Com os avanços da medicina, a expectativa de vida de pessoas com síndrome de Down não para de aumentar. Nos últimos 30 anos, a longevidade subiu de 35 para 60 anos, mas ainda há o que melhorar no que diz respeito à qualidade de vida. No Brasil, há cerca de 300 mil pessoas com síndrome de Down, e muitas delas não são bem recebidas em ambientes usuais.
Múltiplas características e sonhos
No último dia 8/10, a cantora Pabllo Vittar chamou atenção ao levar para o palco a aniversariante do dia, Joana, uma fã com síndrome de down que estava completando 22 anos e impressionou o público de Belém ao som do hit “Parabéns”.
Ser uma mulher com síndrome de Down é uma das muitas características de Joana. Por conta própria, ela correu atrás para ir ao show de Pabllo, conseguiu acesso ao camarim e pediu para dividir o palco com a artista.
Pabllo Vittar é um anjo, né? Cantando parabéns para uma fã com Síndrome de Down. %u2764%uFE0F pic.twitter.com/w5wZJIaJKl
%u2014 Portal Auge Magazine (@auge_magazine) October 10, 2022
Joana, como qualquer mulher, quer conquistar sua independência, poder concluir os estudos, namorar e realizar seus sonhos.
Instituto Mano Down
Para Leonardo Gontijo, presidente do Instituto Mano Down, a presença de pessoas com síndrome de down em shows, cafés, transportes públicos e outros ambientes deveria ser normalizada.
O instituto com sede em Belo Horizonte foi fundado em 2011 e surgiu pelo amor que Leonardo tem pelo irmão mais novo, Dudu, diagnosticado com síndrome de Down. Ao enxergar todas as dificuldades que o irmão e todas as pessoas com deficiência intelectual poderiam enfrentar, Leonardo criou o núcleo de socialização com o objetivo de trocar a palavra exclusão por oportunidade.
Hoje, o Mano Down recebe mais de 600 famílias de todo o Brasil, oferecendo a elas intervenção precoce de saúde, inclusão escolar, mobilização para autonomia, inclusão no mercado de trabalho e estímulo ao empreendedorismo.
Inclusão no mercado de trabalho

Como exemplo, Gabriel cita o caso de um dos educandos que está inserido no mercado de trabalho. “Depois de horas de uma palestra de segurança de trabalho, ele levantou a mão dizendo que não havia entendido nada e pedindo para que o palestrante resumisse. Em 20 minutos, o cara resumiu de forma clara uma palestra de duas horas. A dúvida desse funcionário provavelmente era a de muitas pessoas. A presença dele trouxe à empresa uma comunicação simples e eficiente”.
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Lei de Cotas
Em 1991, foi aprovada no Brasil uma lei que ajuda a aumentar o número de pessoas com deficiência (PCDs) empregadas. A Lei de Cotas (8.213/91) exige que empresas com mais de 100 empregados contratem PCDs. As proporções variam de acordo com a quantidade de funcionários:
- até 200 funcionários: 1%
- 201 a 500: 3%
- 501 a 1000: 4%
- mais de 1000: 5%
Muitas empresas não seguem essa lei ou acabam contratando os funcionários apenas para ficar dentro da regularidade, não dando o suporte necessário, nem ao menos os colocando para realizar tarefas reais. Dessa maneira, nenhuma vida é impactada como poderia ser.
*Estagiária sob supervisão da subeditora Giovanna Fávero