupas, laços de fita e outros badulaques caninos. Tem também direito, quinzenalmente, a um requintado banho de ofurô, com sais especiais e velas aromatizadas que incrementam o ambiente. “Quando decidi ter um cachorrinho, disse que se fosse para ter era para cuidar bem. Por isso, trato da melhor forma possível”, conta Francilene Gontijo, a dona, ou melhor, a mãe de Lolly, como ela prefere ser chamada.
A Associação Nacional dos Fabricantes de Produtos para Animais de Estimação (Anfalpet) calcula que no ano passado o mercado que mima Lolly e outros cães movimentou R$ 11 bilhões no país. No intervalo entre 2006 e o ano passado cresceu absurdamente, saindo dos R$ 3 bilhões para o patamar atual. A cifra inclui, além de itens estéticos, medicamentos, alimentação e serviços para animais domésticos.
No Brasil, estima-se que existem 33 milhões de cachorros e 17 milhões de gatos. Só em Minas Gerais são 6,5 mil pet shops e 8 mil médicos veterinários. Público potencial para a ExpovetMinas, que termina hoje junto com a Superagro, no Expominas e no Parque da Gameleira, em Belo Horizonte. No ano passado, a feira atraiu visitantes de 170 cidades do interior e de 16 estados. A expectativa da organização superar esses números.
Só Francilene gasta cerca de R$ 300 mensalmente com Lolly. “Todo mês tem alguma coisa diferente”, diz a consultora de vendas. Novidade, aliás, é o que não falta. Desde produtos que repõem a queratina, alisando e hidratando os pelos longos, passando por protetor solar canino, fator 30, para cuidar das partes desprotegidas dos animais, como focinho, barriga e orelhas, até tigelas programadas eletronicamente para liberar comida em certos horários. Outra opção, para os cachorros que latem muito, é uma coleira antilatido, que apita a cada barulho.
Além disso, itens como roupas com estampas da moda, capas de chuva, tratamento com células- tronco e laserterapia também são oferecidos na feira. A Pet Walk, por exemplo, trouxe um produto importado, o Dog Model, que facilita o aprendizado de tosadores e protege os animais. É um modelo padrão, parecido com uma pelúcia, que pode ser transformado em qualquer raça. Thiago Alves, funcionário da Fancy Dog, expõe uma série de acessórios. Os preços são variados, sendo que as coleiras mais baratas custam R$ 7,90, os peitorais R$ 15,90 e um cento de lacinhos sai por R$ 25.
Filão O banho de ofurô, por exemplo, custa R$ 45. “É ótimo para acalmar. Tem sais especiais e até pétalas de rosa”, conta a gerente da clínica Veterinária Cães e Gatos, Ester Carvalho. Segundo ela, os clientes aprovam as novidades. “Sempre que o cachorro vem tomar banho, sai com um laço”, destaca. Além disso, existem pedidos extravagantes, como aqueles que querem pintar o bichinho. “Rosa, amarelo e verde, tem gosto para tudo, mas com o tempo a cor sai”, explica Ester.
A tosadora e esteticista canina Simone Garotti mira esse mercado e trouxe para a feira uma linha de produtos e serviços. Simone é professora de tosa e realiza penteados sofisticados em cães. Trouxe duas cadelas que servem de modelos e estampam a linha de produtos de uma marca de itens de beleza. Duda-Rose é uma cadela da raça lhasa-apso e posa no rótulo de shampoos para cães de pêlos longos.
De acordo com Simone, o esteticista precisa de muita paciência para lidar com os diferentes tipos de comportamento. Mas a perseverança pode compensar, pois o salário vai de R$ 780 a R$ 4 mil, mais comissões. Quem quiser deve realizar cursos de banho e tosa para aprender todos os procedimentos básicos da profissão com duração média de 30 dias.
R$ 8 bilhões é o aumento do valor movimentado em 4 anos, de 2006 a 2010, no mercado de produtos para animais