A cantora Vannick Belchior

Vannick Belchior estudou Direito e até 2021 não pretendia enveredar pela carreira musical

Leco Borges/divulgação
 
 
Às vezes, o destino se encarrega de pregar peças nas pessoas, escolhendo como alvo quem mais se preocupa em planejar a própria vida. Foi assim com Vannick Belchior, filha mais nova do cantor e compositor cearense de quem ela herda o nome. 

Até 2021, quando tinha 24 anos, Vannick estudava Direito e sonhava em ser auditora fiscal do trabalho. Já tinha planejado todos os passos na carreira jurídica, até que um encontro fortuito com o músico Tarcísio Sardinha, um dos principais parceiros de Belchior (1946-2017), fez a vida de Vannick mudar completamente de rumo. Ela, que sequer imaginou seguir os passos do pai na música, acabou deixando o Direito de lado e abraçando a carreira de cantora.

“A música sempre esteve presente em minha vida. Quando pequena, acompanhei os shows do meu pai aqui em Fortaleza. E ele chegou a dizer que eu daria essa continuidade para o trabalho dele”, afirma Vannick. “Mas, na verdade, eu nunca imaginei que seguiria na música. Fiz a faculdade de Direito e me formei. Só comecei a carreira na música quando o Sardinha me encontrou e me colocou para cantar em um evento que ocorre anualmente aqui em Fortaleza, em homenagem ao meu pai. Foi ali a virada de chave”, conta ela.

E foi, como diria o músico cearense, desse jeito de deixar de lado a certeza e arriscar tudo que Vannick deu início a uma incursão pelo Brasil com a turnê “Das coisas que aprendi nos discos”. Na próxima quinta-feira (5/10), ela desembarca em Belo Horizonte para apresentar o show no Sesc Palladium.
 
Bateria do bloco Volta, Belchior! durante o carnaval de BH

Bateria do bloco Volta, Belchior durante o carnaval de BH

Marcos Vieira/EM/D.APress
 

Début em BH

Essa é a segunda vez que Vannick vem à capital mineira no intuito de cantar. Seu début foi em fevereiro deste ano, quando o bloco carnavalesco Volta, Belchior a convidou para interpretar os sucessos do pai, no trio elétrico, durante o desfile.

“Foi muito lindo ver aquele bloco arrastando mais de 150 mil pessoas.Todas elas com bigode em homenagem ao grande Bel - os homens deixaram crescer os deles e as mulheres pintaram o bigode”, lembra, rindo, Vannick. “Foi uma homenagem muito bonita. Ali eu entendi o porquê meu pai tinha um amor tão grande por Minas Gerais e passei a ter esse mesmo amor”, emenda.

Como forma de retribuição, Vannick convidou a banda do Volta, Belchior para acompanhá-la no show desta quinta e ainda chamou a bateria do bloco para fazer uma participação especial. A apresentação contará ainda com um momento voz e violão no qual Vannick será acompanhada por Lu D’Sosa, que, além de ser o diretor musical de “Das coisas que aprendi nos discos”, também foi parceiro musical de Belchior.

O show passa por praticamente toda a trajetória do cantor cearense, transitando pelos sucessos do primeiro álbum, “Mote e glosa” (1976), até canções dos últimos discos de inéditas, como "Baihuno" (1993) e “Vício elegante” (1996). 

Há ainda músicas consideradas lado B de Belchior, como “Carisma” e “Retórica sentimental”, respectivamente dos discos “Coração selvagem” (1977) e “Belchior” (1979)

“O repertório é composto, claro, por músicas que não podem faltar, que, se meu pai estivesse aqui, ele não deixaria de fora, porque são justamente esses clássicos. E também por músicas que me tocam de maneiras diferentes e que me fazem reviver momentos distintos da vida, que, em alguns casos, não são tão conhecidas assim do grande público”, comenta. 
 

Foi muito lindo ver aquele bloco arrastando mais de 150 mil pessoas. Todas elas com bigode em homenagem ao grande Bel -- os homens deixaram crescer os deles e as mulheres pintaram o bigode. Foi uma homenagem muito bonita. Ali eu entendi por que meu pai tinha um amor tão grande por Minas Gerais e passei a ter esse mesmo amor

Vannick Belchior, cantora

 

Perpetuação de caminhos

Entre as canções mais populares, adianta Vannick, “Como nossos pais” é uma das que Belchior não deixaria de fora. Imortalizada na voz de Elis Regina, a música é uma das mais emblemáticas para Vannick, “porque é justamente essa perpetuação de caminhos”, conforme diz a cantora. 

“É claro que essa música engloba muitas coisas para o nosso Brasil, socialmente falando, mas eu encaro como uma continuidade à trajetória artística do meu pai, que é o que eu estou fazendo nesse primeiro momento da minha carreira.”

Para os próximos anos, Vannick pretende continuar cantando os sucessos do pai, mas, aos poucos, migrar para projetos autorais. Além disso, por se considerar uma intérprete, pretende buscar novos compositores que ainda não tiveram a chance de serem gravados.

“Acho que essa também deve ser uma das funções do intérprete: além de gravar músicas já conhecidas, devemos encontrar novos compositores, pessoas que ainda não atravessaram, com sua poesia, nossos corações e almas”, diz.

“DAS COISAS QUE APRENDI NOS DISCOS”

Show de Vannick Belchior. Nesta quinta-feira (5/10), às 21h, no Grande Teatro do Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Ingressos à venda por R$ 100 (plateia 1/inteira), R$ 90 (plateia 2/inteira) e R$ 60 (plateia 3/inteira), na bilheteria do teatro ou pelo site Sympla. Meia-entrada na forma da lei. Mais informações: (31) 3270-8100.