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Estado de Minas

Enquanto desemprego cai em BH, muitos ainda dependem de bicos


postado em 20/04/2011 06:00 / atualizado em 20/04/2011 11:39

A Grande BH foi a única entre as seis regiões metropolitanas que fazem parte da Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a apresentar queda expressiva na taxa de desemprego em março. O índice passou de 6,3% da População Economicamente Ativa (PEA) em fevereiro para 5,3% no mês passado. A variação foi de um ponto percentual. O resultado é o mais baixo para março desde o início da série histórica, em 2002.

Carteira assinada

O mercado de trabalho formal fechou o último mês com acréscimo de 92.675 novos postos. No trimestre, já foram gerados 583.886 novos empregos com carteira assinada, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A queda de 65,2% frente a março de 2010 foi justificada pelo ministro do Trabalho, Carlos Lupi, pela antecipação de contratações realizadas em fevereiro e pela redução do número de dias úteis em março, devido ao carnaval.


Bicos ainda reinam na Praça Sete

A movimentada Praça Sete, no coração de Belo Horizonte, se transformou na disputada praça dos bicos. Apesar do desemprego estar em queda na Região Metropolitana da capital mineira, todas as manhãs, centenas de pessoas sem trabalho formal chegam ao local com a missão de levar alguma quantia para casa no fim da tarde. A lista de produtos e serviços ofertados é bem diversificada. Há os que captam clientes para contadores que fazem a declaração do Imposto de Renda e os que vendem de vale-transporte a filhotes de cães. Mas a maioria consegue dinheiro aliciando consumidores para empresas que compram e vendem ouro, consertam telefone ou tiram fotografias para documentos.

 “Estou me preparando para ser aprovado no concurso da Polícia Civil. Quero ser investigador. Enquanto isso, ganho a vida aqui, onde consigo cerca de R$ 800 por mês”, diz Marcelo Soares da Silva, de 36 anos, que capta clientes interessados em comprar e vender ouro. A “comissão” da maioria dos aliciadores oscila de R$ 3,50 a R$ 5. Maria da Conceição Freitas, de 42, é amiga de Marcelo e também leva algum trocado para o lar. “A concorrência é grande: há cerca de 40 pessoas fazendo o mesmo que eu só para esta empresa. Para ganharmos o vale-transporte e o almoço temos que bater a meta: levar 15 pessoas para tirar fotos.”

Perto dela, João Paulo Soares Ferreira, de 23, vende bilhetes de um título de capitalização por R$ 10 cada, dos quais R$ 2 ficam como sua comissão. “Tiro, em média, R$ 20 por dia”, conta o rapaz, que se prepara para prestar vestibular para o curso de química e já tem prática como manipulador. “Desejo começar a trabalhar logo. Enquanto não retorno à profissão, venho para cá”, acrescenta João Paulo, que incentivou a amiga Andreza de Amorim Viana, de 17, a fazer o bico enquanto também não é fichada numa firma.

Mas há quem ganha a vida na Praça Sete e não pretende deixar o local. O motivo é simples: a atividade gera bom lucro. “Sempre quis ser artista e, aqui, mostro meu trabalho. Tem dia que levo R$ 200 para casa”, explica o artista de rua Elenito Duarte da Costa, o João Pequeno, de 41, que nasceu em Governador Valdares, no Vale do Rio Doce, e chegou à capital aos 14 anos. O forte movimento da Praça Sete foi que levou a artesã argentina Cecília de Oliveira a escolher o local como ponto de venda para seus brincos. Na praça da capital mineira ela garante sua renda há cerca de um mês.

Os trabalhos informais são diversos, mas prefeitura alerta que várias dessas atividades são ilegais. “As empresas (que aliciam) estão apregoando um tipo de comércio. Temos que identificá-las, comparecer ao estabelecimento, verificar se têm alvará e autuá-las”, disse William Nogueira, gerente de Regulação Urbana da Regional Centro-Sul. O alerta, porém, não afugenta os trabalhadores informais da Praça Sete.


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