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Estado de Minas MODA

Modelo brasileira desfila com cabelo Black Power na Paris Fashion Week

Mariana Vassequi fechou o desfile com a peça ícone da coleção de marca capixaba


14/03/2022 12:33 - atualizado 14/03/2022 14:04

Mariana Vassequi, usando vestido off-white com franjas, desfilando na Galerie Bourbon com cabelo Black Power
Mariana Vassequi desfilou no Paris Fashion Week com seu cabelo Black Power (foto: Reprodução: Instagram)

A marca capixaba Atitú fez sua estreia na Paris Fashion Week em 28/3, maior evento de moda do mundo. A modelo Mariana Vassequi encerrou o desfile da marca de moda casual, que o correu na Galerie Bourbon, próximo da Champs-Élysées e do Arco do Triunfo, com a peça principal da coleção, um vestido off-white com franjas, e ostentando seu cabelo natural black power.  

Mariana, que além de modelo é ativista antirracismo e atualmente vive em Paris, usou sua conta no Instagram para falar sobre o penteado Black Power. Ela conta que, apesar de o cabelo crespo sempre ter existido, o termo Black Power surgiu na década de 50 nos Estados Unidos como uma forma de resistência e protesto à cultura de segregação que existia no país. “Assim a gente entende que não é uma história apenas de moda ou tendência, mas uma das bases de um movimento forte de conquista dos direitos civis das pessoas negras!”, declara a modelo na postagem.  

A marca foi a única brasileira convidada para o evento Flaying Solo, que apresenta novos talentos da moda para o mercado internacional, e se preocupou em escolher um casting misto, representando a diversidade do Brasil. 

Volta por cima

A conquista de desfilar no maior evento da moda com seus cabelos naturais, quando muitas modelos ainda se apresentam com cabeças raspadas ou cabelos alisados, vem com um forte simbolismo não apenas para as mulheres negras. 

Em um evento para uma marca de cosméticos em 2020, Mariana sofreu racismo por parte do cabelereiro Wilson Eliodoro que se referiu ao cabelo da modelo como "filhote de patrão, porque o patrão comeu uma escrava e gerou isso aqui". Em outro momento do evento, Wilson afirmou que 'esse cabelo é um cabelo que vem do morro, e agora essas mulheres têm dinheiro e agora elas querem ir em salão chique, por isso nós temos que saber mexer com elas'.



No momento que ouviu as frases, Mariana não disse nada por medo de ser demitida e não receber o cachê pelo evento, mas ao chegar em casa, denunciou a situação de racismo sofrida por ela e à também modelo Ruth Morgan, que trabalhava no evento. Além de criticar a postura do cabelereiro em naturalizar a cultura do machismo e do estupro, Mariana defendeu que a história negra não se limita à escravidão.

“E parem de diminuir toda uma ANCESTRALIDADE, diminuir toda uma história reduzindo sempre o negro (a), sempre o cabelo cacheado/afro/crespo à escravidão. Meu amor a gente existe muito antes desse pequeno detalhe ter acontecido na história da humanidade! Se você olha pra mim e acha que eu sou só isso você está muito enganado e atrasado”, desabafou a modelo.



Na época, Wilson usou as redes sociais para postar um vídeo pedindo desculpas pelo ocorrido. "Tenho muita culpa, muita vergonha, de ter dito o que disse. Principalmente pela dor que causei. Mas repito, ser preto não me faz imune da construção racista desse país. Estou em reeducação. Assim como tantos de nós. Desculpa. Desculpa, Mari, desculpa Ruth", declarou o cabelereiro. 

 


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