Nem a alta do dólar nem as dificuldades de crédito para o consumidor foram suficientes para impedir que os eletroeletrônicos atingissem a meta de crescimento de 8% em relação ao ano passado, considerado um dos mais promissores para o setor. A expectativa de expansão era mais audaciosa antes da chegada da crise econômica: as previsões da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) eram de crescimento de 15%. Apesar disso, Lourival Kiçula, presidente da entidade, acredita que o Natal foi melhor que o esperado. “Apesar de o varejo ainda não ter liberado seus resultados, aparentemente fechamos o período melhor do que imaginávamos”, afirma.
Na rede Ricardo Eletro, as vendas cresceram entre 15% e 20%, resultado considerado animador. “Acredito que as campanhas agressivas e os descontos foram responsáveis por manter o nível das vendas”, afirma Elizabeth Vieira, gerente de uma das filiais da Ricardo Eletro. As televisões de LCD e a linha de informática tiveram destaque. Também houve mudança no comportamento do consumidor, que preferiu as compras à vista com desconto aos parcelamentos. “Se fizeram prestações, foi em menos vezes”, diz Elizabeth.
O empresário Renato Campos dos Passos não se rendeu ao forte apelo das promoções de Natal e espera que os preços das TVs estejam ainda mais acessíveis nos próximos dias. “Estou olhando há três meses e acho que no Natal o que melhorou foi a forma de pagamento, e não os preços. Acredito que a tendência agora seja cair ainda mais”, avalia. O empresário também cogita o pagamento à vista e não pretende adiar seus planos por causa da crise. “Só não quero parcelar para depois ficar endividado”, pondera.
A maior parte dos produtos não sofreu reajustes em conseqüência da valorização do dólar e Kiçula garante que o repasse não deverá ocorrer pelo menos durante os primeiros 20 dias de 2009. “As empresas ainda estão trabalhando com os estoques”, afirma. A esperança do setor é de que haja redução no valor dos insumos para que o preço dos eletroeletrônicos não fique tão salgado para o consumidor final com os reajustes em conseqüência da moeda americana.
Quanto aos campeões de venda, a aposta da Eletros são as televisões de plasma e LCD e refrigeradores que consomem menos energia elétrica. Os produtos portáteis mais baratos, como cafeteira e liquidificador, também ganharam destaque segundo avaliação da Eletros.
Foi o que confirmou a gerente de uma loja do Ponto Frio, Jacqueline Pimentel, que destaca o bom desempenho de vendas dos portáteis, câmera digital e celulares. “Geladeira, máquina de lavar e fogão não tiveram um desempenho tão bom”, diz Jacqueline, que ainda aposta na expansão do faturamento, pois muitos clientes estão aguardando as liquidações de janeiro.
Demissões
A Panasonic Electric Works vai cortar cerca de mil empregos e fechar três fábricas no Japão devido à crise econômica global, informou na segunda-feira o jornal Nikkei. Os cortes afetarão trabalhadores das fábricas e o pessoal de administração da divisão de construção e materiais para casas. Desses mil empregados, cerca de 550 são fixos e outros 450 são temporários. A unidade contava no fim de março com 13 mil funcionários.