Mariana – A escassez de mão de obra qualificada na construção civil e na indústria obrigou a Samarco Mineração a investir na formação própria de trabalhadores para cumprir o seu programa de expansão de R$ 5,4 bilhões até 2014 em Minas Gerais e no Espírito Santo. Com base num amplo diagnóstico sobre o déficit de operários especializados no entorno de suas unidades nos dois estados, a companhia vai bancar cursos de capacitação profissional para 2.260 pessoas, com um orçamento de R$ 6 milhões. As primeiras turmas começaram os treinamentos no mês passado nas escolas do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) em uma série de funções nas áreas de terraplenagem e obras civis.
A falta de mão de obra preocupa a Samarco, admitiu nessa segunda-feira o presidente da companhia, José Tadeu de Moraes, durante a solenidade que lançou a pedra fundamental do projeto de ampliação da produção de minério de ferro na reserva de Germano, em Mariana e Ouro Preto, na Região Central de Minas. A empresa teme o risco de atraso no cronograma de implantação de seus projetos, da mesma forma que a Vale. “Estamos rezando para que isso não aconteça e trabalhando muito com o plano de qualificação, mas diria que é uma grande preocupação”, disse o executivo. A Samarco tem seu capital compartilhado meio a meio pela Vale e a multinacional BHP Billiton.
A Vale anunciou este mês que não deverá cumprir o cronograma de um plano de investimentos orçado em US$ 24 bilhões no Brasil, em decorrência da dificuldade de contratar mão de obra especializada e do atraso nos processos de licenciamento ambiental. Os planos da Vale poderão ser reduzidos em US$ 4 bilhões para a companhia se adequar a essas dificuldades.
Os projetos da Samarco consistem na construção do seu terceiro mineroduto de 400 quilômetros, ligando suas reservas de Mariana e Ouro Preto ao litoral capixaba, um novo concentrador para enriquecer a matéria-prima em Minas e uma quarta usina de pelotização em Ponta Ubu (ES), onde o minério é transformado em pelotas de ferro de uso nos altos-fornos das siderúrgicas e segue ao mercado internacional. A mineradora adotou um programa de qualificação que inclui treinamento até mesmo para cargos de níveis gerenciais.
Dos 2.260 trabalhadores que serão capacitados pela Samarco em convênio com o Senai, 860 vão frequentar as aulas em Minas e 1,4 mil no Espírito Santo, informou Roberto Lúcio Nunes de Carvalho, diretor comercial e de serviços corporativos da mineradora. A mineradora prevê a contratação de 13 mil pessoas em empregos temporários no pico das obras, em meados de 2012. Nas operações, concluídos os projetos de expansão, a previsão é criar 1.100 postos de trabalho permanentes, cada estado com metade dessas vagas.
A todo vapor
Operando à capacidade máxima, a Samarco vai investir este ano R$ 1 bilhão do orçamento do plano de expansão. Até dezembro, serão realizadas as obras de terraplenagem e fundações. A Samarco vai elevar a sua capacidade de produção de pelotas de minério de ferro de 22,2 milhões de toneladas anuais para 30,5 milhões de toneladas por ano em 2014.
* A repórter viajou a convite da empresa