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Estado de Minas

Negociação salarial esbarra na crise

Fabricantes de autopeças sinalizam que desejam rever acertos trabalhistas fechados há menos de um mês. Motivo é a crise mundial


postado em 08/11/2008 08:15 / atualizado em 08/01/2010 04:06

 Fábrica da Teksid, produtora de blocos de motores e peças fundidas em Betim: queda-de-braço à vista entre empresas e sindicatos, que não admitem ceder(foto: Gustavo Lovalho/Divulgação - 26/5/08 )
Fábrica da Teksid, produtora de blocos de motores e peças fundidas em Betim: queda-de-braço à vista entre empresas e sindicatos, que não admitem ceder (foto: Gustavo Lovalho/Divulgação - 26/5/08 )
Menos de um mês depois da assinatura do acordo salarial deste ano com os metalúrgicos de Minas Gerais, as grandes fabricantes de autopeças estão propondo um novo pacto aos trabalhadores, sob o argumento de que os efeitos da crise financeira mundial se agravaram. As propostas incluem redução da jornada de trabalho e dos salários, além da revisão de direitos conquistados pela categoria em outubro, a exemplo da garantia de emprego ou salário concedida até 31 de dezembro, segundo a Federação dos Metalúrgicos de Minas Gerais, ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT). Em BH, Contagem e Betim, principais pólos da indústria automotiva no estado, os sindicatos só aceitam discutir qualquer medida adicional à convenção a partir de janeiro, se valendo das projeções que o próprio setor mantém de fechar 2008 com recorde de produção e vendas.

Em alguns casos, não houve a formalização de propostas das empresas, mas foi dado o sinal de que elas desejam reduzir os estoques, alterando as condições de trabalho nas fábricas, segundo Marcos Marçal dos Santos, presidente da Federação dos Metalúrgicos de Minas. “Os sindicatos estão dispostos a dialogar para que os impactos da crise não sejam prejudiciais, principalmente para preservar os empregos, mas acreditamos que, por enquanto, há uma cautela excessiva das empresas nesse sentido”, disse.

Se, de um lado, os sindicatos se recusam a negociar mudanças que piorem as condições de trabalho, de outro, nenhuma alteração na convenção firmada mês passado pode ser feita por negociação em separado com as empresas. Revisões de cláusulas aprovadas dependem de entendimento direto do sindicato patronal – a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) – com as federações representantes dos trabalhadores. A Fiemg não recebeu nenhum pedido de empresas para rediscutir o acordo, informou Osmani Teixeira de Abreu, presidente do Conselho de Relações do Trabalho da instituição, que coordena as negociações entre patrões e empregados.

Para Osmani Teixeira, as férias coletivas já adotadas pelas quatro maiore s montadoras – Fiat, GM, Volkswagen e Ford – e outros mecanismos como a parada técnica na fábrica de Betim indicam que pode ter chegado o momento de algumas empresas negociarem com os trabalhadores, ante a crise. “São caminhos alternativos. Quando se compra menos aço e pneu, isso demonstra que a reação se alastra por toda a cadeia produtiva”, afirma. Fora da convenção, Teixeira entende que as empresas podem tentar negociar divisão de férias do empregados, redução de jornada e salários e o chamado banco de horas (sistema de compensação de horas trabalhadas a mais ou a menos).

Antecipação

O argumento é rebatido por Geraldo Valgas, diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de BH e Contagem. “Não vamos adotar nenhuma medida que prejudique o trabalhador por antecipação, quando ninguém sabe ainda a extensão da crise e depois de o governo ter injetado bilhões para alimentar o crédito na economia”, afirma o sindicalista. Marcelino da Rocha, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Betim, Igarapé e São Joaquim de Bicas, lembra informações divulgadas recentemente pela Fiat, dando conta de que a previsão do presidente da empresa italiana para a América Latina, Cledorvino Belini, é de novo recorde, este ano, de vendas de 2,8 milhões de veículos.

“Não há justificativa para um setor que acumulou tanta gordura em vendas e receita negociar, neste momento, propostas incompatíveis com um acordo firmado há menos de 30 dias. Vamos acompanhar os desdobramentos da crise e negociar, sim, com fatos concretos, desde que isso não envolva a redução de empregos” afirma Rocha. Até o fim deste mês, grandes empresas do setor siderúrgico estarão negociando acordos em separado com seus trabalhadores em diversas regiões do estado, como a ArcelorMittal, Usiminas e Gerdau. Os sindicatos prevêem negociações mais duras, embora até o momento não haja interferência dos efeitos da crise, na avaliação de Delson José de Oliveira, presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos, ligada à União Geral dos Trabalhadores (UGT).


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