Cantora Wanessa Camargo

A cantora Wanessa Camargo diz que depois de fazer uma pausa na carreira, sentiu necessidade de compor

Alexandre Pio/Divulgação
 
“Livre”, novo disco de Wanessa Camargo, é dividido em três atos e definido por ela como autobiográfico. A primeira leva  de composições chegou às plataformas em abril passado. No total, serão nove músicas, todas com clipe, que seguirão sendo lançadas até novembro. 

O primeiro ato, nomeado “interno”, fala sobre o que ela viveu em silêncio. O segundo trata de ação, empoderamento e força. Foi quando ela viajou, se isolou, passou pelo divórcio e sentiu o escrutínio público sobre sua vida pessoal. O terceiro ato corresponde ao momento em que, depois de todo o rebuliço e inquietudes internas, a artista tomou atitudes no sentido de se reencontrar. 

No próximo sábado (2/9), Wanessa desembarca com sua turnê “Livre” em Belo Horizonte. A seguir, ela fala  sobre o lançamento, saúde mental e exposição na internet. 

Como foi o processo de produção do seu novo disco?
Essa criação partiu de uma vontade imensa de contar a minha história. Isso surgiu em mim logo após um turbilhão de coisas que eu estava vivendo. Decidi dar uma pausa breve na carreira e, de repente, começou a surgir uma vontade imensa de escrever e compor músicas. Em julho do ano passado, chamei três amigas queridas, que também são grandes compositoras, para um camping na Chapada dos Veadeiros, onde compusemos cinco músicas. Fiz outras coisas fora dali também, até que vi que tinha um álbum que contava exatamente tudo que eu vinha vivendo durante este último ano, as transformações, as dores, os ciclos novos. 

Por que a escolha da palavra “livre” como título? O que ela significa para você?
A ideia de liberdade norteia todas as músicas, da primeira até a última. É sobre aceitar e entender quem a gente é para ser livre em qualquer relação que tenhamos na vida. A liberdade é uma busca constante em todas as letras. Mesmo que doa, mesmo que seja difícil, nós temos que buscá-la. 

Só no Instagram você soma quase 4 milhões de seguidores. A exposição nas redes sociais ajudou ou atrapalhou o seu processo de redescoberta?
Acho que exponho pouco minha vida, às vezes até penso que deveria postar mais coisas, abrir mais a câmera para falar. Mas acaba que, às vezes, as coisas são expostas sem a nossa anuência, então temos a nossa vida exposta sem a nossa autorização, em alguns casos essa exposição é uma mentira… Isso eu acho bastante complicado. A exposição com aquele vampirismo de julgamento de vamos ver a verdade sobre tal pessoa, o que está acontecendo nas relações dela, a relação com os filhos, o ex-marido, os pais, o namorado atual… Uma parte da mídia tenta tirar isso de você, o que nem sempre é algo que você quer mostrar porque é uma coisa particular. Isso eu acho mais complicado de lidar. Essa parte é uma corda bamba, é um equilibrismo tentar achar sanidade mental onde às vezes não tem. Não dá pra conseguir se manter equilibrada e bem quando se está rodeado de caos e mentiras. Meu último single, “Não devo nada”, é um pouco de resposta a isso de falar: ‘Cara, não tem como você controlar e responder todo mundo e tentar trazer a verdade onde as pessoas não querem ver a verdade. Faz o teu, mantém teu público aqui, conversa com ele e fala a verdade que quem quiser estar na sua verdade vai estar lá’. 
 

'Com essa apresentação o público percebe que existe uma coerência musical no meu trabalho. Sempre teve uma linha pop que conduziu tudo. Algumas pessoas dizem que eu mudei de estilo milhões de vezes, mas, se você for no show, percebe que não é bem assim, minha personalidade e meu estilo musical sempre estiveram presentes em todos os trabalhos que lancei'

Wanessa Camargo, cantora e compositora

 
Recentemente você tem se aberto bastante sobre questões relacionadas à sua saúde mental, como é o caso das crises de pânico que se intensificaram na sua vida durante o período da pandemia. Como essa experiência afetou você?
É um processo muito desafiador, só quem vive sabe e só quem tem entende o que acontece. É um processo muito bonito de aprendizado que força você a ir atrás de uma melhora. É um “chacoalhão”, não tem como continuar no mesmo lugar. Ao mesmo tempo que é doloroso, acredito que é uma bênção. Para achar a solução não existe outro processo, senão o autoconhecimento, resgatar partes suas e buscar entender minuciosamente a razão daquilo estar acontecendo, trabalhar com aquilo, olhar, encarar seus medos. Lidar com isso exige um ato de coragem diário que me forçou a olhar para dentro de mim e ter coragem de pôr as coisas no lugar. Por isso eu falo que a crise de pânico foi o que me despertou 

Durante esse período difícil, quem ou o que serviu como sua rede de apoio?
Minha rede de apoio foi a psicoterapia. Foi um processo muito importante para mim, eu acho que todo mundo deveria fazer também. Sou muito fã da psicologia, de uma terapia bem feita. É um processo longo, demorado, às vezes doloroso, mas que, sem dúvidas, é libertador. É um processo muito solitário e interno, mas a melhor rede de apoio que alguém pode ter num caso desses de saúde mental é ter profissionais que te ajudem.
 
 

Como tem sido a volta aos palcos?
Tem sido muito gostoso. Amo o palco, eu estava há um tempão sem subir nele. É onde eu me encontro, aquele lugar onde você encontra segurança para ser tudo o que pode ser. No palco é como se eu vivesse a minha melhor versão. Tem dois lugares onde eu me vejo assim, no palco e com meus filhos. É onde eu consigo me ver muito forte, muito certa do que eu quero e do que eu devo fazer. Outro ponto positivo é que, com essa apresentação, o público percebe que existe uma coerência musical no meu trabalho. Sempre teve uma linha pop que conduziu tudo. Algumas pessoas dizem que eu mudei de estilo milhões de vezes, mas, se você for no show, percebe que não é bem assim, minha personalidade e meu estilo musical sempre estiveram presentes em todos os trabalhos que lancei. 

O que o público de BH pode esperar do show? 
Vai ser um show com banda, balé e um cenário lindo. O público de BH pode esperar um clima de reencontro, cheio de nostalgia e saudade. Tenho certeza de que as pessoas que forem lá vão lembrar de várias músicas que cantaram durante a adolescência, infância ou outras fases da vida. É um show bonito de assistir, que toda família pode curtir junto e que me emociona muito. 

“WANESSA CAMARGO - LIVRE TOUR” 

No sábado (2/9), no Grande Teatro Minascentro (Av. Augusto de Lima, 785, Centro), às 22h. Ingressos para o setor 1: R$ 280; setor 2: R$ 240; setor 3: R$180; setores 4 e 5: R$150; setor superior: R$120. Preços referentes àa inteira. Meia-entrada na forma da lei. À venda na bilheteria e no site Sympla.

*Estagiária sob supervisão da editora Silvana Arantes