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Estado de Minas BBB22

BBB22: Rodrigo usa termo 'traveco' e repercute dentro e fora da casa

Casos de transfobia no reality ocorrem em menos de 24 horas após a entrada de Linn da Quebrada, participante travesti


21/01/2022 18:17 - atualizado 22/01/2022 15:01

Linn da Quebrada usando uma camiseta de 'Anastácia Livre' entrando na casa do Big Brother Brasil
Linn da Quebrada é a primeira participante travesti do BBB (foto: TV Globo/Reprodução)

22ª edição do Big Brother Brasil estreou nessa segunda-feira (17/1) com a casa incompleta. Três participantes do Camarote, Arthur Aguiar, Jade Picon e Lina Pereira dos Santos, a Linn da Quebrada, positivaram para a COVID-19 pouco antes do início do programa e tiveram que esperar alguns dias para conhecer os demais brothers, o que ocorreu somente nessa quinta-feira (20/1).

Apesar do entusiasmo inicial de se estar na casa mais vigiada do Brasil concorrendo ao prêmio de R$ 1,5 milhão, alguns acontecimentos mexeram com os participantes. Em menos de 24 horas da entrada de Linn da Quebrada, primeira participante da história do BBB que se autodenomina travesti, já ocorreram os primeiros casos de transfobia.

Dentro da casa

Durante a madrugada desta sexta-feira (21/1), o brother Rodrigo Mussi, lembrando de uma história contada pelo colega Eliezer, soltou a fala: “Eli, estou tentando dormir, mas estou lembrando do pinto do ‘traveco’ que você ficou com medo”. Imediatamente, foi repreendido por Vinicius e Maria e pediu desculpas, mas não conseguiu dormir e foi para a área do jardim conversar com outros participantes.

Após Rodrigo relatar o que aconteceu, Bárbara pergunta se os termos “travesti” e “traveco” são a mesma coisa. Os demais brothers dizem que ele está aprendendo e recomendam Rodrigo a falar diretamente com Linn, que poderia explicar os termos com mais propriedade . “Amanhã você pede uma aula para a Linn”, diz Paulo.

Além desse caso, também ocorreu, mais de uma vez, de tratarem Linn da Quebrada no masculino, ignorando a forma como ela se apresentou. A artista tem, literalmente, o pronome feminino tatuado na testa.
 
Perfil de Linn da Quebrada com foco em sua tatuagem, que diz 'ela'.
Linn da Quebrada tem uma tatuagem com seu pronome na testa. (foto: Linn da Quebrada/Divulgação)
 

Durante o almoço, Linn pede a pimenta na mesa e Eslovênia dispara “é para ele”. Imediatamente é respondida apenas com “é ela” e o assunto morre. Posteriormente, Eslovênia conta a história para Lucas vilanizando a travesti. “Na hora que ela respondeu, me destruiu”, conta.

Pedro Scooby também foi protagonista de um desses casos e, enquanto conversava na porta de um dos quartos da casa com outros participantes, disparou “ontem eu fiz um delineado no Linn”, tratando a participante no masculino.

Mais cedo, Naiara Azevedo disse em roda de conversa que “ela [Linn] não chegou aqui nem como mulher, nem como trans. Chegou como gente”. “E como travesti”, retruca Linn.

Fora da casa

Segundo um relatório das Nações Unidas, o Brasil é o país que mais mata pessoas trans no mundo. A violência contra esse grupo, entretanto, não é só física e pode vir de diversas formas, inclusive verbal e psicologicamente.

Arthur Bugre, jornalista transgênero colunista do EM, conta que é muito comum pessoas trans não terem seus nomes e pronomes respeitados e que isso é uma das causas pela alta das taxas de suicídio e depressão na comunidade. “Quando a gente fala de nomes e pronomes, a gente tá falando de identidade, de essência. Essas coisas estão tão interligadas que impactam nossa autoestima”, comenta ele, que também diz que ter isso respeitado é uma questão de direito universal.

Trans ou Travesti?

Os termos têm criado várias discussões sobre qual a forma adequada que se deve utilizar para se referir ao grupo. A influencer travesti Alina Durso explica que “o termo ‘mulher trans’ surgiu para higienizar e binarizar a identidade das travestis. Travesti é um termo marginalizado e carrega muitos estigmas e não é à toa que, até hoje, as pessoas acham que é um termo pejorativo”.

No perfil do Twitter de Linn da Quebrada, a didática é bem simples:
Tweet do perfil de Linn da Quebrada que diz: 'travesti: identidade com a qual Linn se identifica traveco: maneira pejorativa pela qual NÃO devemos tratar travestis e mulheres trans. #TeamLinn'
Tweet da equipe de Linn da Quebrada sobre o assunto. (foto: Twitter/Reprodução)

Ela também explica que travestis devem ser sempre tratadas no feminino, pois se trata de uma identidade feminina, mas que nem toda travesti se identifica como mulher.

“Ter uma identidade feminina significa utilizar pronomes femininos, se encontrar dentro da feminilidade, mas não, necessariamente, se reconhecer como mulher dentro da binariedade, dos gêneros padrões”, explica. Além disso, fala que é uma identidade política e latino-americana, que não tem tradução em idiomas como o inglês, por exemplo.

Alina, Linn da Quebrada e muitas outras ativistas travestis também comentam sobre não utilizar o termo “traveco” em hipótese alguma. Numa breve explicação que envolve a etimologia da palavra, a educadora Lana de Holanda diz que “o sufixo ‘eco’ implica em algo vulgar, vagabundo, de baixa qualidade e, por isso, “traveco” (...) aponta a travesti como algo menor, descartável, desprezível”, além do fato que “traveco” é masculino e travesti é feminino.




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