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Estado de Minas

Será que a ceia vai sobreviver à crise?

Procura por produtos típicos da época já começou. Mas cautela dos consumidores deixa lojas especializadas com o pé atrás


postado em 23/11/2008 08:28 / atualizado em 08/01/2010 04:00

Alexandre Cândido joga suas fichas nos clientes que decidiram antecipar as compras com receio das altas dos preços por causa do dólar mais caro (foto: Fotos: Cristina Horta/EM/D.A Press )
Alexandre Cândido joga suas fichas nos clientes que decidiram antecipar as compras com receio das altas dos preços por causa do dólar mais caro (foto: Fotos: Cristina Horta/EM/D.A Press )
A procura por produtos típicos da ceia de Natal já movimenta as delicatessens e lojas de vinho na capital. Os comerciantes, ainda receosos com o impacto da crise econômica no bolso dos consumidores, projetam pelo menos a repetição do volume de vendas do Natal de 2007, mas alguns deles apostam no apelo das festividades de fim de ano para começar 2009 com o pé direito.

No Mercado Central, tradicional ponto de venda de vários itens do cardápio natalino, a comercialização de nozes e frutas secas nesta segunda quinzena de novembro já é um bom sinal, segundo o gerente da loja Império dos Cocos, Alexandre Cândido. Segundo ele, os clientes já estão aparecendo com medo de reajustes, principalmente por causa da alta do dólar. “No ano passado, as compras começaram a partir da terceira semana de dezembro. Agora, acho que a maioria virá antes, para fugir da alta dos preços.”

Célio Jesus acha que, com o 13º na mão, todo mundo vai às compras
Célio Jesus acha que, com o 13º na mão, todo mundo vai às compras


Ele diz que os preços estão oscilando muito por causa da moeda americana, especialmente passas, damascos, nozes e ameixas, que aumentaram cerca de 10%. O bacalhau, outro item cada vez mais tradicional na mesa de Natal, também sofreu reajuste. “O consumidor tem reclamado, mas mesmo assim acaba levando, só que em menor quantidade”, explica o comerciante.

O gerente pensa positivo e se apóia no movimento recente para justificar seu otimismo. “Este ano estamos registrando um movimento crescente em outubro e novembro. Por isso, acredito que o Natal vai ser muito bom. A crise está lá fora. Aqui dentro temos que controlar a situação”, filosofa, bem-humorado.

Para contrabalançar a alta no preço de alguns produtos, a loja diminui a margem de lucro em alguns itens, como nas azeitonas argentinas e chilenas. Além disso, oferece desconto para compras à vista e parcelamento no cartão, sem juros.

O bacalhau é o carro-chefe das vendas do Empório Ananda, loja que existe há 18 anos no mercado. O proprietário, Geraldo Henrique Campos, está cauteloso em relação ao Natal. “Em 2006 e 2007, vendemos muito bem no fim do ano. Em outubro dde 2007, por exemplo, vendemos o dobro do que este ano. O povo está sem dinheiro. Por isso, estamos com um pé atrás”, afirma.

Por enquanto, o dólar não afetou as compras que faz no atacado. Mesmo assim, pelo resultado do seu movimento de caixa, ele prefere a cautela. “Todo ano começamos a comprar para o Natal em outubro e novembro. Agora, vou avaliar essa compra lá pelo dia 10 de dezembro. Não posso me precipitar, porque em janeiro tenho muitos impostos a pagar”, diz ele.

Se depender da opinião do representante comercial Célio Luís de Jesus, o comerciante Geraldo Campos pode ficar mais tranqüilo. “Acho que o povo fica assustado no início com essas notícias sobre a crise. Mas a partir do dia 5, com o pagamento do 13º, todos vão às compras”, acredita. Cliente há 20 anos do Empório Ananda, ele comprava nozes com casca, damascos e castanhas-do-pará com casca, enquanto conversava com a reportagem. Mesmo pondo fé no apelo do salário adicional, ele prevê um Natal bem diferente do de 2007. “Não haverá a fartura do ano passado, quando comprei vinho importado e queijo cheddar. Agora vou ficar no vinho nacional, chester em vez de peru e frutas secas nacionais. Além disso, pretendia viajar para Buenos Aires neste fim de ano. Agora, no máximo, vou a Guarapari”, decreta.

Como é profissional autônomo e não recebe o 13º salário, seu Natal sempre foi incrementado pelas vendas em dobro nos meses de novembro e dezembro. “Dessa vez, porém, só conseguirei melhorar em 30%”, diz ele.


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