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Estado de Minas

Consumidor devolve carro em revendas


postado em 12/11/2008 09:16 / atualizado em 08/01/2010 04:04

O medo de não conseguir pagar a prestação do carro já leva alguns consumidores a procurarem as revendas de usados para fazer a troca por modelos mais baratos com o objetivo de reduzir o valor financiado e mesmo entregar o automóvel para se livrar da dívida.

A procura pela chamada "troca com troco" e a devolução de veículos pelo receio de não conseguir quitar o financiamento foram constatadas pela reportagem no comércio de veículos usados em São Paulo e no interior.

"O que vemos hoje é o efeito do erro das concessionárias de vender carro em 80 meses para consumidores totalmente despreparados financeiramente", afirmou George Chahade, presidente da Associação dos Revendedores de Veículos Automotores do Estado de São Paulo e do Sindicato do Comércio de Veículos Automotores Usados do Estado de São Paulo.

Assim que o carro sai da concessionária, segundo ele, o veículo já perde 15% do seu valor. "Significa que o consumidor que comprou um carro que custa 10, saiu da loja com um carro que vale 8,5 e com uma dívida de 25. Olha o tamanho do problema que vamos ter de enfrentar agora com a crise que atinge o mercado de veículos." Os consumidores que procuram as revendas, segundo ele, são aqueles que possuem carros financiados que não estão mais na garantia e precisam de manutenção. E cerca de 40% desses clientes, segundo Chahade, têm dívida maior do que o valor do carro no mercado.

"Só que as revendas não querem hoje esses carros, que se transformaram em um mico para o mercado. Até as financeiras estão evitando pegar esses veículos porque não sabem o que fazer com eles", diz. A troca com troco só está ocorrendo, segundo ele, no caso de veículos com dívida de no máximo 30% do valor do bem.

A Marrese Veículos, revenda de carros usados da rua do Oratório, em São Paulo, afirma que desde o mês passado recebe de oito a dez clientes por dia com interesse em trocar o carro por modelo mais barato ou simplesmente entregar o veículo para que o restante das prestações seja quitado pela loja.

"É a primeira vez que vejo uma situação como essa", afirma Victor Marrese, sócio-proprietário da Marrese Veículos, que tem família que atua no mercado de usados há quase 40 anos. A Marrese, que costuma vender até 15 carros por mês, só vendeu um carro do começo de outubro até ontem.

Uma revenda da região de Americana (SP), que preferiu não se identificar, informa que no último mês tem sido procurada por cerca de três clientes por dia que tentam trocar seus veículos financiados por outro mais barato porque não sabem se conseguirão quitar a dívida.

Segundo a loja, o que o cliente mais quer é trocar um carro que tem prestação de R$ 700 por mês por um que tem prestação de R$ 400 por mês ou apenas devolver o veículo.

As revendas informam que a virada no mercado de veículos ocorreu por causa da restrição ao crédito. Os bancos e as financeiras não aceitam mais financiamento sem entrada, que agora chega a ser de, no mínimo, 30% do valor do carro, e também não falam mais em prazos de 80 meses. Além disso, os juros estão mais altos.

Levantamento da associação de revendas de veículos usados mostra que, em setembro, 82% dos negócios do setor foram feitos com uso de financiamento e, em outubro, 49%.

Vinícius Marcus Garcia, dono de uma das lojas Bruno Motors, diz que reduziu os preços dos carros em até R$ 5.000 para não demitir funcionários e contornar a queda nas vendas."Meu faturamento neste mês foi negativo em R$ 20 mil. Porque quem estava comprando era o consumidor que não tem holerite e não conseguia comprovar renda", afirma.

Promoção

Na tentativa de evitar os prejuízos no mercado de carros usados, 14 shoppings paulistas de veículos vão fazer o primeiro "Liquida Auto-Shopping", entre a última semana de novembro e a primeira de dezembro, e oferecer descontos e juros diferenciados para atrair clientes. "Negociamos com os bancos descontos para incrementar as vendas que caíram entre 40% e 50%, em média, nos auto-shoppings paulistas", afirma Karla Arana, presidente da Anauto-SP (associação nacional dos auto-shoppings do Estado de São Paulo) e administradora do Auto-Shopping Anhaia Mello.

Para Octavio Vallejo, presidente do Sincodiv-SP (Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos no Estado de São Paulo), a entrega de carros recém-adquiridos para quitar os financiamentos, quando ocorre, é algo pontual e não deve se acentuar.


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