'João e Maria Opereja' abre  a trilogia de adaptações líricas do grupo Cyntilante

'João e Maria - Opereja' abre a trilogia de adaptações do grupo Cyntilante

Guto Muniz/divulgação

João, Maria, Saci e Homem do Saco fizeram parte da infância da maioria dos brasileiros, mas nunca ganharam vida na mesma história. O novo espetáculo da Cyntilante Produções, “João e Maria – Opereja”, promete transportar todos eles para o mundo lúdico e fantástico do sertão, habitado por figuras folclóricas brasileiras.

A sessão única do musical ocorrerá neste domingo (10/9), às 17h, no Palácio das Artes, abrindo o projeto da Cyntilante de apresentar adaptações de óperas com a marca brasileira.

A produtora leva para o palco a adaptação de “Hänsel und Gretel”, do compositor alemão Engelbert Humperdinck. Desta vez, a história dos irmãos perdidos na floresta se passa no sertão.

“Quando decidimos adaptar a ópera para a nossa realidade, chegamos à conclusão de que o sertão seria o lugar perfeito. O contexto não é exclusivo do Nordeste, ele também abrange o Norte de Minas”, afirma o diretor Fernando Bustamante.

Zabumba e renda

Ritmos regionais guiam a história. Instrumentos da música clássica foram substituídos por rabeca, acordeom, violão e zabumba. “Nosso trabalho vai da música, no sentido de utilizar de instrumentos populares, à questão visual, com o artesanato típico, a chita e a renda”, diz Bustamante. Porém, foram preservados elementos da criação de Humperdinck.

“Todas as músicas cantadas por nós vêm da versão original feita na Alemanha, mas transformamos as partituras em xote, xaxado e baião”, diz. Luiz Gonzaga marca presença na “Opereja”. Saci Pererê e cangaceiros moram na floresta em que João e Maria se perdem quando vão colher pequi para o jantar.

Depois, a dupla encontra uma casa feita de doce de leite, tapioca, pamonha, bolo de rolo, cocada e sequilho, bem diferente da alemã, erguida com biscoito de gengibre. Lá, eles se deparam com a bruxa, também à moda brasileira.

“Onde seria a floresta eles têm a caatinga. No lugar da bruxa trazemos o Papa-Figo, e aqui do Sudeste, o Homem do Saco, a lenda da pessoa que oferece doces para raptar criancinhas. O Papa-Figo original, com problemas de fígado, só consegue resolver o problema se alimentando de crianças”, explica o diretor. Há também a Comadre Fulozinha, protetora das matas, que entra no lugar da Fada do Orvalho.

Público é desafio 

“João e Maria – Opereja” praticamente não tem falas. “Nosso maior desafio é conseguir prender o interesse do público e não criar distanciamento da história pelo fato do espetáculo ser todo cantado. Creio que conseguimos fazer isso muito bem, pois é uma história bem imersiva”, afirma Bustamante.

Outro desafio foi lidar com a quantidade de artistas. “Temos a participação da Orquestra Popular, além dos atores e instrumentistas. O Coral Infantojuvenil do Palácio das Artes reúne 37 crianças. Pessoas de todas as idades estão envolvidas no mesmo espetáculo”, diz.

Depois de “João e Maria”, a companhia planeja montar “Guitarra mágica”, adaptação da ópera ‘Flauta mágica’ para o universo do rock. E também levar “Aída” para o universo do samba. “Estamos ansiosos para lançar a trilogia”, conclui Bustamante.

“JOÃO E MARIA – OPEREJA”

Direção: Fernando Bustamante. Adaptação de “Hänsel und Gretel”, de Engelbert Humperdinck. Neste domingo (10/9), às 17h, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada), à venda na plataforma Eventim. Informações: www.cyntilante.com.br

* Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria