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Estado de Minas NOVIDADES NA QUARENTENA

Queijo em casa

Impossibilitados de vender em lojas, produtores veem demanda por delivery disparar


postado em 24/05/2020 04:00

A Fazenda Ovelha lançou kits para estimular o público a conhecer todos os seus produtos(foto: Fazenda da Ovelha/Divulgação)
A Fazenda Ovelha lançou kits para estimular o público a conhecer todos os seus produtos (foto: Fazenda da Ovelha/Divulgação)


Até então, era difícil imaginar venda de queijo a distância. Mineiro gosta de experimentar antes de comprar para não errar na escolha. Mas, diante da pandemia, vendedores e clientes precisaram se adaptar aos pedidos on-line e enxergam uma nova forma de consumo. As mudanças impactam tanto lojas quanto produtores, que investem no delivery para chegar a mais lugares.
 
O delivery do Roça Capital existe desde antes da quarentena, mas Guilherme Vieira sempre observou certa resistência do consumidor mineiro de comprar queijo pela internet. Todos querem ver, pegar e experimentar antes de levar para casa. “Como agora as pessoas estão impedidas de sair de casa, são obrigadas a optar por esta modalidade de compra. Então, a venda no site aumentou 10 vezes”, conta o sócio, que não descarta a possibilidade de migrar o negócio totalmente para o on-line.
 
O armazém, que tem loja no Mercado Central e na Avenida dos Bandeirantes, continua com entrega gratuita às sextas. Outra estratégia para aumentar as vendas é incentivar compras coletivas em condomínios. Dessa forma, os moradores ganham cupom de desconto e o delivery é otimizado. Em breve, será lançado o food truck do queijo, que vai percorrer várias regiões de BH. “As pessoas vão poder ir lá para conhecer e experimentar os queijos sem ter que ir à loja. A partir do momento em que criamos um laço de confiança, conseguimos pular essa etapa e entregar direto na casa do cliente”, informa.
 
O estoque da loja virtual oscila bastante. Apesar de trabalhar com 70 a 80 tipos de queijos, Guilherme não consegue ter essa variedade todos os dias. Como os produtores desaceleraram no início da crise e agora a demanda está voltando, faltam queijos no mercado. “O queijo gorgonzola de colher é um deles. Chegam 100 peças por semana e todas já estão vendidas.” Entre os mais procurados, além do gorgonzola e outros de massa mole (reblochon e brie), estão os canastras e os frescos.
 
Para compensar a redução das vendas nos empórios parceiros, a Fazenda da Ovelha, em Itabirito, expandiu o serviço de delivery, que antes se concentrava em Nova Lima, Belvedere e, no máximo, Savassi. Os produtores Denise Álvares e César Becho continuam a fazer pessoalmente as entregas mais próximas, enquanto os pedidos mais distantes são despachados por motoboy. “Ficamos com muito medo no início, porque a produção de leite não para e o custo para manter os animais é muito alto, mas estamos conseguindo manter o volume de vendas”, diz, aliviada, Denise.
 
Toda a produção, artesanal e sem conservantes, é feita sob encomenda. O casal utiliza leite de ovelha para fabricar dois tipos de queijo: um fresco tipo boursin (de origem francesa), vendido tanto em pasta quanto em bolinhas conservadas no azeite, e um maturado por pelo menos 90 dias tipo pecorino (típico da Itália), vendido em peça. Da fazenda também saem iogurte e doce de leite.

KITS Durante a quarentena, Denise e César lançaram kits para estimular o público a conhecer todos os produtos. O mais pedido combina pecorino e boursin bolinha. “Os chefs estão usando o nosso queijo pecorino para fazer carbonara e incentivando as pessoas acozinharem em casa com ingredientes artesanais”, ela observa. Já o boursin pode ser adicionado a uma salada ou consumido sozinho como petisco. A versão em pasta substitui requeijão e manteiga no café da manhã.
No início da pandemia, os pedidos de lojas, empórios e padarias chegaram a zerar, o que levou o produtor do queijo Inconfidentes a abrir para venda direta. “A venda no varejo deu uma decolada muito grande e às vezes fico sem queijo para vender. Cerca de 75% são clientes de recompra”, contabiliza Eduardo Pulier, que já decidiu manter o serviço depois da quarentena. As entregas na região de Ouro Preto e Belo Horizonte são gratuitas.
 
Localizada em Cachoeira do Campo, a queijaria produz queijo minas artesanal (com leite cru, pingo e maturado por 21 dias). O Inconfidentes tem casca com fungo branco e miolo cremoso. Segundo Eduardo, quanto mais o tempo passa, mais gostoso ele fica. “Falo que o nosso queijo vai do cafezinho ao vinho, ele cai bem em todas as ocasiões. Pode também ser usado em receitas culinárias”, diz. O produtor recomenda guardá-lo fora da geladeira, em cima de uma tábua de madeira e coberto com um pano.

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