Foram oito anos até que ‘Nada será como antes’ fosse visto pela primeira vez pelo público. O documentário foi apresentado pela primeira vez no Festival do Rio, na capital carioca, na noite dessa segunda-feira (9/10).  Ao todo, foram duas sessões lotadas, com público ocupando todos os espaços das salas do Espaço Net Gávea, que contou com a presença da diretora Ana Rieper e de dois personagens dessa história: os músicos Ronaldo Bastos e Nivaldo Ornelas. 

O filme conta histórias desconhecidas pelo público e imagens inéditas, com um ritmo divertido e emocionante. “Estou emocionado. Chorei e tudo. É tudo muito verdadeiro, está contando uma história real e que eu vivi de perto”, resumiu Ornelas. O músico, que mora no Rio de Janeiro, aproveitou a estreia para lembrar sua amada ‘Belzonte’, como chamou a capital mineira. “Eu nunca deixei de ser mineiro. Eu sou ‘mineiraço’”, definiu. 

O longa tenta resumir o processo de criação do álbum ‘Clube da esquina’, de 1972, e a expansão da música mineira na época. O disco duplo foi lançado por uma ideia de Milton Nascimento e reuniu toda a garotada que se reunia para tocar na esquina das ruas Divinópolis e Paraisópolis, no Bairro Santa Tereza. 

“Falar sobre o Clube da Esquina é um imenso privilégio, porque esse é o primeiro documentário de longa metragem sobre o Clube da Esquina. Me sinto bastante pressionada, mas me sinto muito honrada de fazer essa singela colaboração que é um documentário sobre essa lindeza que é o Clube da Esquina”, revelou Ana Rieper.

Foto de divulgação de 'Nada será como antes'

Documentário 'Nada será como antes' tenta resumir o processo de criação do álbum 'Clube da esquina', de 1972, e a expansão da música mineira na época

Divulgação / Juvenal Pereira


‘Nada será como antes’ é um filme sobre música, mas também é sobre amizade. O projeto nasceu da proximidade entre a diretora e o produtor artístico José Roberto Borges, filho de Márcio Borges, um dos principais membros do movimento.

É, ainda, um convite para conhecer Belo Horizonte. Ao longo das cenas, o público pode conhecer pontos históricos para a gravação do álbum, além de trazer um olhar diferenciado para os trechos tão comuns no dia a dia de quem vive na capital. “Eu me considero mineira de coração. BH é um lugar que me afeta. Então, poder representar uma imagem que passa muito forte pela cidade com esse filme foi uma alegria mesmo. É uma viagem por BH através da música”, salientou a diretora.

Para Rieper, o que mais surpreendeu nessa jornada de conhecer Belo Horizonte de uma nova maneira é como o jeito mineiro tem influência direta na música produzida no estado. “Tem algo no povo mineiro que está muito forte na música, que é um acolhimento do outro, uma abertura para amizade, para ir beber na esquina junto. Uma alegria de compartilhar devaneios. Acho que isso é o que me toca em BH nesse filme”, apontou. 

Tributo a Fernando Brant

A primeira vez que ‘Nada será como antes’ foi exibido coincidiu com o dia em que o compositor Fernando Brant completaria 77 anos. O letrista morreu em junho de 2015, em decorrência de complicações após a segunda cirurgia de transplante de fígado.

O filme homenageia Brant, o brilhantismo de suas letras e a parceria com os amigos do Clube. Na Cantina do Lucas, no Maletta, parte do grupo conta histórias do compositor e faz um brinde em memória a ele. 

Justamente para homenagear o amigo, Ronaldo Bastos foi à premiére do filme, mesmo depois de ter feito um procedimento cirúrgico na boca. “Eu senti falta do Fernando. Ele nasceu em um dia como hoje. Eu estava em casa quando decidi que ia vir por causa dele. É por isso que estou aqui”, disse, sem esconder a emoção.

‘Nada será como antes’

Apesar de ter tido a premiére mundial no Festival do Rio, o filme só deve chegar às salas de cinema de todo país em março de 2024. O lançamento deve contar com um evento especial em Belo Horizonte, mas ainda sem detalhes definidos. 

Antes disso, o longa vai passar por outros festivais pelo país. É o caso da 46ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo, entre os dias 20 de outubro e 2 de novembro.