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Estado de Minas

2009 será um ano de ajustes para a economia brasileira


postado em 28/12/2008 08:01 / atualizado em 08/01/2010 03:53

 Operador na Bolsa de Frankfurt trabalha ao lado de um cartaz que brinca com a figura do dólar, resumindo o sentimento e o temor mundial em relação à crise(foto: Kai Pfaffenbach/Reuters)
Operador na Bolsa de Frankfurt trabalha ao lado de um cartaz que brinca com a figura do dólar, resumindo o sentimento e o temor mundial em relação à crise (foto: Kai Pfaffenbach/Reuters)

O ano de 2009 será de ajustes para a economia brasileira, segundo o sócio da PricewaterhouseCoopers (PwC) em Minas Gerais, Carlos Silva. “Parece uma assimetria de informações, mas o Brasil terá um ano excelente em 2009 em plena crise mundial. No passado, estávamos sempre no centro da crise. Agora, estamos com uma economia muito mais robusta, com reservas internacionais de US$ 200 bilhões, recorde de investimentos diretos, na ordem de US$ 40 bilhões, um aumento de US$ 15 bilhões em relação ao ano anterior. Isso indica que as empresas trabalham com cenário de médio e longo prazos”, observa.

As previsões para o Brasil vêm variando para o próximo ano, mas de fato há consenso de que o país está mais preparado para a crise. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem frisando que o país deve crescer 4% em 2009 – e aí parece que há um certo arroubo de otimismo. A projeção é divergente da do próprio Banco Central (BC), que anunciou expansão de 3,2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Já o Fundo Monetário Internacional (FMI) projeta avanço de 3%. E a expectativa do mercado é ainda menor – 2,4%. “Não dá para esperar nada além de 3%, que, se obtido, já seria um bom número. Mas acho que, em função do primeiro semestre muito deprimido, o mais provável é que fique em torno de 2,5%”, estima Frederico Penido, do Ibmec Minas.

“Não podemos esquecer que até setembro o PIB estava crescendo 7%, comparável ao nível chinês, com investimento na ordem de 20% e forte demanda no mercado consumidor. Teremos uma redução desse ponto de partida. Teremos um 2009 de ajustes para voltar a crescimentos acima de 5% a partir de 2010”, pondera Carlos Silva.

Os ajustes não pouparão as empresas. A falta de crédito no mundo reduz a segurança do empresário na hora de investir. A Aracruz Celulose, por exemplo, interrompeu investimento no Rio Grande do Sul e adiou em Minas Gerais (Governador Valadares). A mineradora Anglo American postergará o início da operação do projeto Minas-Rio, orçado em US$ 3 bilhões, de 2011 para 2012.

Outra forma encontrada para driblar a crise em 2008 foi a adoção de programas internos para reduzir custos e adequar a estrutura a uma nova realidade de demanda. A Vale demitiu 1,3 mil pessoas no Brasil, 260 em Minas e concedeu férias coletivas para 5,5 mil funcionários. O mesmo comportamento é percebido no setor siderúrgico, automotivo, têxtil e sucroalcooleiro, entre outros.

No Brasil, a palavra-chave será “emprego”. Em 2008, a crise colocou na parede empresários e funcionários. A turbulência econômica obrigará no próximo ano duras negociações de contratos de trabalho. Reajuste zero e, até mesmo, redução de salário, algo impensável até então, já estão na pauta de discussões. Por enquanto, as medidas adotadas estão previstas na Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Por outro lado, já foi iniciado o debate sobre a flexibilização das regras trabalhistas. “Teremos uma elevação na taxa de desemprego, que hoje está por volta de 7,5%. Mas não acredito que seja tão significativo. Talvez cheguemos a 8% em março de 2009 para, a partir daí, voltar para 7,5% no fim do ano”, aposta Silva.

Câmbio

Já o câmbio médio em 2009 será fatalmente mais depreciado que o de 2008, segundo analistas de mercado. “Acreditamos que o patamar de câmbio atual, entre R$ 2,30 e R$ 2,40, não condiz com as condições macroeconômicas do país, mas, sim, um câmbio próximo a R$ 2,10 e R$ 2,20. Contudo, num cenário de estresse dos mercados financeiros globais, pode-se justificar um câmbio de R$ 2,30 a R$ 2,40, ou até mais depreciado”, explica o economista-chefe da Ativa, Arthur Carvalho Filho.

Carvalho também chama a atenção para a deterioração do cenário inflacionário, que, apesar da desaceleração econômica, é fruto, em grande parte, da desvalorização cambial e dos reajustes dos preços administrados esperados para o próximo ano. “Há três blocos divergentes, um grupo próximo ao centro da meta de 4,5% e outros dois acima de 5%. Essa diversidade resulta do grau de incerteza para 2009 e do cenário inflacionário adverso esperado”, pondera.


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