O rapper Djonga

Astro do rap nacional, Djonga, de 29 anos, lança disco de inéditas e dois clipes nesta sexta-feira 13

Coniiim/divulgação

Véi, como é bom falar também de coisas soltas!

Djonga, rapper


 
Sexta-feira 13 não mete medo em Djonga. Muito pelo contrário. Hoje, ele manda para as plataformas o álbum “Inocente demotape” com oito faixas inéditas e promete "muitas surpresinhas", que prefere guardar a sete chaves.
 
Linha de frente do rap nacional, o mineiro chega aos sete anos de carreira experimentando novas sonoridades e letras bem diferentes daquelas que lhe deram fama – crônicas pungentes do Brasil racista, violento e marcado pela exclusão.
 
“Preciso mostrar um outro lado meu. Mais bobo, fútil, com todas essas coisas que também fazem parte da gente”, diz Djonga. Quem defendeu “fogo nos racistas” agora experimenta a versão “good vibes”, livre, leve e solto, na contramão da sisudez do rap?
 
“Não sei se leve. Falo de putaria, sexo, loucura”, diz, avisando que não vai dar spoiler para não estragar as “surpresinhas” que chegarão ao mundo.
 
Aos 29 anos, carreira consolidada, pai de duas crianças, o mineiro se aproxima dos 30 com vontade de curtir a vida. “Entender o que eu quero para mim”, resume.
 
“A gente não pode se perder no personagem”, comenta, referindo-se ao sucesso. E reitera o compromisso de não repetir eternamente o que já deu certo. “Posso fazer samba, rock, sem pensar no que vão achar. Preciso fazer (meu trabalho) por mim, pela música, pela arte”, diz.
 
Amor, paixão, o fim deste amor e uma certa esbórnia estão presentes no álbum. Djonga diz que isso nada tem a ver com a separação de Malu Tamietti, com quem tem a filha Iolanda, de 4 anos. “Somos amigos”, observa. O álbum é reflexo de suas próprias questões existenciais, adianta.
 
 

Na batida do Jersey Club

O disco vem depois de “Heresia” (2017), “O menino que queria ser Deus” (2018), “Ladrão”’ (2019), “Histórias da minha área!” (2020), “Nu” (2021) e “O dono do lugar” (2022). A sonoridade traz trap, hall, dance e o estilo Jersey Club, destaque do rap americano.
 
Desta vez, os beats não foram criados por Coyote, companheiro de Djonga desde sempre. Artistas de Minas, Rio de Janeiro e São Paulo participam do álbum, parceria da produtora mineira A Quadrilha com a Supernova Entertainment. Ele divide microfones e rimas com Veigh, MC Cabelinho, TZ da Coronel e as mineiras Iza Sabino e Laura Sette.
 
Verdadeiro time produziu as faixas: Bvga, Honaiser, Ajaxx, Nagalli, H4lfmeasures, Jhxw e o experiente Rapaz do Dread, o velho parceiro de Djonga que já tocou com o Pato Fu. Outro destaque é Thiago Lisboa, cantor ligado ao samba que agora faz parte d’A Quadrilha, a produtora do rapper.
 
O novo álbum traz aprendizados recentes. A ideia é criar algo que sirva para a festa e para os momentos de reflexão. Djonga descobriu que sabe cantar, por exemplo. Conta que lança mão “de artifícios da galera mais nova”, como o autotune, programa de computador que permite manipular a voz.
 
“Já fiz muitos discos com vibe mais pesada, muitas reflexões. Já disse muito sobre as coisas que eu queria falar de forma mais potente”, comenta. “Véi, como é bom falar também de coisas soltas!”. Clipes das faixas '5 da manhã' e 'Camarote' também serão lançados hoje.
 
“Inocente” traz o rapper sorridente na capa, com sorvete derretendo nas mãos. No pescoço está o colar com o tridente semelhante ao de Exú, orixá guardião da linguagem e da comunicação – sobretudo do homem com as divindades. É um orixá que abre caminhos, sobretudo numa sexta 13.
 
A foto se inspira na capa de um LP da americana Minnie Riperton, “Perfect angel”. A cantora se dedicava ao rock, R&B e soul. “Ela morreu de câncer de mama na década de 1970, e meu disco sai agora, durante a campanha do Outubro Rosa”, observa Djonga, fã da black music das antigas.
 
 
 
O mineiro promete “fazer barulho” com a turnê de lançamento de seu álbum. Muito mais barulho do que nas apresentações realizadas por ele no antigo Chevrolet Hall com ingressos quase de graça, em 21 de abril de 2019, e no encerramento da Virada Cultural de BH na Praça da Estação lotada, naquele mesmo ano. 
 
“Vai ser algo grande”, avisa. Seria por acaso um megashow na Arena MRV de seu querido Galo? “Sem spoiler”, repete. E emenda: “Pra evitar olho gordo.”
 
O astro do rap diz que fará ações surpresa hoje para divulgar “Inocente demotape”. Ano passado, quando mandou “O dono do lugar” para as plataformas, instalou a réplica do moinho de Dom Quixote em plena Praça Sete. Ficou zanzando por lá, levou os filhos, fez selfies com deus e todo mundo. Até cortou cabelo na galeria ali perto. 
 
OK, não adiantou pedir spoiler. Mas, pelo jeito, esta sexta 13 promete...

Djonga segura sorvete na capa do disco Inocente

Djonga segura sorvete na capa do disco Inocente

A Quadrilha/divulgação
INOCENTE DEMOTAPE

Álbum solo de Djonga
Oito faixas
A Quadrilha
Disponível nas plataformas digitais nesta sexta-feira (13/10)
 
 
Larissa Luz, Ivanir dos Santos e Djonga

Larissa Luz, Ivanir dos Santos e Djonga: defesa dos negros em série do Globoplay

João Miguel Junior/Globo
 

RESISTÊNCIA NEGRA

As “surpresinhas” de Djonga não se limitam à música. O rapper faz parte da série documental “Resistência negra”, produção do Globoplay com cinco episódios sobre a trajetória dos pretos no Brasil. O projeto foi idealizado pelo babalaô Ivanir dos Santos, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e especialista em história comparada.
 
O roteiro contou com a colaboração de Paulo Lins, autor do romance“Cidade de Deus”, filmado por Fernando Meirelles. A dramaturga e atriz mineira Grace Passô também colabora com “Resistência”, assim como Mariana Jaspe, diretora do documentário “Flordelis: Questiona ou adora”.
 
Djonga apresentará a atração, prevista para estrear nestes dias, ao lado da cantora baiana Larissa Luz. Vai também atuar no programa – o que não é novidade, pois fez parte do elenco da peça "Madame Satã". Por enquanto, diz, não pode dar detalhes sobre este novo trabalho.
 

FAIXA A FAIXA

5 da manhã

>> Produção: Nagalli, Bvga e Jhxw

Valeu a batalha

>> Produção: Nagalli, Bvga e Honaiser

Da Lua

>> Com Lisboa e Veigh
>> Produção: Nagalli, Bvga e Honaiser

Coração gelado

>> Com Tz da Coronel
>> Produção: Bvga, Nagalli e H4lfmeasures

Das amantes

>> Freestyle
>> Produção Nagalli, Bvga e Honaiser

Depois da meia-noite

>> Com MC Cabelinho
>> Produção: Bvga, Honaiser e Rapaz do Dread

Fumaça

>> Com. Iza Sabino e Laura Sette
>> Produção: Nagalli, H4lfmeasures e Rapaz do Dread

Camarote

>> Produção: Bvga, Honaiser e Ajaxx